Lamentos da flora
Sou sertanejo da gema,
que do trovão ouve o ronco,
só vejo pouca jurema
para ema gemer no tronco.
Aquela moça, a Jurema,
que o padre assim batizou,
já tem na vida um dilema:
ser a planta que plantou.
A seca avassaladora
mostra a jurema, de fato,
uma planta vencedora,
na competição do mato.
A infame madeireira,
que decepando maltrata,
abre uma enorme clareira
no coração lá da mata.
As plantas do meu sertão,
no inverno, reverdecem
paisagens de sequidão,
que na seca me entristecem.
Olhando pro umarizeiro
pelas folhas gotejando
imagino o verdadeiro
motivo de estar chorando.