T R O V A S (2)
Escrever ?! Os loucos do mundo
têm a sua sacra mania...
Faço meu juízo profundo,
outra igual não quereria.
Caminho as caminhadas
no meu ócio bem criativo,
solto as idéias estressadas
e trago versos pro meu ativo.
A cachoeira ali na mata
é puríssima inspiração,
águas cantam uma cantata
pondo o vate em alumbração.
Por onde ando andam versos
sempre me acompanhando,
varamos longes universos,
eu e a Poesia vibrando.
No duro da vida vou indo
bem pouquinho pensando,
trabalho me divertindo,
me divirto trabalhando.
Neste mundo chamado Terra,
um paradoxo ou zombaria,
preparar-se para a guerra
é exercício de cidadania.
Dinheiro tem sido a desgraça,
os reclamos sempre à toa,
mas, pior juízo que se faça,
é mesmo uma desgraça boa.
Tarde calma, meus enleios,
chuvinha, este-aquele pingo,
dos pássaros alguns chilreios,
paz na aldeia, é domingo.
Pena-livre, pena-livro
neste meu eterno penar,
peno tanto, não me livro
do eterno pen(i)-versejar.
Andando sem rumo, busco ares,
nem me pareço um incréu,
e me vou nestes vagares
caçando rimas ao léu.
Pois a mulher é anos-luz
o melhor produto da criação,
persuade, encanta, seduz,
põe o meu ser em vibração.
Batem versos com açoite
na minha embarcação,
versos noturnos, o pernoite
traz os versos-assombração.
Pois ouso passar avante
os meus versos-inventos,
eles, pobres fragmentos
buscando algum ser pensante.
Flor-brancura, bem estival,
vem em pencas e perfumada,
como bênção celestial
eis o lírio da minha estrada.
Inspira-te nos meus versos
se assim tu puderes,
e se mais quiser, quiseres,
busque nos longes universos.