A Palha, o Açúcar e o Rústico

 

 

 

Tudo como se fosse novo:
a palha, o rústico, a forma.

Tudo como se fosse de uma vez
só:
o breu, o cáustico, a solda.

 

Lampeja: você se envolve e
quando acorda
não percebe
a perca de seu voo.

 

Você planeja sua vida em
ritmo de aluguel.
rende mais sal do que
o pleno açúcar.

 

Depois, não vá rastejar:
o chão é bruto,
não tem ângulo,
você é a forma
sem conteúdo!

 

Dá de lá, pega daqui.
Tudo numa rifa infernal,
onde as coisas do coração
ficam especiais:
lentas e sombreras.

 

Se você quer ser você,
já não pode, porque o
vazio já tomou
seu lugar.

 

E se você é o anfitrião da dor,
menos mal.


A fruta não sola a terra,
o sol não vinga sua força,
a sombra reina soberana:
em sua última peça.

Tratava do sol e do nó,
arguto sistema de nós dois.

Quando você partiu
simplesmente nos deixou, sós.

 

Mas se a vida vale alguma coisa,
não vale sem você.

 

Fica tudo vazio,
sem bordas,
chameado de
falsa sinceridade:
é troco enganado,
é voz engasgada,
é muro de pedra.

 

Assim, pra te alcançar outra
vez,
só mesmo da outra vez.

 

Quando o mundo cansar
de dar voltas,
e parar de repente.

 

Ai será a volta
do reino canelado
na minha vida
já tão amargurada!


Você dança açucarada
à luz de estrelas.

A mim me basta, 
virei sal e açúcar
e caminhei insólito
para o nada.

(Poesia Dedicada à Ticiana )
















Solidão Vem de Vez

 

Não espere além de mim:
nada além do parecido,
nada além do pecado,
lá tem...
tem escadas, sopés e sombras.

 

Não espere nada além de
meus segredos:
tem cristais
e vinhos envelhecidos !

 

Só sei ir uma vez
voltar já não sei.

 

De mãos-rotas, talvez,
descubra em sua tez,
as estrelas sumidas,
ao sol argo, mas sem
sombras.

 

Se vou, vou de vez.

Se fico, me perco
no portal das saias,
agruras e vermelhas,
cinzas com tonéis,
de fitas pra lembrar e deixar chorar !

E ela, sobrera, é hoje meu portal da mera amargura !

 

(Poesia dedicada à Ticiana )










Dentro em pouco tempo, nossos jogadores serão conhecidos apenas pelas tatuagem. e pelo corte de cabelo.





 

 

 

 

 

 


 

 

 

 


 

 

 

 


 

 

 

 

 


 

 

Vida de Pássaro

 

Valor meu que
se dispersa
num revoar de aves.

Calor meu que se esvai
num debater
ameno do frescor vento.

Saudade minha que
se apara no vazio
onde meu nome é
ninguém
e o seu é pérola
de guardar.

Reza de poucos,
bendito por menos,
do que alguns,
ando por corredores
sem endereço,
num postal cardido
de lembranças de chamas
sem fogo,mas que
leva sua vida!

 

Igual pássaro

deslumbrado

com todo azul do céu

no azul de seus olhos.

 


 

 

 

 

 


 

Poema Azul

 

Impiedosa canção

que brota mares,

que avança à terra

e reduz nosso perdão !

 

Poema azul que o mar

refoga e dizima esperanças

de um dia ter você de volta.

 

De época nenhuma, -

grasna o pássaro -

rodela  num segundo de ranço

para ver seu rosto -

que tempo  esqueceu !

 

No toldo sem fundo, apenas resta

viver e chorar por meras lembranças.

 


 

 


 

 

 


 

 

 


Um dia

 

 

um dia,

dia sim, dia não,

chamei meu pai de

forte

e minha mãe de flor de lis.

 

um dia chamei meu mestre de dono

e meu oeste de decepção,

meu norte de esperança,

já que lá no sul

debruava

choros de mulheres

vestidas de camaleão.

 

um dia chamei

meu amor de vida

e minha morte de vazio,

chamei o rei de basco

e a rainha de tigresa,

que distribuia

bondades e maldades.

 

e pela vida fui chamando

até, que de algum lugar,

onde se fala amando,

me mandaram me chamar,

eu fui porque todo

mundo

tem sua hora

de mandar.

 

então, minha amante

chamou o féretro,

pomposo e florido,

mas com o omissivo de dor,

enquanto, minha amada,

chorava feito

rosas sem dono.

 

e tudo se ruiu,

e feito Roma,

não sobrou nada,

nem os que do poder,

fluiam.


 

 

 


 


 

 


 


 


 

 

 


 


 

Na colheita, todos vão  provar a adocidada.
Depois, você será esquecida,
mas eu espero os restolhos,
pois o mel que outros desprezam
fazem minha vida o sumo
de nosso amor.

 

 


 

Amapoulas e rosas
nunca brigam,
e o cravo perguntou o porquê.
E amapoula respondeu: qualquer seja a briga , atrito,ou outra
desavença, nós duas ficaremos feridas e, certamente, perderemos parte de nossa beleza - pois é a razão da vida e espírito de ser das flores
!


