Quase 30.
“Prestes a completar 30 anos de idade a Constituição Federal de 1988, lei maior de um povo, carece de ajustes. A população clama por melhorias, e as conquistas nela prescritas ainda precisam de atenção.
Cabeças ainda precisam pensar criticamente,
Olhos precisam ver o que está patente,
Lutas ainda precisam ser travadas,
Condutas que saem dum contexto físico perpassando o virtual parecem não ter razão de existir.
Mentes que ainda se alienam e resistem, ignorando a própria história.
Pessoas que abandonam a verdade dos fatos e abominam a própria constitucionalidade.
A inocência os cerca e a ignorância impera, aprisionando-os a viver numa mentira, aceitando a aparência, sem forças para resisti e garra para prosseguir.
Quem não é pobre de dinheiro é pobre em reagir,
Quem não se omite por ignorar a condição alheia, se omite por falta de interesse.
Quem não se vende por um bocado de pão, aceita outras formas de corrupção.
E nisso há só uma dor, uma só decepção, e o Estado se omite, e a gente acompanha, e acha tudo natural. E logo se esquece, ainda que ao sair na rua tudo recomece.
E a lesão acontece e as violações são tomadas como naturais, já que fazem parte do dia a dia.
E a pobreza reina, e a violência aumenta, e os concursos públicos são forjados, e o que era fidedigno corriqueiramente vira falso. E se confundem ao mesmo tempo em que se assemelham.
E a gente convive, diariamente, com as mazelas humanas que parecem não ter solução, e, em tempo de eleição tudo anda bem; só que não.
E a gente não só faz piadas, ou memis da própria insatisfação, em vez de agir com firmeza e voz, nas eleições, como era de se esperar.
Enquanto, na escola, na mídia etc crescem as propagandas de empoderamento e incentivos à cidadania e mais humanidade, quando, na verdade, ao se encontrar só não se sabe propriamente qual dignidade se busca.
E, ao se dá conta, percebe-se que o homem deste século, que tinha tudo para avançar, sobrevive entrelaçado num sistema de coisas de onde, muito dificilmente, conseguirá sair.
A este sistema denominou-se: democracia, mas uma democracia que não faz jus a etimologia do seu nome, e não faz sentido nem significa, está, apenas, posta na Carta que poucos conhecem, a base da Nação, a última Constituição, de 1988. Que encontra-se estagnada no mundo do ‘dever-ser’, inútil, na prática, no mundo de muitos homens.”