Dos delitos e das sanções. VIII Fim.
Dos delitos e das sanções. VIII Fim.
Repetindo: um Juízo Universal pode ser feito em todas as línguas, idiomas, e dialetos possíveis, para ser verificado, analisado e concluído sobre o que afeta negativamente ou positivamente o Ser Humano, com as seguintes propostas : 1.ª – “eu vou causar a dor-sofrimento, e ser violento”; e, 2.ª – “eu não vou causar a dor-sofrimento, e não ser violento”. A resposta aparece evidenciada...
A violência imprime a marca da violência... É como se o indivíduo dissesse (ou ordenasse): -“eu quero que você seja violento comigo, porque vou ser ou sou violento”! Nisto, que ocorre há milênios, pode-se depreender que quem quer e determina a violência é o indivíduo violento (ANORMAL). A pessoa comum, deparando-se com a violência, desde logo reage pensando na justiça, que é tida como o meio eficiente e eficaz de “meter o violento atrás das grades, e vê-lo ter dor-sofrimento, isto é: JUSTIÇA É PRATICAR A VIOLÊNCIA; por sua vez, concomitantemente, cria o dever da sociedade, através do Estado-juiz, em fazer-lhe civilizadamente um Processo, que vai ter o seu ponto culminante na CONDENAÇÃO PENAL, OU CAUSAR DANO, OU, CONDENAR O VIOLENTO.
CICLO VICIOSO: VIOLÊNCIA x VIOLÊNCIA x VIOLÊNCIA x VIOLÊNCIA...
A premissa (ou o fundamento) de que a prevenção e o combate à violência está na violência se anula em si mesma – de resto, certamente este é um dos mais importantes exemplos do significado de TAUTOLOGIA.
DISCIPLINA tem a mesma etimologia da palavra "discípulo", que significa "aquele que segue". DISCIPLINA é sinônimo de: acatamento, condicionamento, obediência, respeito, restrição ...
Não obstante adotada milenarmente, a ideia de que disciplinar significa violentar, além de ser contemporaneamente retrógrada, se “ensina” algo é (exclusivamente) através do medo... ou do pavor.
A (nossa) educação é essencialmente baseada no TEMOR: “não faça ou faça isto ou aquilo, senão você vai ter - sofrer - advertência, multa, punição ou sanção etc. Raramente alguém diz: “não faça isto ou aquilo porque pode causar dor-sofrimento a outrem” etc.
A EDUCAÇÃO, muito cedo, disciplina (condiciona) a conduta (fazer, não fazer, ou dar) da criança a recear dar causa à violência, ou seja, a recear dar causa a dor-sofrimento. Mas, a própria criança (adolescente, ou adulto) vê, e, sente (muitas vezes, literalmente, na pele), que o objeto do ensinamento, A VIOLÊNCIA, constitui a sua EDUCAÇÃO como forma, meio, modo, e instrumento utilizado “pedagogicamente” para a DISCIPLINA sobre o que se repele, quando não se mistura as expressões VIOLÊNCIA E DISCIPLINA com igual conteúdo de mérito.
Ratificando: NÃO HÁ, E NÃO PODE HAVER, POLÍTICA DE PREVENÇÃO E COMBATE À VIOLÊNCIA PORQUE HÁ A DIDÁTICA DA VIOLÊNCIA – talvez seja porque essa evidência esteja tão perto dos olhos que não se consiga vê-la...
Uma particularidade: “levei uma surra” do meu Pai que me pegou fumando ... Ele foi um “monstro”, “perverso”, “sádico” ? Evidentemente, NÃO! Agiu como todo o mundo agia (e age): responsável, consciente e cioso de sua obrigação como Pai, teve a exclusiva a intenção de educar-me... A minha conduta era uma violência, ou desrespeito a ele, quando o cigarro era uma violência a mim mesmo... Por fim, ele pensou poder combater a violência com a violência, como todo o mundo fazia ... e (ainda) faz: não adiantou – infelizmente sou um tabagista (doente) há 53 anos ...
Em outras palavras, a crítica em pauta não é destrutiva, ou desconstitutiva da cultura reinante (preponderante, insisto: há milênios) em que O MODELO DA VIOLÊNCIA FOI E PERMANECE FINCADO NA PARADOXAL LÓGICA DA VIOLÊNCIA PARA PREVENIR E COMBATER A VIOLÊNCIA. Contudo, sim, a busca e consecução de uma (imediata) mudança de rumo na trajetória do Humanismo com a concretude do inutuito real e verdadeiramente pedagógico e didático da estrutura da psicologia individual e social redirecionada para a NÃO-VIOLÊNCIA ...
Por derradeiro, no contexto desses sete (sucintos) artigos, a NÃO-VIOLÊNCIA não é uma “filosofia de vida”, e muito menos uma utopia, ou uma obsessão a ser alcançada, entretanto, sim, uma proposição crítica a respeito do próprio conceito de JUSTIÇA PENAL (também, com que intensidade de ira espraiada, a chamada “indignação”, ela é reclamada), com a finalidade de ser analisada e posta em prática para a Qualidade de Vida da Pessoa Humana, que não pode ter na dor-sofrimento (provocada) nenhuma experiência que lhe sirva de “lição”.
-“SE O RANCOR SUBCONSCIENTE TIVESSE UM PARALELO NOS ESCRITOS BUDISTAS, TERIA A VER COM O QUE É CHAMADO DE INSATISFAÇÃO OU INFELICIDADE MENTAL, O QUE É CONSIDERADO COMO A FONTE DO ÓDIO E DA HOSTILIDADE. O RANCOR SUBCONSCIENTE PODE SER EXPLICADO COMO UMA FALTA DE CAPACIDADE DE PERCEPÇÃO OU COMO UMA INTERPRETAÇÃO ERRADA DA REALIDADE”. [pag. 91, ob. cit. Palavras de Sabedoria - A. Dalai Lama - Ed. Sextante (Editado por Renuka Singh)] – espiritual, e, “à la fois”, lógico, pois a falta de capacidade de percepção ou a interpretação errada da realidade refletindo a ignorância, traduz a insciência de que o rancor, o ódio e a hostilidade, são emoções que descaracterizam a própria pessoa humana – primacialmente: ser de luz e paz.
Há quem diga que – “um fato vale mais que mil palavras”! É o que (ainda) se vê...
Niterói, RJ, 12 de agosto de 2013.
Rodolfo Thompson – OAB(RJ): 43.578.
Ps. Os fundamentos destes textos estão no que nos ensina, em primeiro lugar, Jesus Cristo, depois, Francisco de Assis, Mahatma Gandhi, e, o Dalai Lama...