Trovas Taciturnas
I
No céu, a orquestra sinfônica
Do grão-mestre anjo e regente
Coesa melodia eufônica
Delicada e docemente.
II
D’üa delicada alvura
Celestial majestade
D’üa grand’ épica ternura
As vozes da eternidade.
III
Se na arte houvesse defeito
Como o espinho à inspiração,
A arte ilude o vosso efeito
Em oásis da perfeição.
IV
Lástimas d’alma deveras!
Sem males nem arrogância...
Lágrimas sempre sinceras!
Sem nem perder a elegância...
V
Jamais quente igual ao estio...
Como a alma de meu Inferno.
Sempre então reina o frio...
O espírito em meu Inverno.
VI
Sois sóbrio e sombrio
E sempre socturno...
Nas trevas do frio
Espectro Nocturno...
VII
Olhos os quais olho-os vis
São-me vãos e os não anseio...
Espelho-me espelho e fiz
Solitude em meu silêncio...
VIII
Escreveis os verbos tristes,
Cujos versos do profeta;
O arcano, o qual nunca o vistes,
São do profano poeta.
(Angellus Lendarious)