JORNAL QUE VOCÊ COMPRA, PAGA OUTRA VEZ

* Nadir Silveira Dias

Ao comprar o jornal diário em banca ou através de assinatura – Não se espante! – é quase certo que você esteja pagando outra vez por ele. E mesmo o digital, se por ele estiver pagando assinatura.

Mas como? – Perguntará o leitor. E a resposta é muito simples. As empresas jornalísticas não se sustentam pela venda de exemplares nas bancas de jornais, em pontos especializados ou pelas assinaturas dos leitores.

Elas se sustentam pela publicidade paga em suas páginas pelos micros, pequenos, médios, ou grandes industriais, comerciantes, ou prestadores de serviços, além das pessoas em geral, e pelas empresas de controle estatal ou misto e pelas próprias personalidades jurídicas de poder político: Os Governos Municipais, os Governos Estaduais e o Governo Federal.

E se é verdade que os primeiros ainda podem exercer relativo controle nos preços cobrados pela publicidade nos jornais, pois podem optar por outro jornal, outro veículo de comunicação ou ainda pedir preço menor, no plano estatal, nada disso é possível. É tudo praticamente impossível de aferir.

O que se sabe, quando se sabe, é o montante gasto em verba publicitária que inclui a propaganda de toda ordem, impressa, falada, televisada, marquetizada, e outras tais, para que o governo da vez publique o que fez ou faz. Absolutamente tudo pago por nós, através da sempre crescente tributação.

É obvio que as empresas de jornal que não contem com verba publicitária do poder público ou governamental não podem concorrer com aquelas que contam com esse aporte e por isso, tal regra não pode valer para elas. Essas, sim, podem cobrar pela assinatura ou pelos jornais vendidos em bancas de jornais. Até porque elas constituem a parcela de primos pobres diante das grandes corporações jornalísticas de que a maioria dos países está entupida.

E fica absolutamente claro para quem pensa, que essas grandes corporações podem, sim, distribuir gratuitamente os jornais diários, pelo quanto recebem de verba publicitária pública cujos recursos provêm daqueles que acabam comprando os jornais. Como corolário da assertiva, veja-se o seu poderio econômico expandido por amplos setores da economia. A questão que avulta é o volume de dinheiro que elas absolutamente pretendem não deixar de ganhar, em tiragens diárias que podem ultrapassar os duzentos mil exemplares. Torna-se óbvio que pensam que ganhar outra vez é muito melhor do que ganhar apenas uma vez.

Eu creio que ainda vamos evoluir para um estágio em que os jornais que contem com verba publicitária pública sejam entregues aos seus leitores sem a cobrança de qualquer valor.

Aliás, do mesmo modo como ainda também chegaremos ao transporte público universal pago pelo poder público. E, no caso do Brasil, sem acréscimo de qualquer mínimo montículo de tributo, pois o que Brasil precisa – Urgentemente – é a drástica redução de tributos.

E essa ideia de transporte público sem contrato típico pago em cada uso, vale dizer, transporte pago através da tributação, não é nada inédita, não.

A cidade de Colomiers, por exemplo, Toulouse, na França, com 33.000 habitantes, conta com transporte público gratuito desde 1970. A cidade de Tallinn, capital da Estônia, com 420.000 habitantes, igualmente, oferece transporte público gratuito. A cidade de Perth, na Austrália, com quase dois milhões de habitantes, tem transporte gratuito no centro comercial, e, inúmeras outras pequenas cidades dos Estados Unidos tem transporte público universal.

21.03.2014 - 12h28min

* Escritor e Jurista – nadirsdias@yahoo.com.br

Nadir Silveira Dias
Enviado por Nadir Silveira Dias em 22/05/2014
Código do texto: T4816350
Classificação de conteúdo: seguro