Não sou absolutamente nada.
Caro amigo eu não tenho ideologia, o melhor é não ser nada, porque de fato não sou nada, o meu único sonho não ser nada.
Então eu sou o que não sou, de fato não sou, magnifica tal proposição, não ser nada é o melhor caminho para poder ser o que não pode ser.
Nunca serei nada, não posso ser, serei apenas o passamento, o meu desparecimento, isso basta.
O não ser é a minha exuberância, negar a minha complacência, ninguém olha para mim, quando olha, pensa que sou um zé qualquer, de fato sou, este é o meu mundo proposto.
Não posso querer ser alguma coisa, pois não existe a referida possibilidade, tenho em minha pessoa todas as cognições negadas, sou o propósito do meu ser.
Com efeito, sou o mistério das coisas imprevistas, o futuro da vida negada, ninguém saberá se um dia nasci.
O meu destino carregar dentro de mim, as ilusões do passado, o presente não efetivado, o futuro despropositado.
Deste modo, sou o que nunca foi, sem corpo, sem alma, perdi a substancialidade, neste momento, sou a minha inexistência.
Hoje estou vencido, como no passado sempre fui o que não sou, não sei se tenho lucidez, buscar em mim mesmo as respostas, é perder nos equívocos dos meus sonhos.
A minha partida, eterna despedida, não sei tocar gado, nunca foi gado, muito menos guitarrista.
Não sei o que é a lucidez, apenas uma etimologização, sei sacudir os meus olhos, gritar a poeira da minha garganta e ranger os dentes.
A respeito da verdade, não sei o que é, muito menos a mentira, vivo sempre perplexo, amo o sussurro das águas dos riachos.
Gosto apenas de ser o que não sou, não sei o que estou fazendo aqui, detesto a minha própria hermenêutica.
O que devo dizer sou divisão das coisas irreais, por dentro e por fora,
buscando propósitos sem significações.
Não tenho certezas dentro de mim, sinto o vazio render as ondulações perdidas, a solidão do destino esquecido, este sou eu, pronto, as determinações epistemológicas.
Edjar Dias de Vasconcelos
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