 

 


 

Hoje, é dia de esperar
hoje é dia de sofrer.
Mas quem açoita muito,
é dono da carne, da dor, do desprezo, dono do poder,

é rei dos trapos,

é  rei do nada,

mas também sofre
por não conseguir ser dono de nosso espírito.

 


 


O amor mata

o ciúme mata,

o ódio mata

o herói  mata

as flores morrem,

o agressivo morre,

mas a pistola 

é o melhor caminho

 disso tudo,

tanto para morrer,

quanto para matar !

E nisso tudo entra o elo mais perfeito e elementar:

a Solidão do Ser !

 


 

 

Moro orgulhoso,
numa casa que é  a minha
bela  casa !
Mas de que adianta morar numa
casa dourada,
onde meu corpo está lá
mas meu espírito   fugiu
pros sozinhos ? 
De que vale o ouro, se sou de argamassa
e cimento ?

 


 


 

 

 


 

 

Jardim de Ouro

 

Ele tem paredes,
luzes brilhante,
tem o caos
e o poder,
ele  tem portas
e janelas.
Mas veste preto
com a foice nas mãos,
ela amedronta,
e faz nosso desespero ser a metade
do meio mundo.

 


 

 

O dia que começa com ódio
termina com mil vozes.
O dia que começa com desordem
termina com falsa glória iluminada
por tochas do além, e que desprezam até o amém !

 


 


 


 


 

 


Não espere além de mim:
nada além do parecido,
lá tem...mas não é igual,
tem escadas,sopés e sombras.

Não espere nada além de
meus segredos:
tem cristais
e vinhos envelhecidos !

Só sei ir uma vez
voltar já não sei;
da mãos-dadas,talvez,
descubra em sua tez
as estrelas sumidas,
ao sol argo, mas sem
sombras.

Se vou, vou de vez.
Se fico, me perco
no portal das saias
- agruras e vermelhas,
cinzas com tonéis
de fitas pra lembrar -
e deixar de vez, esquecer !
A vida tem lá suas coisas
de pra sempre fenecer !

Se é assim, é assim...

 

 


 


 

 

Os reis de hoje, maldosos e orgulhosos, deixam um rastro de destruição no campo de flores.



 

As dunas de Afrodite

 

Cosmopolita eu sou!

Já fui dono de quatro mulheres

todas elas sedentas de

amor,  carinho e jóias.

 

Dono delas, pensava,

mas eram donas de mim;

assim enquanto eu pensava ter

um montão de carinho, tinha sim,

um dobrão de dívidas pesqueira que

logo se transformaram em fortuna

subversiva.

 

Quando de todo pobre fiquei,

Me perdi nas dunas!

As mulheres e as lantejoulas!

 

E hoje faço roçado de fazenda

pra ganhar a vida e o pão.

 

Mas cosmopolita já fui!

 

Dono de quatro mulheres

Tudo, muito duvidoso,

muito duvidoso.

 

Mas o que hoje o

que faço mais

é vender palitos

e remexer colheres!

 



 


Tempo no Faz de Conta

 

 

O tempo comeu!

O tempo fez de conta

que não viu,

deixou passar,

ficou assim,

eu com suspeitas de

saudade,

você  lânguida

você sempre

me fugindo,

e eu, sem eiras

e beiras

recrutei o acolá.

 

Sozinho fiquei

no fim da estrada

onde começava outra

e terminava sem fim.

 

Pois,

a criança levou,

a fada crismou,

o pai chorou,

a mãe, ensandecida,

se partiu.

 

Enquanto você sonha,

pensa que

você fez parte de

alguma coisa.

 

Depois, tudo passa,

entra a realidade.

 

E nesse fim sem fim,

fico a meditar

como um santo

meio suspeito,

e penso medroso:

mas até lá,

ou até aqui,

a paisagem levaram ?

E me deixaram

sem tudo ?

 


 

 

 

Sem Rumo

 

O rumo é atrevido

e parado,

a paz é suspeita,

a dor agrura,

de todos os lados.

 

Meias-paredes,

fazem aparentes cortinas,

zanzanadas pelo tempo.

 

Longo tempo de balbuciar

ao vento!

 

Eu,agora cá,

amorfo entre os lencóis

sancristos,

penso o que é a

vida

senão açoite !

 

Os milagres

estão

em descréticos.

 

Pelas longas

horas de saber

a vida me ensinou,

lenta e vagorosa

que os homens

não são

iguais

mas extremamente

desiguais.

 

surgem entre

o desejo

de ser rei

e temem

pelo medo

de não

serem reis.

 

Ah! mil léguas de  dor!

traídas pelo tempo!

 

Cujo, tem nome:

é medo.

 

O corretor

de guerras

teme os

alheios,

e os visigodos

pois podem perder

a marmita de

ouro

que lhe são entregues

todo o tempo.

 

Perco a hora

mas não perco

pela honra !

E zera o tempo,

e faz costume

de areias perdidas !


 

(Poesias dedicada à Ticiana )

José Kappel
Enviado por José Kappel em 28/12/2022
Reeditado em 16/11/2023
Código do texto: T7681223
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