A atividade filosófica reconhecida como abordagem racional surgiu no contexto cultural grego se expressando inicialmente como tentativa de explicar a realidade do mundo sem recorrer à mitologia e à religião. No período dos filósofos pré-socráticos, de cujas obras nos restaram apenas alguns fragmentos.
 
Alguns desses filósofos vão explicar o mundo apelando para uma arqué, ou seja, o elemento constitutivo básico do qual a totalidade do universo seria constituída. Preocupa-se em identificar o princípio ordenador, que dê ordem e sentido ao universo. Tais filósofos são chamados de fisiólogos, pois buscam explicar a phisis, a natureza material.
 
Desta forma, para Anaxágoras, o elemento primordial são as sementes que se encontram misturadas no caos e, são, em seguida, ordenadas pela inteligência, formando o cosmos;
 
Já para Anaximandro, esse princípio é o infinito; para Anaxímenes é o ar; para Tales de Mileto é água; para Heráclito era o fogo; para Parmênides é o ser; para Empédocles são quatro elementos em combinação: a terra, água, ar e fogo; para Demócrito era o átomo e para Pitágoras era o número.
 
Havia outro grupo de filósofos pré-socráticos com a preocupação mais dirigida para a vida dos homens, e foram chamados de sofistas[1], porque eram professores ambulantes de retórica e oratória e foram acusados de serem mais interessados em convencer pela persuasão, com sacrifício até mesmo da verdade, do que pela demonstração rigorosa da mesma.
 
Entre os sofistas se destacaram Górgias, que era cético, achando que não se pode realmente conhecer a verdade, Protágoras que entendia ser o homem a medida de todas as coisas, via que todo conhecimento dependia de cada indivíduo que conhece, não se podendo atingir, portanto, a verdade universal.
 
Sócrates, Platão e Aristóteles são os clássicos pensadores gregos dos séculos V e IV a.C., e que constituíram a filosofia como metafísica, fornecendo as bases para toda tradição da filosofia ocidental.
 
Tais mencionados filósofos retomaram as preocupações de seus antecessores, e foram duros críticos dos sofistas.
 
Sócrates considerado o "educador dos homens" acreditava que a verdade existe e, pode até ser conhecida desde que se proceda a interrogação metódica por meio de um processo chamado maiêutica[2], a arte de partejar ideias verdadeiras.
 
Assim, o homem conhecendo a verdade, poderá agir moralmente bem se estiver de acordo com ela. Sua posição é o denominado intelectualismo moral[3], segundo o qual basta o homem conhecer o bem para praticá-lo.
 
Platão, discípulo de Sócrates, desenvolveu um sistema filosófico completo. E, as coisas concretas deste mundo, nada mais são do que sombras, cópias imperfeitas de modelos perfeitos e únicos, as ideias, que existem eternamente num mundo à parte e superior, o chamado Mundo das Ideias.
 
Como a alma humana que é inteligente e partícipe do logos, conviveu com essas Ideias antes de se encarnar, esta pode conhecer as coisas deste mundo, reconhecendo por lembrança, por reminiscência, a ideia que elas realizam imperfeitamente.
 
O objetivo de toda filosofia e de toda educação é desenvolver um esforço dialético no sentido de se elevar da visão das coisas terrenas, concretas e mutáveis e promover à contemplação das Ideias.
 
A contemplação das ideias fornecerá igualmente os critérios para o agir moral dos indivíduos e para a organização da vida em sociedade.
 
Aristóteles, discípulo de Platão, fora crítico e não concordou com tal idealismo exacerbado de seu mestre. E, segundo ele, de fato, todo ser concreto é a realização de uma essência, mas essa essência está presente em cada indivíduo em particular, desaparecendo com a morte desse indivíduo.
 
A essência é a mesma em todos os indivíduos de uma mesma espécie porque todos são formados por dois coprincípios básicos: a matéria-prima e a forma específica, que unidos, forma a chamada substância do ser.
 
Quando falece o indivíduo, ocorre a separação desses coprincípios, que não subsistem isolado. Portanto, não existe um modelo prototípico ideal, conforme defendia Platão, mas apenas o conceito, que representa a substância e que é universal.
 
