DESIGUALDADE DE RENDA NO BRASIL

Sinopse
Na sociedade moderna, um dos temas mais utilizados para refletir sobre a relação entre indivíduo e sociedade é o da identidade social. Produto direto da interação entre o individuo e a coletividade, a identidade social é o modo pelo qual os indivíduos se percebem no mundo e definem sua maneira de interferir nele. Se decodificamos o mundo mediante a cultura, é pela identidade social que o classificamos, nos damos conta de sua diversidade e nos posicionamos nas questões do dia a dia. As mudanças ocorridas no mundo nas ultimas décadas do século XX modificaram aposição de relativa estabilidade no modo como essa identidade era construída, assim como intensificaram o debate acerca do tema nas Ciências Sociais, especialmente na Sociologia. O processo de construção da identidade social espelha a maneira como se efetiva a relação entre o indivíduo e a coletividade em determinada estrutura social. Para o sociólogo francês Robert Castel, a extensão do assalariamento no século XX possibilitou a construção de uma identidade social de trabalhador assalariado. Nesse contexto, a mediação entre o indivíduo e a sociedade se dá na esfera do trabalho. É pela inserção profissional que ele se constrói como sujeito e estabelece sua relação com a coletividade. A partir das últimas décadas do século XX, a estrutura social das sociedades capitalistas vem sendo moldada para absorver um novo modelo de indivíduo, que se realiza como cidadão por meio do consumo. Nesse sentido, há um duplo movimento: redução da representatividade e dos direitos sociais e políticos dos indivíduos, que fica evidente principalmente na esfera do trabalho, e a extensão dos direitos ligados ao consumo, com a ampliação da proteção do indivíduo como consumidor. Essa duplicidade é criticada por Richard Sennett, que aponta um problema: a particularização cada vez maior da experiência social resulta em indivíduos fragmentados e, por vezes, desconectados da coletividade. A lógica de consumo produzida pela ação combinada das empresas e da indústria cultural cria nos indivíduos uma subjetividade que redunda apenas em consumismo desenfreado. Nesse contexto, uma cultura superficial e geral, globalizada, passa a ser a referência social. O sociólogo jamaicano Stuart Hall estabelece uma ponderação em relação a essa crítica na medida em que as identidades construídas na modernidade muitas vezes sobrepunham a estrutura aos indivíduos. Hoje em dia, com o processo de transformações em curso, as identidades sociais ganham novos contornos, valorizando as especificidades dos grupos locais, o que fortalece a perspectiva do indivíduo. Nessa nova configuração, Nestor Canclini, antropólogo mexicano, observa a existência de um indivíduo que, na esfera do consumo, é visto como portador de singularidades que devem ser satisfeitas pela estrutura social. Assim, o consumo é analisado positivamente como a principal marca de pertencimento à sociedade do século XXI e constitui elemento gerador das identidades sociais. O indivíduo consumidor pode estabelecer laços sociais com outros consumidores e criar diferentes modos de intervenção na estrutura social. Em outra perspectiva, o sociólogo polonês Zygmunt Bauman critica as novas configurações sociais que determinam os modos de construção da identidade social. O modo fragmentado e volátil como as identidades vêm se desenvolvendo não pode ser visto de forma positiva, pois as condições sólidas de reprodução da vida individual estão sendo substituídas por relações sociais e econômicas que não permitem identidades coletivas perenes, levando os indivíduos à busca de uma referência que nunca poderá ser dada pelo consumo. De uma maneira ou de outra, é evidente a importância da identidade social na definição do papel que o indivíduo exerceu, exerce ou ainda exercerá na sociedade. Texto de aula ministrada no Centro de Ensino Padre Anchieta Sociologia em Movimento Ribamar Teles
Autor:
ALMA GRANDE
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08/02/2020
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