ATENÇÃO, ATENÇÃO BANCÁRIOS!

*Nadir Silveira Dias

Sempre me impressionaram profundamente os graves e irrecuperáveis efeitos da greve em qualquer segmento da sociedade, seja na indústria, no comércio, nos serviços.

E isso porque esses setores da economia não existem um sem o outro. Assim como não existe qualquer um desses setores se não existir a sociedade de quem se nutre e para quem, necessariamente, dirige os seus produtos, os seus serviços.

Então resta absolutamente claro que quando existe greve quem é punida, direta e imediatamente, é a sociedade, não os capitães de indústria, não os capitães de comércio, não os capitães das diversas redes de serviços. Não os capitães dos conglomerados financeiros, não os diversos agentes políticos das esferas públicas municipais, estaduais e federal. Mas sim todas as pessoas – imensa maioria – que não faz greve e que depende de todas essas atividades que estejam em greve, independentemente do mérito ou não de suas reivindicações. E isso é fato. Isso é, parece-me, incontestável.

Não é por outra razão que ao ser contestada uma greve, o Poder Judiciário sempre determina que ao menos um certo percentual da atividade seja mantido para que a repercussão não seja de todo devastadora na vida das pessoas. De resto, determinação quase sempre nunca cumprida e sem que os seus descumpridores sejam exemplarmente punidos. E não se pense em exceções, que também existem, mas nunca desfazem o prejuízo sofrido pelas pessoas. Isso por conta do interesse de outras pessoas que deveriam prestar as atividades e estão em greve.

Disso temos exemplos o tempo todo. Os mais recentes são a greve dos Correios, que hoje me entrega correspondência postada em dezenove de setembro, e a greve dos bancários, que ajudou a contabilizar contra a sociedade uma parcela enorme de encargos nas contas não pagas porque não vieram ou porque não existiam bancos abertos onde fossem pagas. E nós temos a mais perversa e vergonhosa cobrança de encargos financeiros do mundo, tudo com a chancela do governo da vez. Ou seja, mais uma vez, a greve ajudou os banqueiros a ampliar os seus lucros.

Lucros, aliás, nos quais também estão de olho e bem por isso mesmo objeto de reivindicação dos bancários. Os bancários querem participação nos lucros que os banqueiros auferem da sociedade que os mantém. Isso enquanto carreiam mais lucros para os banqueiros com a greve que impõe mais encargos para a sociedade.

A verdade é que todos, sem exceção, sofreram os efeitos da greve. O que pode variar é a sua extensão. Uma coisa, porém, parece-me clara, a greve abriu uma clareira muito grande nos serviços bancários, e, apesar disso, muitas coisas das empresas de bancos funcionaram. Especialmente pela internet, pelos Correspondentes.

E isso é muito perigoso para os bancários, pois não se deram conta que essa longa greve foi capaz de mostrar aos banqueiros o quanto eles, bancários, são necessários. Mas isso já está tabulado pelos banqueiros.

Vamos ver o que farão os bancários.

24.10.2013 - 18h30min

* Jurista e Escritor - nadirsdias@yahoo.com.br

Nadir Silveira Dias
Enviado por Nadir Silveira Dias em 27/10/2013
Reeditado em 27/10/2013
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