Por tal razão, o saber deve ser constituído pelo processo de abstração, o intelecto humano seria capaz de ira aprendendo, progressivamente, a partir da experiência sensível, a essência das coisas mediante os conceitos universais.
 
Quando os romanos entram em cena, nossos doces bárbaros, enquanto que a filosofia grega se expõe a um mundo cosmopolita e vem a se envolver com o cristianismo nos séculos III a.C. até a III d.C.
 
A filosofia dos três grandes filósofos: Sócrates, Platão e Aristóteles representou o apogeu da filosofia grega. E, nos últimos séculos antes de nossa era e nos primeiros séculos da era cristã, apareceu o povo romano que conquistaram militarmente e organizaram política e administrativamente quase toda área da bacia do Mediterrânea. Mas, os conquistadores romanos se apropriaram da cultura grega e a expandiram por todo seu vasto império.
 
É o chamado período do helenismo[4]. Quando se deu a expansão e ampla divulgação da filosofia que acabou se dissipando em pequenas escolas, perdendo a força das poderosas sínteses.
 
As condições de vida e da cultura não lhes são propícias. Então aparecem as pequenas escolas filosóficas tais como: o estoicismo, cuja maior preocupação é com a ética, que concebe fundada na harmonia e no equilíbrio de elementos éticos, de modo análogo ao que ocorre com o cosmos, harmonizado pelo logos;
 
O epicurismo, também preocupado com o viver humano defendo a ética fundada no prazer, considerada como bem autêntico. O ceticismo foi uma escola filosófica que considera impossível o conhecimento da verdade, sendo mesmo inútil tentar encontrá0la.
 
Destaca-se nesse período, importante filósofo Plotino, seguidor de Platão, sendo o seu pensamento conhecido como o neoplatonismo[5].
 
É exatamente no contexto helenístico, universalizado pela ação político-administrativa dos romanos, que a filosofia grega vai se encontrar com o cristianismo. E, desde o iníxio da era cristão, os pensadores relacionados à nova religião estudam o pensamento dos gregos e estabelecem relações com este, incorporando alguns elementos e rejeitando outros. Há o início de uma grande simbiose que durará séculos.
 
O referido processo se inicia com São Paulo, no século I, e culmina com Santo Tomás de Aquino, século XIII, o racionalismo grego leva a melhor sobre a mística judaica, uma fonte originária do cristianismo.
 
Logo os primeiros padres da Igreja (Santo Irineu, Tertuliano, Orígenes e Clemente de Alexandria), mas, principalmente Santo Agostinho desenvolveram suas reflexões teológicas assumindo os elementos da filosofia racionalista grega. Santo Agostinho, apropriou-se de inspirações de Platão, por meio do neoplatonismo, colocando, no lugar do mundo das ideias, a consciência de Deus que assume as qualidades e prerrogativas da Ideia do Bem.
 
Na Era Medieval, a filosofia grega foi utilizada pela Igreja como base da pedagogia civilizadora dos povos bárbaros, a escolástica, nos séculos V ao XIV. Com o declínio do Império Romano e, ainda, com o impacto da invasão dos bárbaros vindos do norte da Europa, a Igreja Católica assumiu a missão de civilizar e educar esses povos, fazendo-os assimilar a cultura greco-romana.
 
E, nesse clima deu-se a formação da escolástica enquanto método pedagógico por excelência, fundado na lógica aristotélica e que serviu tanto como instrumento de educação como também veículo de evangelização, cujo conteúdo era a teologia baseada na filosofia neoplatônica e cristianizada por Santo Agostinho.
 
Ao final do primeiro milênio, graças às traduções que se faziam na Espanha, do árabe para o latim, de textos de física e de metafísica de Aristóteles e. tais textos ainda não haviam chegado ao Ocidente, ocorrerá uma influência do naturalismo aristotélico, concorrendo então com o idealismo platônico que dominava até esse momento.
 
Foi a grande síntese que tornou Santo Tomás de Aquino [6]o principal filósofo do período. E, então, nessa mesma época, surgiram as primeiras universidades, verdadeiros centros pesquisas e de estudos também em filosofia.
 
