Síntese pessoal: Pensar com conceitos
No livro “Pensar com Conceitos”, John Wilson apresenta a importância da conceituação em diversos contextos, seja em nível acadêmico, comunicacional ou cotidiano. Nesse sentido, uma análise conceitual respeita a especialização de determinado conhecimento e aplica técnicas próprias, contribuindo para uma maior exatidão no pensamento.
Em meu entendimento sobre o texto, as técnicas dizem respeito às habilidades pontuais que possam ter alguma utilidade, mas que se expressam em um nível geral e prático, muitas vezes confundidas com talentos. Do mesmo modo, a ideia de conceito pode em alguns casos, ser análoga à ideia de significado. Essa análise permite observar que conceituar passa pelo crivo de critérios, bem como de inclusões e classificações. É importante estabelecer uma diferenciação entre conceito e fato, posto que o último somente diz respeito àquilo que aconteceu na concretude, não sendo suficiente para explicar analiticamente determinado fenômeno. Da mesma forma, conceituar se distingue dos juízos de valor, que estão vinculados a crenças pessoais.
Em sua reflexão, o autor alude à linguagem como meio para sustentar que as palavras por si próprias não detêm um significado, mas que é a partir dos usos possíveis e efetivos delas que se pode estabelecer uma significação, demonstrando que não há uma exatidão conceitual, e sim uma adaptação conforme seus contextos de utilização. Certas palavras pertencem a uma categoria abstrata cuja definição se revela uma tarefa árdua, como a ideia de Deus e tempo, cujo campo semântico é bastante vasto. Além disso, concordo com a afirmação do autor de que conceituar é independente de nossa consciência sobre o exercício de criar noções teóricas.
John Wilson identifica as dificuldades nos métodos de análise, sendo a dificuldade de temperamento uma delas. Isto é, um obstáculo psicológico à aplicação da técnica, que pode ocorrer quando é dado maior valor à organização em detrimento do conteúdo, a falsa ilusão de facilidade sobre as perguntas que envolvem conceitos, a falta de disposição para o debate de ideias e a influência da superficialidade. Conceituar está ligado à comunicação, visto que pode facilitar a expressão de ideias e o entendimento do outro, ao passo em que também pode proporcionar um dúbio entendimento a partir de conceitos divergentes atribuídos ao mesmo objeto.
A partir da leitura, aprendi que uma boa análise é munida de técnicas, como identificar as perguntas sobre conceitos e a compreensão de que os significados não são inerentemente fixos, podendo abranger outros conceitos em determinadas circunstâncias. Contudo, nem sempre o ato de conceituar exige uma contextualização ampla, por vezes se trata apenas de um conceito específico de determinada área do saber. Outrossim, o autor descreve sobre os vínculos que o conceito estabelece com a linguagem, cujas falhas recaem na atividade de conceituação. Em um ponto do livro, o autor faz uma diferenciação entre conceitos e significados, e passa até mesmo a questionar o que a palavra “técnica” significa, propondo uma análise sobre os pré-conceitos que inconscientemente o ser humano afixa sem maiores discussões.
Para exemplificar sua densa explanação, John Wilson elabora uma crítica a conceitos já estabelecidos, um caso que atraiu meu interesse foi a análise da obra “A República”, de Platão, cuja leitura do diálogo de Sócrates ao indagar seu interlocutor sobre o que exatamente ele buscava dizer, me remeteu ao método da maiêutica, que consiste em chegar à verdade de forma autônoma, por meio de perguntas. Mais adiante, o autor lista de forma detalhada o procedimento sobre os métodos adequados para a resposta de perguntas que envolvem conceitos.
Em meio a uma série de disposições sobre os conceitos e suas aplicações, a figura do filósofo desponta como imprescindível para uma avaliação e explicação mais minuciosa da realidade a partir das definições humanas, que exigem reflexões. O filósofo é descrito tanto de um ponto de vista racional e distanciado da sociedade quanto por um pensador dos estilos de vida. Para mim, um filósofo completo se constitui de uma fusão entre ambos, e carrega habilidades das duas características de pensamento, o que lhe confere um maior arcabouço de pensamentos visando à verdade. Estendendo suas ideias para o campo linguístico, a filosofia da comunicação identifica que os conceitos são indissociáveis à linguagem, sendo essa inerentemente humana, e que, portanto, conceituar é natural dos indivíduos racionais. Dessa forma, a filosofia busca tornar os sujeitos conscientes daquilo que pensam, produzem ou são levados a acreditar, estimulando novos questionamentos à luz do método.
Depreende-se a partir do estudo de John Wilson uma preocupação com a formulação de conceitos, suas conexões com a realidade e seus significantes. A obra agregou em meu entendimento sobre a necessidade de organizar o pensamento por meio de exemplos e da descrição de técnicas analíticas. Além disso, a bagagem cultural trazida pelo autor contribuiu para que eu compreendesse determinados saberes já consolidados a partir de uma ótica mais crítica e científica.
Disciplina: Metodologia da Pesquisa em Direito