T ROVAS DA PRIMAVERA
Ventos da noite, ventinhos
com ares de primavera,
vou esperando essa quimera
tecendo alguns versinhos.
São doçuras os cantares
das cantoras andorinhas,
a flutuar pelos ares
as ligeiras avezinhas.
Outra vez é primavera,
vêm chegando os brotinhos...
É a magia da nova era,
despontam os pequenininhos.
Mais cantam e mais encantam
os grilos boca-noitinha,
a orquestra 'tá afinadinha,
dó-ré-mi-fá(s) acalantam.
Giramundos, vão em jorros
os ventinhos caminhantes,
há ventos uivando nos morros,
há praias dos ventos uivantes.
Amanheceu azulado
o meu setembro querido,
viverei dias de alumbrado
até que ele tenha partido.
Parece bem povoado
o porongo da corruirinha,
tem gente pequenininha
num ti-ti-ti alvoroçado.
Nos parques entre a hera
verdadeiros querubins,
e as floradas nos jardins,
oh minha doce primavera.
Ventos ventinhos ventura
parecendo uma quimera,
indícios de primavera
nesta tarde gostosura.
Flutuando pelos ares
navegam as avezinhas,
ao sabor dos seus cantares,
ando... andori... andorinhas.
De algum canto sou apenas
tão-somente um diletante,
meu verso carrega as penas
e os pensares de um pensante.
Esses ares já tão quentes
anunciam uma nova era,
perfumes envolventes,
respiramos a primavera.
Algo mais sensacional
do que o brotinho se abrindo,
uma vidinha então vindo,
oh natureza magistral.
Aqueles lances impudicos
voltaram na galharia,
é o namoro dos tico-ticos
na maior algaravia.
Meus versos pra primavera
parecem ser sempre iguais,
é que ninguém nunca jamais
consegue louvar essa quimera.
É a magia da nova era.