Em verdade, o tomismo representou uma bela tentativa de harmonizar as posições básicas do cristianismo com os pressupostos ontológicos do aristotelismo. E, isto provocou grandes reações por parte de pensadores e teólogos ligados à Igreja e adeptos da fundamentação platônico=agostiniana.
 
Santo Tomás de Aquino conseguiu com sua extensa obra fornecer os primaciais fundamentos filosóficos aristotélicos para a teologia cristão. O tomismo foi então reconhecido como a base filosófica de toda teologia da Igreja Católica.
 
O Renascimento promove uma volta direta à cultura grega, rejeitando as contribuições da Idade Média e inaugurando a era moderna (século XV ao XVII).
 
O naturalismo aristotélico que Santo Tomás pôs à disposição dos pensadores ocidentais dos séculos XIV e XV foi, em realidade, um dos elementos substantivos para a revolução cultural e filosófica que iria ocorrer com o Renascimento. É que, no aristotelismo, a natureza para existir e funcionar prescindia da intervenção divina, sendo assim incompatível com a visão teocêntrica da Idade medieval.
 
Abriam-se assim as portas para cosmocentrismo e para o antropocentrismo: os elementos centrais da realidade e, consequentemente, da reflexão filosófica são o mundo natural e o homem e, não mais Deus. A era moderna se caracterizará, com efeito, por desenvolver uma concepção na qual a natureza física e o homem ocuparão o centro.
 
Porém havia influência também sobre os outros elementos que atuaram no contexto sociocultural dessa época e que ajudam a explicar as grandes transformações que ocorreram.
 
Eis a grande contribuição que virá da matemática áraba que foi introduzida na Europa através das invasões dos árabes na península ibérica. A matemática herdada da Grécia era muito limitada, com poucas possibilidades enquanto instrumental técnico-operativo e lógico: seu poder se multiplica com as contribuições preciosas da álgebra.
 
Ocorreu ainda grande transformação socioeconômica com o feudalismo entrando em decadência e se desenvolvendo o mercantilismo e o colonialismo. O que estimulou inventos e descobertas no plano tecnológico, ampliando-se o poder de manipulação que o homem exercia sobre a natureza. Estavam lançadas as prósperas bases do capitalismo que surgira como novo modo de organização da produção.
 
Em outro viés, houve significativas reformulações também no plano pol´tiico, onde os príncipes começaram a se unir à burguesia e a se opor ao poder centralizado dos reis e dos papas. Começaram a se formar as nações que se contrapunham aos grandes impérios.  E ainda ocorreram as transformações que se deram na própria religião, propiciada pela Reforma Protestante que promoveu a inserção do racionalismo individualista.
 
A grande revolução cultural que deu início à época moderna é marcada assim, no plano filosófico, por um início à época moderna é marcada assim, no plano filosófico, por um incisivo racionalismo e pelo naturalismo que se expressaram no âmbito econômico, pelo capitalismo; no âmbito religioso, pelo protestantismo e, no âmbito social, pelo individualismo burguês.
 
Diante deste contexto deu-se o redimensionamento estrutural da perspectiva filosófica. Apesar das pretensões alardeadas pelos renascentistas, não havia como reproduzir a cultura grega, fazendo-a renascer. Na realidade, o que se retomou, com renovado vigor, foi o racionalismo naturalista grego, doravante instrumentalizado à altura para possibilitar a superação da metafísica enquanto a ciência das ciências.
 
A era moderna elabora um grande projeto de revolução cultural, o projeto iluminista que vem marcar a consolidação de uma filosofia racionalista com o surgimento da ciência (do século XVII ao XVIII).
 
A Idade Moderna surgiu sob a égide da convicção de que as luzes da razão humana iluminam tudo, eliminando as trevas da ignorância. E, por meio dos conhecimentos obtidos racionalmente, os homens conseguirão esclarecer-se individualmente e, ainda construir uma sociedade mais adequada e justa.
 
O projeto iluminista fora guiado pelo mais ortodoxo racionalismo e se iniciou por duas vias: de um lado, através de uma filosofia crítica[7], encarregada de superar a metafísica no plano teórico, mostrando a sua inviabilidade e, de outro, criando uma nova forma de conhecimento, a ciência que iria substituir o saber das essências o saber dos fenômenos.
 
