t ro v a s
A vida anda tão restrita,
tão restrita anda a vida
e eu ainda busco guarida
nesta senhora mal-dita.
Escreveu o romancista,
"o homem, poliedro imenso",
milhares de faces a vista
que não chegam ao consenso.
Fazemos versos "a revirias"
eu e o escriba bissexto,
versejando todos os dias
até praticamos incesto.
Ando à procura no mundo
do veio dos ventos uivantes,
aqueles mesmo, ventantes,
os tais ventos giramundo.
Estou com os livros - meu mundo,
embrenhado na biblioteca,
onde o silêncio é profundo
e o grito é baixinho - heureca !
Mesmo atrelado aos tais
ditames da pura Razão
não renunciarei jamais
às doçuras do coração.
Caneta, a pecinha realeza
que pereniza meus versos,
captando comigo a sutileza
na lonjura dos universos.
Tenho tido gostado de ser
assim como tenho sido,
um ser que se passa esquecido
desde a manhã ao anoitecer.
Haverá melhor gostosura
nestes tempos setembrinos
do que os ares assobiolinos
que deixaram a clausura ?
A nuvenzinha no céu
parece não ter intentos
vai graciosa pra dedéu
invadindo os pensamentos.