Advogado merece reconhecimento

Assistimos a um vídeo hoje e por alguns instantes nos pegamos a pensar: -É preciso mudar conceitos e atitudes na advocacia brasileira atual, senão estaremos fadados à mendicância!

Somos uma classe que estudou e estuda cotidianamente, labutamos em meio à 'serpentes e escorpiões' hodiernos, muitas vezes somos mal compreendidos por clientes que tão competentemente defendemos, temos que ter jogo de cintura nas atividades desempenhadas e quando vamos computar nossos ganhos, abrimos nossa carteira e encontramos míseros reais, várias faturas a serem pagas, um armário que exibe alimentos em quantidade suficiente para mais um mês apenas e uma geladeira que em certas circunstâncias mais parece uma boate, pois está cheia de fumaça.

O vídeo que assistimos hoje exibe a estorinha de um pedinte que mendiga à rua, sentado no chão, envolto num lençol amarelado, aparência suja, sendo abordado por dois assistentes sociais que afirmam estarem interessados em ajudá-lo. Neste instante, o 'pedinte' afirma que é um advogado e que adentrou na nova profissão pelo fato de, na rua, receber bem mais que no exercício da profissão de causídico.

Lógico que o enredo é um clamor para que a sociedade melhor remunere os advogados, e os próprios profissionais parem de cobrar honorários simbólicos por seus feitos, cobrem por orientações jurídicas, e, quem sabe, dessa forma, conquistem seu espaço de reconhecimento e valorização pelo excelente trabalho que desempenham em prol da sociedade.

Estamos na luta diária e sabemos bem do que o vídeo está tratando: falta de reconhecimento da sociedade e, por vezes, valores baixíssimos arbitrados quando da fixação dos honorários sucumbenciais fixados aos advogados brasileiros.

Tivemos um caso em que o cliente ousou tentar fixar o valor dos nossos honorários. Sim, há clientes que tentam impor 'seu preço' sem conhecer os detalhes e requintes de atividades técnicas que devemos desempenhar para resolver sua demanda.

Lógico que repreendemos veementemente o 'espertinho' e o deixamos à vontade para que contrate outro causídico que submeta-se à sua proposta.

Infelizmente vivemos num país em que a profissão do advogado não é bem remunerada, pouco respeitada. Infelizmente, os números indicam que há mais advogados no Brasil de que somados todos os advogados do resto do mundo!

O resultado disto estamos vendo e sentindo na pele, pois muitas vezes, em função da enxurrada de advogados brasileiros, alguns escritórios de outros estados da Federação querem nos contratar para diligências em nossa cidade e tentam negociar preços 'desmoralizantes' pelo trabalho que iremos desenvolver.

No nosso caso específico, nos negamos veemente a trabalhar para receber míseros reais, chegamos a repreender o ofertante da proposta indecente e rejeitamos a oferta.

Há uma Tabela de Honorários sugeridos pela Ordem dos Advogados do Brasil em cada Seccional do país, orientando os advogados a trabalharem à partir dos preços mínimos ali exibidos.

Simples assim!

No entanto, não raro, nos deparamos com clientes e escritórios correspondentes que 'rasgam e ignoram' estes vetores, tentam fechar acordos e negócios com os advogados a preços simbólicos e desleais, causando uma cratera sem precedentes na situação financeira do causídico brasileiro.

A chave para reprimir estes comportamentos é o uso da referida Tabela como norteador de honorários, a implantação em massa de campanha punitiva coibindo negociações a preços impraticáveis e impossíveis de serem utilizados pelos demais colegas de profissão e um maior critério de investigação e fiscalização acerca dos reais preços praticados pelos profissionais do direito na atualidade.

O vídeo em si nada tem de engraçado, mas é altamente desolador e constrangedor!

Ademais, a verdade precisa ser vista, propagada e discutida para, quem sabe, essa piadinha de extremo mau gosto torne-se uma mola propulsora incentivando a classe a rever conceitos, trabalhar em prol de dignos honorários, rejeitar ofertas indecentes e, por fim, ser dignamente remunerada pelo efetivo trabalho desempenhado, cumprindo assim sua função social, consoante artigo 133 da Constituição Federal do Brasil.

Vídeo constante no link

http://gustavorochacom.jusbrasil.com.br/artigos/346582735/me-da-uma-moeda-um-reflexao-da-advocacia?ref=news_feed