T R O V A S (8)
Nas noites de luar crescente
é bom ouvi-las e vê-las,
minh'alma se faz contente
com a presença das estrelas.
Sejam eles mensageiros
os meus livros, livres...
Que alcem vôos cruzeiros
rumo às eras sem ourives.
Os chilreios na galharia
são puro encantamento,
dir-se-á, são unguento
para o estresse do dia a dia.
Entre versos e reversos
versejo ao bom deus-dará,
e céu e terra e universos
o meu verso versará.
Tenho sempre meus ativos
como filosofia de frade:
sonhos e esperança, vivos,
quem não los ter há-de ?
Águas parcas na estiagem
quase parando, parando,
vão ao léu, buscam passagem
sempre algum rumo tomando.
Vivo como se o último dia
tivesse que ser vivido,
e dou à vida mais sentido
com grânulos de fidalguia.
Cai a tarde, estio fosco,
e o barulho diluindo,
os pássaros vão sumindo
na santa paz do meu "bosco".
Ares... vento... ventoinha
na altura do meu álamo,
ares... brisa... brisinha...
a música do hipotálamo.
Os chumaços de algodão
nesta tarde estival
são nuvens ralas que se vão
lá pra banda oriental.
Uma vida sem tempero
é esta vida de rotinas,
busco sal, faço divinas
as horas longe do entrevero.
As coisas boas da vida
não precisam ser grandiosas,
mas humildes, venturosas,
minha forma preferida.
Luares cheios alvinitentes
cá pras bandas do universo,
busco o adubo do meu verso
rimando raios refulgentes.