Advogado-salva-vidas-confidente. Um consultor sentimental

A carreira jurídica nos remonta a experiências realmente impressionantes e por vezes inusitadas.

A experiência profissional na seara jurídica nos levam a ver coisas que jamais imaginaríamos que existissem.

Imaginávamos que a carreira de advogado militante na seara familiar, civil, consumerista, fosse algo eivado de surpresas, mas nem tanto...

O que percebemos em muitas consultas é que a pessoa que busca um auxílio jurídico, na verdade está carecendo é de um par de ouvidos interessados em ouvir seus queixumes, traumas, dores existenciais e não hesitam em confessarem seus mais íntimos anseios ao "seu" advogado.

Sim, a primeira coisa que o cliente faz questão de dizer é que o ‘meu advogado’ vai tomar as atitudes.

Em certos instantes, nos pegamos a pensar: - Ué, não nos lembramos de ser seu! Aliás, jamais fomos adquiridos por ninguém!

Tudo bem, compreendemos a magnitude e profundidade da frase.

É que ao dizer: Meu advogado, meu médico, meu terapeuta, etc... esta 'posse' denota confiança, tranquilidade, certeza de que alguém está cuidando dos seus problemas e dores.

Ora, isto é formidável e emocionante!

A profissão de advogado é, sem dúvida alguma, uma delícia, um caminho espinhoso muitas vezes, mas bastante compensador, tendo em vista que em nosso consultório (sentimental/profissional) escutamos os mais íntimos segredos dos nossos clientes.

O advogado exerce realmente uma importante função social, pois o contrato firmado com seu cliente deixa de ser um mero e frio papel, para tornar-se um elo de confiança promovido pela parte que contrata seus feitos.

É interessante perceber como as pessoas desaguam em nosso gabinete seus mais secretos traumas, anelos, desgostos e buscam com todo o seu ser uma resposta no Poder Judiciário para aquilo que está tirando seu sono, perturbando e mitigando a sua paz.

Promover a justiça é virtude do advogado.

Costumamos afirmar que o advogado é o primeiro juiz de uma determinada causa.

Ele avalia, pondera, pesquisa, consola a parte, escuta suas confissões, se compadece da dor experimentada pelo contratante, respira fundo e toma as providências cabíveis, sempre observando a necessidade e imprescindível ética de guardar sigilo acerca das confissões feitas por seus clientes.

Assim, mesmo sabendo que não somos psicólogos nem psicoterapeutas, mas advogados, temos a virtude de escutar com interesse os dramas vivenciados pelos clientes, orientá-los para que se acalmem e não hajam impulsivamente, ponderamos a real necessidade e cabimento de uma nova ação judicial, tendo em vista que a experiência aponta que nem sempre a divergência implica o ingresso de uma nova peça processual, pois, muitas vezes, uma boa conversa tem o poder ‘sobrenatural’ de resolver muitos litígios.

Desta feita, sem medo de errar, podemos afirmar que nosso escritório, em muitos momentos, torna-se um consultório sentimental onde as pessoas buscam apoio e socorro em prol das suas mais íntimas e secretas dores e injustiças, revelam-nos seus deslizes e fraquezas, mas também exibem a força hercúlea de fazer valer seus direitos, mesmo que isto lhe custe algumas noites insones e o justo pagamento de honorários advocatícios para o "seu" advogado/conselheiro/amigo.

Por aqui, seguimos nossa jornada profissional, sempre lembrando que o homem, por mais forte que seja, em dado momento de sua existência, encolhe-se como um feto, desequilibra-se em plena corda bamba e corre ao encontro de um advogado-salva-vidas-confidente à espera de um ouvido interessado, palavras consoladoras e saídas oportunas e justas para os seus não poucos problemas seculares.

Ser um advogado compromissado e atento às necessidades e dores do ser humano é uma oportunidade ímpar concedida por Deus, nosso Juiz por excelência.