Ab initio há de se destacar que o conhecimento possui presença garantida em qualquer projeção que se realize do futuro. Por essa razão, há consenso de que o desenvolvimento de um país está diretamente condicionado à qualidade de sua educação. Nesse contexto, as perspectivas para a educação ainda são otimistas.
Os questionamentos que nos fazemos são: qual é a educação ideal? Qual a escola que é mais eficiente e adequada para o mundo contemporâneo? Esses novos tempos tão marcados pela globalização e pela era da informação? Qual é o melhor processo capaz de credenciar uma aprendizagem para o futuro?
Nas derradeiras décadas do século XX, assistiu-se às grandes mudanças tanto no campo socioeconômico e político quanto no âmbito cultural, da ciência e da tecnologia.
Decorreram-se expressivos movimentos sociais tais como aqueles do Leste europeu, no final dos anos oitenta e, que culminaram com a queda do Muro de Berlim, o que traduziu o fim definitivo de derradeiro ciclo da Segunda Grande Guerra Mundial.
Ainda não se tem a exata noção do que deverá representar para todos nós, a globalização[1] capitalista da economia das comunicações e da cultura.
Através das transformações tecnológicas tornou-se possível o surgimento da era da informação. A sociedade antes do conhecimento passou a ser a sociedade da informação. São tempos líquidos repletos de expectativas de perplexidades e da crise das concepções e paradigmas sólidos, não apenas porque se iniciou um novo milênio, mas porque há maiores exigências e uma nova dinâmica.
Enfim, é uma época de balanço reflexão e de paradoxos pungentes, onde o imaginário ou virtual parece ter um significado maior, do que do real e palpável. O novo milênio é um novo tempo as atuais perspectivas da teoria e da prática da educação, apoiando-se naqueles educadores e filósofos que em meio ao mar de perplexidades, ainda apontam um caminho para o futuro.
Nem a perplexidade e nem a crise de paradigmas podem servir de justificativa para o imobilismo e a inércia. E, muito menos para a acomodação patológica.
No século XX H. G. Wells afirmou que “a História humana torna-se cada vez mais, ma disputa entre a educação e a catástrofe”. E, ao analisar o que ocorreu durante as duas grandes guerras que marcaram a história da humanidade é evidente que na primeira metade do século XX,[2] foi a catástrofe que venceu.
No início dos anos cinquenta afirmava-se que só havia uma alternativa: socialismo ou barbárie (Cornelius Castoriadis), mas chegou-se ao final do século, com a derrocada final do socialismo burocrático de tipo soviético e, deu-se também, o enfraquecimento da ética socialista. E, mais, pela primeira vez na história da humanidade não por efeito de armas nucleares, mas o desarranjo se deu pelo descontrole da produção industrial, pode-se destruir toda a vida do planeta.
Infelizmente vemos crescer a competitividade ao invés da solidariedade. Será que a barbárie venceu novamente? Enfim, qual é o papel da educação neste novo contexto político? Qual é o papel da educação dentro da era da informação? Quais são as reais perspectivas da educação construída no terceiro milênio?
São questionamentos incômodos que ainda procuramos responder, mas o silêncio e a perplexidade nos assaltam. O vocábulo perspectiva é latim tardio perspectivus que por sua vez deriva de dois verbos, a saber, perspecto que significa “olhar até o fim” e perspicio que significa “olhar através”. (Vide Dicionário Escolar Latino-Português, de autoria de Ernesto Faria, 3ª edição, São Paulo: Editora Itatiaia, 1962.p. 737).
Nicola Abbagnano informa que perspectiva seria uma antecipação qualquer do futuro, esperança, ideal, ilusão e utopia. O vocábulo exprime o mesmo conceito de possibilidade, mas de um ponto de vista mais genérico e que menos compromete, dado que podem surgir como perspectivas, duas casas que não possuem suficiente consistência para serem possibilidades autênticas.
Cogitar sobre perspectivas significa cogitar na esperança do futuro. Há muitos educadores que estarrecidos permanecem perplexos diante das céleres mudanças na sociedade, na tecnologia e a educação e se questionam sobre o futuro de sua profissão e temem que sejam substituídos por máquinas, robôs e outros artefatos tecnológicos.
Então surgem teses sobre o ideal pedagógico[3] que trafega por possíveis cenários para educação. Para se obter uma perspectiva, faz-se necessário certo distanciamento, para se analisar a direção, os objetivos e as expectativas sobre a educação.
A virada do milênio é propícia para se refletir sobre as práticas e as teorias que atravessaram os tempos. Quando se precisa identificar o espírito, os valores e as possibilidades para o futuro.
Percebe-se que algumas perspectivas teóricas que orientaram muitas práticas poderão desaparecer e, há outras que permanecerão em sua essência.
Questiona-se sobre quais as teorias e práticas se fixaram no ethos educacionais e quais criaram raízes e, atravessaram o milênio, e ainda, estão presentes até hoje?
Afinal para entender o futuro é preciso revisitar o passado. No cenário da educação contemporânea, podem ser destacados alguns marcos, algumas pegadas, que persistem e poderão persistir na educação do futuro.
A educação tradicional está enraizada na sociedade de classes escravagista da Idade Antiga e que era voltada para uma pequena minoria. E, seu declínio principiou já no renascimento, mas, de certa forma, sobrevive mesmo diante da média extensão de escolaridade trazida pela educação burguesa.
[1] Globalização é processo de aproximação entre as diversas sociedades e nações existentes, seja no âmbito econômico, social, cultural ou político. Porém, o principal destaque dado pela globalização está na integração de mercado existente entre os países. A globalização permite crescente conexão entre pontos distintos do planeta, fazendo com que compartilhassem de características em comum. Desta forma, nasce a ideia de Aldeia Global, ou seja, um mundo globalizado onde tudo está interligado. Costumes, tradições, comidas e produtos típicos de determinada localidade passam a estarem presentes em outros lugares totalmente diferentes. Isso acontece graças a troca e liberdade de informações que a globalização veio proporcionar.
[2] Outra frase impactante é do mesmo autor: "Não devemos permitir que o relógio e o calendário nos ceguem para o fato de que cada momento da vida é um milagre e um mistério".
[3] O peculiar traço da educação do século presente é o deslocamento do individual para o social, para o político e para o ideológico. A visão institucionalizada sobre a educação é originada nos ensinamentos de Paulo Freire, apesar de que sua origem situa-se em Marx e Gramsci.
A educação é um processo entre ensinar e aprender tem finalidade social, serve para a manutenção da sociedade. Esta inicia no primeiro grupo social que é a família, passa pelo grupo da vizinhança e chega à escola.
O ensino é uma atividade sistemática de transmissão de conhecimentos. É o ambiente primordial da escola e sua função específica. A escola ensina e, de forma complementar, educa. Eis aqui o problema maior do nosso sistema educacional, pois a escola assumiu o papel de educar e abandonou o de ensinar, por esta razão, as crianças deixam de aprender conteúdos importantes para se dedicarem, por longo tempo, a atividades de socialização.
A educação é um processo entre ensinar e aprender tem finalidade social, serve para a manutenção da sociedade. Esta inicia no primeiro grupo social que é a família, passa pelo grupo da vizinhança e chega à escola.
O ensino é uma atividade sistemática de transmissão de conhecimentos. É o ambiente primordial da escola e sua função específica. A escola ensina e, de forma complementar, educa. Eis aqui o problema maior do nosso sistema educacional, pois a escola assumiu o papel de educar e abandonou o de ensinar, por esta razão, as crianças deixam de aprender conteúdos importantes para se dedicarem, por longo tempo, a atividades de socialização.