Enquanto as preocupações principais da filosofia antiga e medieval eram ontológicas, as preocupações da filosofia moderna são epistemológicas, isto é, tratava-se, sobretudo, de avaliar qual a verdadeira capacidade de o homem conhecer a realidade que o circunda.
 
  Afinal, duas foram as orientações assumidas pela nova postura crítica da filosofia, a saber: uma a do racionalismo idealista que defendera a posição de que o conhecimento verdadeiro só é possível na intuição intelectual que se dá no ato de reflexão, ou seja, no momento em que o sujeito pensante apreende seu próprio ato de pensar.
 
Nesse momento que se tem a evidência racional, o único critério capaz de garantir a certeza do conhecimento. E, seguiram tal orientação, Descartes, Malebranche, Espinosa e Wolf. Uma vez garantida a evidência, é até possível reconstruir a metafísica, uma metafísica idealista.
 
Já a outra orientação fora assumida por pensadores como Bacon, Locke, Berkeley e Hume e consistiu na defesa da posição segundo a qual o único conhecimento possível e válido é aquele que se tem por intermédio de ideias formadas a partir de impressões sensíveis. Trata-se de um racionalismo empirista.
 
Formou-se ainda um novo saber, a ciência. Que é um conhecimento diferente do conhecimento metafísico, pois, embora seja impossível à razão atingir a essência das coisas, ela pode atingir os fenômenos das mesmas, ou seja, sua manifestação empírica à consciência dos homens. Então as contribuições de Copérnico, Galileu, Kepler e Newton, entre tantos outros, produziram novas explicações de vários aspectos da natureza, mediante uma postura ao mesmo tempo teórica e prática. Adotam uma nova metodologia para seu conhecimento: um método simultaneamente matemático e experimental.
 
Esse novo conhecimento, além de seu alcance explicativo, no plano teórico, revelava-se também muito fértil pelo seu alcance técnico, no plano prático. Permitirá ao homem construir equipamentos por meio dos quais se ampliava seu poder de manipulação do mundo.
 
No século XVIII, o criticismo de Immanuel Kant representou a tentativa de sintetizar as várias orientações e movimentos do iluminismo. Desenvolveu a teoria do conhecimento que integrava aspectos do idealismo e empirismo. Insistiu em que o conhecimento pressupõe formas lógicas anteriores à experiência sensível, mas estas, só exerciam alguma função se aplicadas sobre os conteúdos empíricos fornecidos pela experiência.
 
A síntese kantiana também se desdobrou, deixando dupla herança, um legado que fora absorvido por Fichte, Schelling e Hegel que voltou à metafísica idealista, priorizando novamente o sujeito e a intuição intelectual; já o outro legado, priorizava o objeto e a experiência sensível, se desenvolveu como uma justificativa epistemológica da ciência, particularmente, com Auguste Comte.
 
Enfim, no século XIX, presenciamos ao fecundo desdobramento da ciência, com advento ainda de novas perspectivas filosóficas que deram origem a filosofia contemporânea.
 
Há quem avalie que o século XIX fora talvez a época mais fértil para a cultura filosófica pois adquirira sua autonomia plena e surgiram amplos desdobramentos.
 
No âmbito da ciência, percebemos três aspectos se destacam: 1. Grande desenvolvimento das ciências naturais, sobretudo das ciências físico-químicas; 2. As ciências biológicas adquirem uma dimensão histórica em função da descoberta do caráter evolutivo da vida; 3. Formam-se as ciências humanas (psicologia, sociologia, economia, política, história, antropologia, geografia e, etc), pela extensão do uso do método científico aos diversos aspectos da vida dos homens.
 
A enorme fecundidade do conhecimento científico torna propício o positivismo[8] que vai inspirar diversas vertentes filosóficas que tanto repercutiram no século XX, como o evolucionismo, o pragmatismo, o vitalismo e o cientificismo.
 
Também no âmbito da filosofia, se multiplicaram as novas orientações, na linha do subjetivismo, surge a fenomenologia (Husserl e Scheler) a genealogia (Nietzsche); procurando unir a dialética hegeliana com o naturalismo, a sociologia e a economia, surge o marxismo (Feuerbach, Marx e Engels) buscando explorar a psicologia e o naturalismo, surge a psicanálise (Freud, Jung).
 
