SEU VOCABULÁRIO
Peleja em desafio com o músico, poeta e cordelista Allan Sale, pernambucano que reside no Recife-PE
ALLAN
Você fala mal demais
Avacalha o Português
E no verso que se fez
Vejo erros mais gerais
As regras gramaticais
Causa até uma agonia
E tua caligrafia
É um toço temerário
Esse seu vocabulário
Envergonha a poesia
HELENO
Esse seu palavreado
Virando prova na classe
No seu mestre talvez passe
Mas no meu é reprovado
Só sabe dizer coitado
Seu Zé e Dona Maria
Diz coisas que passo um dia
E não acho em dicionário
Esse seu vocabulário
Envergonha a poesia
ALLAN
Você escreve pobrema
Diz que "foifo" é palito
Diz que come óvo frito
Seu português sem sistema
Assassina no poema
Apela pra putaria
No idioma a sodomia
Escreve como um otário
Esse seu vocabulário
Envergonha a poesia
HELENO
Você não canta nem bate
Eu prefiro ouvir primeiro
Zuada de um cachaceiro
Ou dos doidos num Debate
Um cachorro quando late
Uma gata quando mia
A canária quando pia
Pra seduzir o canário
Esse seu vocabulário
Envergonha a poesia
ALLAN
Diz que feme é mulé
Come assim a mortandela
Seu barco rasgou a vela
Escreve quebrando pé
O linguajar da ralé
Pior que hemorragia
A tosca verborragia
Não merece um salário
Esse seu vocabulário
Envergonha a poesia
HELENO
Quer dar uma dos Nonatos
Quer emitar Elizeu
Mas onde você nasceu
Não deu talentosos natos
Melhor você criar patos
Botar ração na bacia
Só volte pra cantoria
Se for num educandário
Esse seu vocabulário
Envergonha a poesia
ALLAN
Quem trata mal idioma
Demonstra pouco saber
Sua carência de ler
Na fuleiram embroma
O português que não doma
A burrice contagia
Eu corro dessa ingresia
Toda dia todo horário
Esse seu vocabulário
Envergonha a poesia
HELENO
Suas frases mal formadas
Envergonhas nossas lavras
Quando fala dez palavras
Cinco ou seis estão erradas
As estrofes são quebradas
É sem ritmo a melodia
Não é cego mas um guia
Pra você é necessário
Esse seu vocabulário
Envergonha a poesia