O lado 007 que todo bom Advogado deve exibir na profissão

Certo dia, uma pessoa me interrogou: - Você sempre foi assim tão desconfiada?

Sorri e lembrei-me que realmente sempre fui assim, curiosa, atenta, ligada e vidrada em comportamentos humanos.

Desde tenra idade apreciei dar uma parada e observar o comportamento das pessoas. Assim, decidi pesquisar um pouco mais acerca dos mistérios do homem e hoje sou fascinada com esse ser misterioso, e muitas vezes irreconhecível, que comumente chamamos de ‘humano’.

Decidi, após muitos anos, cursar Direito.

Ora, se já era desconfiada e intrigada com certas esquisitices humanas, hoje me vejo em plena sintonia como um investigador 007 do Século XXI.

É que na profissão que agreguei às demais que já desempenhava, ser uma observadora das manhas e maldades, além de criatividade do homem é, sem dúvida, um plus na carreira e quem realmente detém esse ‘kit de observatório humano’ faz proezas em sua profissão.

O advogado deve deter uma boa dose de desconfiança, saber ler as pessoas, observar entonação de voz, síndrome das pernas inquietas, voz embargada, sudorese, empalidecimento, gagueira, olhos com dificuldade de fixação num determinado ponto, pensar demasiadamente antes de falar, uso de falácias, pessoas que durante uma conversa cruzam os braços, mãos trêmulas, respiração ofegante, sobrancelhas em evidência, mãos nos bolsos, etc.

O certo é que nada custa observar o comportamento do semelhante, entender um pouco mais sobre leitura corporal, mentes perversas, desequilíbrio emocional, pois o homem movido por violenta emoção ou por mero desejo de perversão, torna-se capaz de atitudes que chocam a sociedade, podendo (pasmem), inclusive ser um choque para ele mesmo, uma vez que em certas situações afirmam que não sabem como foram capazes de praticar determinados atos.

Desta forma, é imprescindível que o moderno advogado saiba ler as pessoas, entendendo que muitas vezes, livros com capas nada atraentes contêm histórias belíssimas. Explico: Não devemos julgar por idade, aparência, crença, situação socioeconômica, nem qualquer outro dispositivo discriminatório, pois além de ser feio e deselegante, é altamente injusto, imoral e covarde.

Claro que muitos personagens, ao observarmos de forma rápida e superficial, conseguirão nos enganar, uma vez que é impossível em curta temporada deixarem brechas ou rastros.

No entanto, o segredo está em observar os detalhes, gastarmos tempo colhendo informações do ‘investigado’.

Gosto de, eventualmente, assistir a um programa de televisão que considero de baixíssimo nível cultural, mas que, no quesito psicologia, muito me ensina. Este programa chama-se BBB (Big Brother Brasil).

Ali estão confinadas várias pessoas que nunca se viram, jamais travaram um diálogo, várias classes sociais, várias crenças, etnias e profissões. No entanto, elas têm um objetivo em comum: ficarem ricas e famosas com o fato de estarem em evidência nas telinhas do plim-plim em horário nobre.

Costumo ver o início, ou melhor, o dia em que adentram à casa, seus primeiros diálogos, vários sorrisos rasgados, etc.

Depois de 20 dias perco mais alguns minutos do meu corrido tempo para saber como estão os ‘presidiários’.

Ali, encontro um cenário bem diferente. Então, começo realmente a me interessar: pessoas deixando as máscaras caírem, atropelando outras, focadas em serem líderes e conquistarem o imperdível prêmio ofertado pela emissora e patrocinadores, dentre outros fatores comportamentais, típicos do fantástico e fascinante homem.

Mais um tempo se passa e novamente assisto uns três episódios finais.

Ali, realmente encontro máscaras caídas, pessoas oprimidas, sistema nervoso à flor da pele, e o que outrora era uma brincadeirinha, torna-se um jogo severo, onde sobreviverá o mais articulado, mais esperto e que conseguiu conquistar uma nação.

Eis o mistério de ser um advogado antenado, com DNA de um legítimo e genuíno 007, sabendo quando seu cliente está mentido, quando uma testemunha dissimula descaradamente, percebendo quando o advogado da parte contrária tenta lhe impressionar e ‘meter terror’, dentre outros aspectos.

Realmente sou, estou e serei uma eterna desconfiada.

Confesso que esta conduta tem-me rendido boas gargalhadas, muito aprendizado e surpreendido muita gente que tem a ideia que sabe muito e que o saber chegou até ele, rasgou o manual didático e todos os demais semelhantes são idiotas ou burros de carga.

Advogado antenado, conhecedor da mente humana e apaixonado pela profissão faz uma diferença enorme e se sobressai perante os ‘normais’ que categoricamente discordam ou não acham interessante entrar nesse mérito.

Advogado é um ‘bicho’ esquisito mesmo...

Reflito, perdido em pensamentos e pondero: É melhor ser esquisito que ser tolo e ingênuo!

Contos e Encantos
Enviado por Contos e Encantos em 14/02/2016
Código do texto: T5543494
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