DEPENDER DE ALGUÉM

*Nadir Silveira Dias

Depender de alguém. Nada pior do que isso! E, apesar disso, não se conhece outra coisa na vida. A começar pela imposição de um Estado que tudo rege sem nada reger. Reger com clareza, regularidade, organicidade, propósitos honestos, franqueza explícita e boa intenção permanentes.

E toda a referência à dependência liga-se àquela em ela se faz forçada, àquela que nos é imposta, pois dependentes todos nós somos uns dos outros. Esta é a vida de relação inventada pela própria Criação. Ninguém vive sem o outro. A própria cadeia alimentar prova e sustenta a assertiva. Não é disso que se trata e parece distante a clara e perfeita compreensão do que seja uma e outra coisa. Há dependências que são existenciais, há outras que são funcionais e há outras ainda que não deveriam e nem precisariam existir.

Os filhos dependem dos pais. Os pais dependem dos filhos. Toda a cadeia familiar original está entrelaçada a partir dos próprios laços em que foi inventada por quem Criou o mundo. E isso a partir de cada um dos próprios reinos que se intercalam e entrelaçam. E não creio que haja alguém contra isso, apesar de existirem pessoas que supõem que poderiam ter feito melhor o mundo do que ele foi feito pela Criação. Mero deboche ou rasa pretensão sem qualquer efetividade!

E mais ainda porque o título tem tudo a ver com a citada dependência forçada. Aquela, por exemplo, na qual uma pessoa quer trabalhar, não encontra emprego e não tem alternativa senão depender do sustento e mantença de alguém. Situação essa que implica numa condição de não independência e de impossibilidade de condução da própria vida e dos seus.

E, nesse exato ponto, há um mito com fundo real que ocupa inteligências e vende livros, mas que é apenas parcial com a realidade da verdade histórica. Para corroborar a afirmativa basta que alguém possa responder em que outro país do mundo existiu e ainda existe uma tamanha e tão imensa miscigenação de etnias. E a tal ponto em que a maioria da população brasileira já seja de pardos, não mais de brancos, como já foi no passado. E com tão mínimas repercussões de cunho étnico.

O racismo que existe aqui, o preconceito que existe aqui, os vários descostumes, ou maus costumes, existentes aqui no Brasil não são, essencialmente, diferentes daqueles que existem no resto do mundo. E o articulista se atreve a afirmar que todos eles são de menor monta, de menor ofensividade e bem menos letais do que na maioria dos países em que essa temática for analisada e tabulada.

Apenas para lembrar, somente na Capital, convivem vinte e cinco etnias há largo tempo, e sem o acréscimo das últimas que chegaram fugindo de terremotos, da guerra, da fome e de incompetências políticas. E não se venha a lembrar de mortes, pois estas ocorrem de homens e mulheres de todos os tons, no trânsito, nas ruas, em casas, nas favelas, em qualquer lugar.

É preciso ver que a base de tudo isso reside antes no antagonismo beligerante de quem possui tais pendores e no polarismo catastrófico decorrente que as redes sociais bem ajudaram a construir e a arder, quando o que é necessário mesmo, antes de tudo, é aprender, aprender, e aprender!

26.12.2019 - 22h10

* Jurista, Escritor e Jornalista

Publicado no Jornal Agora: 28, 29, 30.12.2019:

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Publicado no Jornal Agora: 28,29,30.12.2019, Pg.2

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Nadir Silveira Dias
Enviado por Nadir Silveira Dias em 28/12/2019
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