O Ás e sua Dama
Olho as cartas, que descartas,
seduzindo a nós, poetas;
santo daime -que me fartas-
pra ativar o que me injetas...
A mais pura adrenalina
desfazendo o que há de sério;
nos excita e nos fascina
nos mistérios do mistério...
Pro meu gosto, eu gostaria,
que jogasses só pra mim
todo o charme da poesia
tua alma e tudo enfim...
Mas, és livre como o vento,
nada pode te brecar;
eu, porém, sou cata-vento
vou seguir o teu soprar...
Não te percas do meu ser
quando fores derramar
os teus cheiros, só pra ver,
a matilha se esbaldar...
Tu carregas o teu ouro
que vais dando -generosa-
para os lobos: O teu couro,
para mim: A tua prosa...
Tu me levas na garupa
quando viras tempestade.
Me descascas e me chupas
faz de mim cara-metade...
O baralho já me disse:
Que algum dia tu serás
minha volta à meninice,
minha Dama e eu...Teu Ás!