Com o século XX, acentua-se a preocupação com o conhecimento e com o sentido da existência do homem. Marcada por muitas conquistas e contradições, e também por retrocessos em todos os planos.
 
Duas grandes guerras mundiais e centenas de conflitos bélicos regionais que o abalaram diuturnamente. As consequências desses conflitos são cada vez mais desastrosas devido ao desenvolvimento e à sofisticação tecnológica dos armamentos. Os esforços diplomáticos não impediram os conflitos políticos e econômicos que opõem entre si as nações.
 
As fortes ideologias provocam confrontos radicais: fascismo, nazismo, socialismo e capitalismo. Se o sistema colonial desmoronou, a exploração econômica de países periféricos pelos países centrais se amplia e se aprofunda, dividindo os povos em ricos dominantes e pobres dominados e oprimidos.
 
Ocorre um incontrolável desenvolvimento técnico-industrial que, ao mesmo tempo resolve problemas básicos do homem, cria outros tantos novos dos quais perde controle.
 
De fato, a ciência está na base de toda essa revolução permanente em que se transformou a civilização ocidental no século XX. E, o século da terceira revolução industrial, a da tecnologia eletrônica e da cibernética, pela qual os homens ampliam o poder do próprio cérebro.
 
No âmbito filosófico, ocorreu também a multiplicidade de manifestações. Sem dúvida, a ciência parece ser a principal preocupação da maioria dos filósofos. Assim, quase todas as tendências filosóficas contemporâneas dedicam espaço à discussão do conhecimento científico, de modo especial àquele relacionado com as ciências humanas.
 
Floresce a orientação neopositivista da filosofia que aborda especialmente o discurso da ciência como seu tema, tratando das questões formais da linguagem e da lógica utilizadas nesse discurso. Pensadores como Carnap, Popper, Wittgenstein, Ayer, Russell, entre outros, além de manterem um pressuposto cienticista de base. Só a ciência é conhecimento verdadeiro e válido e entende que a única atividade especificamente filosófica é proceder à análise técnica e rigorosa da linguagem da ciência.
 
Outra tendência aparece como herdeira do positivismo, dedicando-se à compreensão da atividade científica, embora se preocupando menos com seus aspectos formais. Trata-se do racionalismo transpositivista e, é praticado no âmbito da reflexão filosófica iniciada por filósofos/cientista como Brunschvicg, Koyré, Poincaré, Meyerson, Piaget, Bachelar, Kuhn e Feyerabend. 
 
As preocupações relacionadas com o objeto e o método das ciências humanas provocaram a emergência de tendências filosóficas que desenvolvem reflexões tanto sobre os fundamentos epistemológicos como sobre o objeto. É o caso do estruturalismo, que se formou a partir da inspiração da metodologia das ciências semiológicas, especialmente da linguística.
 
Busca construir uma epistemologia válida para todo o campo das ciências humanas. Desta forma, Lévi-Strauss o aplica à antropologia e à etnologia, Godelier, à economia, Lacan, à psicologia e Dumezil, à histórica.
 
Atendendo-se a uma tradição mais subjetivista, a fenomenologia se tornou uma das mais relevantes correntes da filosofia contemporânea que também lida com a questão do objeto e do método das ciências humanas e que irá servir de epistemologia para o existencialismo, corrente filosófica que se preocupa fundamentalmente com o sentido de existir humana. Kierkegaard, Sartre, Merleau-Ponty e Ricoeur são alguns de seus principais representantes.
 
As condições tão peculiares da existência humana, as contradições que a tornam extremamente vulnerável e contingente são o tema de outra tendência mais recente da filosofia contemporânea: arqueogenealogia que, apoiando-se nas reflexões de Nietzsche e Freud, se expressa na atualidade através da obra de pensadores como Foucault, Deleuze, Guattari, Maffesoli, Baudrillard...
 
Já as condições objetivas da existência social do homem, no plano econômico e político, constituem a temática das tendências marxista da filosofia contemporânea, cuja preocupação situa-se tanto no âmbito da teoria, buscando o sentido dialético da história, como naquele da prática das sociedades, Gramsci, Althusser, Lukács, Goldmann, Schaff, Lefebvre são alguns nomes da filosofia marxista[9].
 
