O SUICÍDIO DOS MERCADOS
*Nadir Silveira Dias
Todo e qualquer mercado ao menos minimamente durável tem o seu mercado secundário. Descuidar dele, desprezá-lo ou diminuir a sua capacidade corresponde ao suicídio do mercado principal.
E começo pelo mercado da tributação que faz o governo da vez sempre cada vez mais ávido. E se retira renda da população o produto do mercado de arrecadação vai diminuir a quantia arrecadada e inviabilizar a realização do bem comum do povo a que se obrigou o governo da vez.
O mercado de automóveis tem igual conotação, pois se diminui o preço dos automóveis usados também diminui o acesso à compra de automóveis novos, o que também vai diminuir a arrecadação.
No entanto, o pior dos absurdos cometidos no País afora as ações de gestão dos governos da vez é o mercado imobiliário. O que ocorre nesse mercado é realmente o suicídio pleno e explico por que.
O seu mercado secundário é desprezado, vilipendiado, desconsiderado há décadas. E isso faz com que o preço dos imóveis usados sempre estejam abaixo do preço e sejam absorvíveis apenas por menos do que valem realmente. E tal situação é uma realidade em todo o Brasil. Não é a situação deste ou daquele estado-membro, desta ou daquela cidade. E conquanto possam variar minimamente de cidade para cidade são várias as causas nesse segmento, mas este é o resultado irretorquível que se pode constatar.
E é ainda pior o que se segue, pois os imóveis novos são oferecidos à venda e vendidos por um preço de cerca de duas a três vezes o valor do mesmo imóvel usado e pronto para uso. Isso enquanto que os novos, de regra, são oferecidos para ficar pronto em dois ou três anos.
E ainda mais quando os custos de financiamento correm por conta do futuro proprietário que, a rigor, sequer tem garantia de que receberá o imóvel comprado na planta, como tantas e tantas vezes já aconteceu. E isso por motivos bem conhecidos, que pode ser por má gestão do empreendimento, pela elevação desmesurada dos custos para quem comprou e a não menos provável perda de renda ou do emprego de quem comprou.
E quando o empreendedor nada perde e, por conseguinte, ainda ganha com isso, alimentando o círculo perverso daquele que sempre ganha e do mesmo que sempre perde. E isso não é ilação. É constatação confirmada por profissional registrado nesse mercado com mais de meio século de atuação.
Não duvide, na opinião desse profissional, o mercado imobiliário do Brasil comete suicídio continuado e uma hora há de parar por falta de adquirentes iludidos com as ofertas bem embaladas.
24.11.2024 20h02
* Jurista, Escritor e Jornalista