EXTRATO I - AMOR NAVALHA
A tua pele ao sol tem cor de mel,
Sorriso igual ao teu não há no mundo,
O teu olhar castanho é oriundo
D’abóbada onde anoitece o céu,
O teu cabelo escorre como um véu
Guardando da ribalta um infante rosto,
Na osfresia o teu cheiro tem gosto,
A tua boca esconde um firmamento
E o teu palavrear, no tempo ao vento,
Navalha o dia que morre deposto.
E como não te amar em demasia
Se o quadro que pintaste no meu peito
Tem o traço mais firme e perfeito,
Emoldurado pela fantasia.
Amar-te eu já queria e não sabia;
Sonhar-te era algo rotineiro
E te encontrar, o ato derradeiro
Que culminou num sentimento lato,
Extrapolando o meu melhor extrato,
Na forma do amor mais altaneiro!