Também merece destaque, no contexto dessas tendências, a que se poderia designar como a dialética negativa, que é a filosofia desenvolvida pela Escola de Frankfurt, cujos principais pensadores são Adorno, Horkheimer, Benjamin e Habermas.
 
Sob a inspiração do marxismo, do hegelianismo e da psicanálise, desenvolveram uma crítica ao projeto iluminista da moderna, à instrumentalização da razão.
 
Por outro lado, no complexo tecido do pensamento filosófico contemporâneo, levando-se em conta a planetarização da cultura (viabilizada pelo intenso intercâmbio cultural), se fazem presentes muitas outras tendências filosóficas, oriundas das mais diferentes regiões do mundo, tais como as tendências orientais.
 
Afora isso, sobreviveram em nossa atualidade, apesar de que em círculos restritos, outras tantas tendências filosóficas mais antigas, como, por exemplo, o caso do tomismo, que se mantém tradicionalmente difuso na cultura católica e teorizado nos centros de investigação teológica da Igreja.
 
Enfim, os paradigmas da educação estão no saber, participar e comprometer-se com contínuo aperfeiçoamento do humano e da manutenção da dignidade humana.
 
 
[1] O sofisma ou sofismo vem do grego antigo e significa fazer raciocínios capciosos, em filosofia, é um raciocínio ou falácia se chama a uma refutação aparente, refutação sofística e também um silogismo aparente, ou silogismo sofístico, mediante os quais se quer defender algo falso e confundir o contraditor. Não devemos confundir sofismas como os paralogismos, os primeiros procedem da má fé, enquanto que os segundos, derivam da ignorância.
A palavra sofista vem do grego sophistes que deriva das palavras sophia e sophos, que significam sabedoria ou sábio, desde os tempos de Homero e fora originalmente utilizada para descrever a experiência em um conhecimento ou ofício em particular. Também progressivamente, porém, a palavra também veio a denotar sabedoria geral e especialmente a sabedoria sobre assuntos humanos.

Os principais e mais conhecidos sofistas foram Protágoras de Abdera (c. 490 -421 a.C.), Górgias de Leontinos (c. 487 - 380 a.C.), Hípias de Élis, Licofron, Pródico que teria sido mestre de Sócrates e Trasímaco, Cálicles embora tenham existido muitos outros dos quais conhecemos pouco mais do que os nomes.
[2] A maiêutica socrática tem como significado "dar à luz" parir o conhecimento, a arte de partejar. É um método ou técnica que pressupõe que a verdade está latente em todo ser humano, podendo aflorar aos poucos na medida em que se responde a uma série de perguntas simples, quase ingênuas, porém perspicazes. Sócrates conduzia tal parte em duas fases:

Na primeira, levava o interlocutor a duvidar de seu próprio saber sobre determinado assunto, revelando as contradições presentes em sua atual forma de pensar, normalmente baseadas em valores e preconceitos sociais.
Na segunda, levava o interlocutor a vislumbrar novos conceitos, novas opiniões sobre o assunto em pauta, estimulando-o a pensar por si mesmo.

Ou seja: a maiêutica primeiro demole, depois ajuda a reconstruir conceitos, transitando do básico ao elaborado, “parindo” noções cada vez mais complexas. A autorreflexão, expressa no nosce te ipsum — "conhece-te a ti mesmo" — põe o Homem na procura das verdades universais que são o caminho para a prática do bem e da virtude. A maiêutica, criada por Sócrates no século IV a.C., tem seu nome inspirado na profissão de sua mãe, Fanerete, que era parteira. Sócrates esclarece isso no famoso diálogo Teeteto.
[3] A visão de Sócrates está sofrendo de alguma ambiguidade: quando Sócrates pede que a base de conhecimento moral e política. Que preocupações conhecimento ser? Podemos distinguir entre saber e fazer algo sei o que algo. Por exemplo, o artista pode fazer a beleza, mas é muito possível que você não sabe o que a beleza ou que medidas concretas devem ser seguidas para alcançá-lo.

