Sobre a mesa
Todos livros, muitos livros:
Todos abertos, sempre espalhados,
Em cada canto um poema
Em cada verso um dilema.
Se a vida escreve mantos
Porque se servir de tantos
E ficar assim em prantos
Por tão poucos santos?
Da palavra à clave forte
Do encosto a própria sorte
Do sentimento a todo corte
Não me encontro a beira morte.
Sou teu sangue em tuas letras
O verso que pinga quente
A rima que escoa longe
A escrita do sétimo dia.
Esvaído em terras férteis
Acorrentado na cama estéril
Enjaulado em ditos cujos
Serei ditongo quarto crescente.