O NECESSÁRIO RESGATE DO POLÍMATA PONTES DE MIRANDA

Alagoano nascido com pouco mais de 06 (seis) meses em 1892, Francisco Cavalcanti PONTES DE MIRANDA desde tenra idade demonstrou facilidade para leitura, inclusive em outros idiomas. Durante a infância, recebeu a influência do pai e do avô paterno, ambos matemáticos. Aos 16 anos ganhou uma passagem para estudar em Oxford, Inglaterra matemática e física, mas seguiu o conselho de sua tia Francisca para, ao invés de fazê-lo, seguir carreira no Direito. Em 1907 entra para a Faculdade de Direito do Recife.

Desenvolveu estudos em mais áreas do conhecimento, a saber: Relações internacionais, literatura, sociologia, psicologia, filosofia, ciência política e outras mais.

Escreveu o seu primeiro livro “À margem do direito” em 1912, obra essa elogiada por ninguém menos do que Ruy Barbosa.

Suas obras mais conhecidas são no campo do Direito, “Tratado de Direito Privado”, de 60 (sessenta) volumes e “Tratado das Ações, de 07 (sete) volumes. Mas há muito a ser explorado – verdadeiramente redescoberto - no Universo criado pelo autor.

Um fato pouco conhecido e menos ainda citado é o de PONTES DE MIRANDA auxiliou o físico Albert Einstein no aperfeiçoamento da Teoria da Relatividade proposta por este. Os dois se conheceram pessoalmente em 1925, quando o físico alemão esteve no Brasil (Einstein o chamava de “Brasilien sonniger Himmel”, isso é, “radiante céu do Brasil”).

Ávido defensor das democracias, recusou o convite para ser ministro do presidente Getúlio Vargas em plena ditadura do Estado Novo. Da mesma forma, recusou ser embaixador do Brasil na Alemanha nos tempos do nazismo.

Eleito para a Academia Brasileira de Letras em 1979 (Em que pese já agraciado por essa instituição em 1921 por “A Sabedoria dos Instintos” e em 1925 por “Introdução à Sociologia Geral”).

O fato é que, mesmo não reconhecido dessa forma, PONTES DE MIRANDA deve ser considerado um polímata. Pela definição do termo, “indivíduo que estuda ou que conhece muitas ciências”, não pairam dúvidas sobre essa nomeação. O grande representante dessa categoria é o italiano Leonardo da Vinci, o qual dispensa apresentações. Pois o Brasil produziu material de mesma abrangência e profundidade (importante destacar).

O presente texto vem para, sobretudo, propor o resgate da obra de PONTES DE MIRANDA, em especial aquelas de cunho não eminentemente jurídico (a afirmação vem posto que para o autor, todos os ramos do conhecimento partiam de uma base científica em comum).

A abordagem dos vários ramos do conhecimento feita por ele é autêntica. Independentemente se foi ou não superada, é valioso conjunto de elementos que se presta a, se não concordado, ao menos conhecido. Os debates e as construções que foram feitas e mais, as que poderão ser feitas fazem com que toda a obra de PONTES DE MIRANDA esteja à mão, o que hoje, fatalmente, não se vê. Os poucos livros, os quais de edições antigas, revelam-se peças raras, verdadeiros itens de coleção. Pois se o são, que também o sejam, mas que não se olvide do mister da existência de um livro, que é o de propagar o conhecimento. Reitera-se, pois, com o presente, a busca por entusiastas e especialmente editoras que constatem a necessidade do resgate da obra do polímata. O legado deixado por ele é indelével nos conceitos, nas abordagens, mas infelizmente com o passar das décadas foi se esquecendo no tempo. Não se pode permitir que esse lamentável fato permaneça. Insurjamo-nos!

Ednardo C Benevides
Enviado por Ednardo C Benevides em 30/03/2023
Código do texto: T7752568
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