O primeiro tipo de conhecimento é o conhecimento entendida como habilidade (seja física ou espiritual) para realizar alguma coisa, e o segundo tipo é o conhecimento entendido conhecimento como explícito e consciente de algo (como por exemplo na ciência).

É fácil ver que estas duas formas de conhecimento, não necessariamente tem que ir junto, assim que o historiador e crítico de arte pode saber explicitamente muitas coisas relacionadas à beleza, mas é muito possível que não sabe como criar arte e beleza. Parece que Sócrates chamado de conhecimento do segundo tipo como garantia das boas e justas obras. Daí a confusão criada em seus parceiros quando pediu uma definição daquilo por que eles deveriam especialistas.

Nossas convicções vulgares parecer contrário ao intelectualismo moral, pois acreditamos que alguém pode saber que algo está errado e ainda assim fazê-lo. Para intelectualismo moral perfeição moral é uma consequência da perfeição do intelecto ou razão; mas outros autores como Aristóteles vai aproximar-se da visão atual quando se considera que o conhecimento não é uma condição suficiente para uma boa conduta e bom.
Este autor como o fundamento da prática perfeição moral da vontade, em vez de a perfeição do intelecto: o bom comportamento não depende tanto conhecimento e disciplina da vontade na realização das ações justas. Assim, do ponto de vista de Aristóteles e contra o intelectualismo moral, pode-se concluir que, certamente, ser é apenas necessário saber realizar a justiça, mas aqui esta palavra não designa um conhecimento explícito e teórico da justiça, mas a posse de uma habilidade ou vontade de realizar atos justos.

Este intelectualismo socrático dominado o pensamento grego até o aparecimento de Aristóteles, que introduziu elementos voluntarista comportamento moral.
[4] Para a filosofia, contudo, o helenismo marcou o surgimento de um novo período: a filosofia helenística (cujo início é tradicionalmente associado à morte de Alexandre, em 323 a.C., prolongando-se até o surgimento de Plotino, no século III da nossa era).
As principais escolas filosóficas deste período são: Estoicismo; Epicurismo; Ceticismo e Cinismo.  É nesse período do pensamento ocidental que a filosofia se expande da Grécia para outros centros como Roma e Alexandria.
[5] Corresponde ao conjunto de doutrinas e escolas de inspiração platônica que se desenvolveram o século II ao século VI, mais precisamente da fundação da escola alexandrina por Amônico Sacas ao fechamento da escola de Atenas imposto pelo edito de Justiniano, de 529. Plotino optou pelo monismo, um só Deus é a suprema (e inconcebível) realidade e o princípio de todas as realidades. Tudo no mundo visível e no mundo invisível é emanação de Deus. 
Deus é a felicidade, mas esta seria inalcançável, pois o ser humano jamais chega a ter conhecimento completo de Deus. Para chegar até Deus, o Homem precisa de auxílio, que só de Deus pode vir, através do êxtase, a mais alta forma de conhecimento. Plotino criou três áreas de conhecimentos:
1.sensorial, a obscura representação da verdade.
2.racional, nos dá ideia das essências das coisas,
3.intelectual, nos fornece conhecimento de nós mesmos.
O sensorial ou sensível permite perceber as coisas materiais e como as coisas sempre estão se transformando esse conhecimento não tem valor.
 
[6] Tomás de Aquino, em italiano Tommaso d'Aquino (Roccasecca, 1225  — Fossanova, 7 de março de 1274), foi um frade da Ordem dos Pregadores (dominicano) italiano cujas obras tiveram enorme influência na teologia e na filosofia, principalmente na tradição conhecida como Escolástica, e que, por isso, é conhecido como "Doctor Angelicus", "Doctor Communis" e "Doctor Universalis" [a]. "Aquino" é uma referência ao condado de Aquino, uma região que foi propriedade de sua família até 1137.

Ele foi o mais importante proponente clássico da teologia natural e o pai do tomismo. Sua influência no pensamento ocidental é considerável e muito da filosofia moderna foi concebida como desenvolvimento ou oposição de suas ideias, particularmente na ética, lei natural, metafísica e teoria política.

