Conflitos sócio-ambientais na APA de Maricá: um foco na Fazenda São Bento da Lagoa

Notícias recentes sobre as transformações econômicas no Estado do Rio de Janeiro apontam para o ingresso de investimentos imobiliários de diferentes grupos estrangeiros. Vários destes estão adquirindo extensões de terra com vegetações remanescentes, reservas e áreas de proteção ambiental para construção de empreendimentos turísticos. Na região dos Lagos, processos de licenciamento estão em andamento nas localidades de Búzios, na praia de Tucuns, de Cabo Frio, na Reserva do Peró e APA (Área de Proteção Ambiental) do Pau Brasil . Em Maricá foi onde se realizou a mais recente aquisição: 8 mil metros quadrados de uma área que constitui um dos “últimos remanescentes contínuos de restinga do litoral do Estado (...) de grande valor em biodiversidade” (INDICAÇÃO LEGISLATIVA Nº 804/2006 ). Trata-se de uma grande parte da Área de Proteção Ambiental de Maricá, adquirida por um conglomerado luso-espanhol com vistas à alocação de 3 “mega-empreendimentos”: a edificação de um resort, a construção de condomínios e de uma grande marina (“com capacidade para 1000 barcos” ). Para sua realização, estão previstas a dragagem do sistema lagunar Maricá-Guarapina e a abertura de um canal permanente em Barra de Maricá. Se efetivados estes empreendimentos influirão não somente sobre a nova consolidação do município no seu papel na região turística da Costa do Sol” , mas implicarão em novas (e talvez drásticas) alterações para o sistema lagunar, e influenciarão no futuro da população local.