Ao contrário de muitas correntes da Igreja na época, Tomás abraçou diversas ideias de Aristóteles - a quem ele se referia como "o Filósofo" - e tentou sintetizar a filosofia aristotélica com os princípios do cristianismo.

As obras mais conhecidas de Tomás são a "Suma Teológica" (em latim: Summa Theologiae) e a "Suma contra os Gentios" (Summa contra Gentiles). Seus comentários sobre as Escrituras e sobre Aristóteles também são parte importante de seu corpus literário. Além disso, Tomás se distingue por seus hinos eucarísticos, que ainda hoje fazem parte da liturgia da Igreja
[7] O pensamento crítico envolve um juízo intencional, no sentido de refletir sobre em que se deve crer ou de como reagir a um exame minucioso, a uma vivência, a uma manifestação oral ou textual, e até mesmo a proposições alheias. Ele também está ligado à definição do conteúdo e do valor do objeto da observação.

Relativamente a certa conclusão ou raciocínio, este pensamento avalia se há uma razão apropriada para acatar a tese como algo autêntico. Os estudiosos Fisher e Scriven defendem que o pensamento crítico é uma compreensão competente e ágil das observações, exposições, conhecimentos e discussões.

Hoje o termo ‘crítico’ normalmente tem um sentido negativo, de reprovação, o que nem sempre corresponde à realidade quando se trata de pensamento crítico. Um bom exemplo é que uma verificação de raciocínios com viés crítico pode ser interpretada como algo positivo.
[8] O positivismo é uma corrente filosófica que surgiu na França no começo do século XIX. Os principais idealizadores do positivismo foram os pensadores Augusto Comte e John Stuart Mill. Esta escola filosófica ganhou força na Europa na segunda metade do século XIX e começo do XX. É um conceito que possui distintos significados, englobando tanto perspectivas filosóficas e científicas do século XIX quanto outras do século XX.

Desde o seu início, com Augusto Comte (1798-1857) na primeira metade do século XIX, até o presente século XXI, o sentido da palavra mudou radicalmente, incorporando diferentes sentidos, muitos deles opostos ou contraditórios entre si. Nesse sentido, há correntes de outras disciplinas que se consideram "positivistas" sem guardar nenhuma relação com a obra de Comte. Exemplos paradigmáticos disso são o positivismo jurídico, do austríaco Hans Kelsen, e o positivismo lógico (ou Círculo de Viena), de Rudolph Carnap, Otto Neubarth e seus associados.
[9] Marxismo é um método de análise socioeconômica sobre as relações de classe e conflito social, que utiliza uma interpretação materialista do desenvolvimento histórico e uma visão dialética de transformação social.

A metodologia marxista utiliza inquéritos econômicos e sociopolíticos e que se aplica à crítica e análise do desenvolvimento do capitalismo e o papel da luta de classes na mudança econômica sistêmica.

Na segunda metade do século XIX, os princípios intelectuais do marxismo foram inspirados por dois filósofos alemães: Karl Marx e Friedrich Engels.

Análises e metodologias marxistas influenciaram várias ideologias políticas e movimentos sociais. O marxismo engloba uma teoria econômica, uma teoria sociológica, um método filosófico e uma visão revolucionária de mudança social.

O marxismo desenvolveu-se em diferentes ramos e escolas de pensamento. Algumas vertentes colocam uma maior ênfase em determinados aspectos do marxismo clássico, enquanto rejeitam ou tiram a ênfase de outros aspectos do marxismo, às vezes combinando a análise marxista com conceitos não-marxistas.

Outras variantes do marxismo veem algumas de suas características como uma força determinante no desenvolvimento social - como o modo de produção, de classe, relações de poder ou propriedade - enquanto discutem outros aspectos como menos importantes ou irrelevantes.
Apesar de compartilhar premissas semelhantes, as diferentes escolas de pensamento do marxismo podem chegar a conclusões contraditórias entre si.
Por exemplo, diferentes economistas marxistas têm explicações contraditórias de crise econômica e previsões diferentes para o resultado de tais crises. Além disso, diferentes variantes do marxismo aplicam a análise marxista para estudar diferentes aspectos da sociedade (por exemplo, crises econômicas ou feminismo.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 17/04/2016
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