RECURSO EM VERSOS...
A Embratel foi condenada a pagar indenização de R$ 2.000,00 por danos morais por ter negativo um agricultor que mora em Cachoeiro de Itapemirim –ES. Segundo a empresa o autor teria duas linhas telefônicas em São José do Rio Preto-SP. A Companhia perdeu a causa porque o autor jamais saiu da cidade. Não se conformando com a sentença a advogada da Embratel interpôs, junto ao Colégio Recursal dos Juizados Especiais Cíveis, um recurso onde defende a ré como se fosse a própria presidente da Empresa. O Colégio Recursal manteve a sentença e ainda mandou pagar honorários. Entre outras pérolas, afirma que, se continuar assim, “nossa” empresa pode até quebrar, etc.
As contra-razões foram apresentadas em 19 versos de oito sílabas, (redondilha maior) e um verso em sextilha, devidamente metrificados, como segue:
SENHOR RELATOR:
1
Em respeito a este Juízo,
que judica com esmero,
respondo a este recurso,
interposto em destempero.
2
Mas se entende o desespero,
e tanto desassossego:
Pensa o patrono novato:
“- Não posso perder o emprego”!
3
É de tirar o sossego,
-É a doutora quem diz-:
“-Minhas provas nada valem,
o julgador não as quis!”
4
Foi deveras infeliz,
A forma como pensou,
pois sem provas a Embratel,
o autor negativou!
5
Dizendo que não pagou,
uma conta pra “inglês ver”,
na lista negra a Empresa,
o autor foi inscrever!
6-
- Agimos na lei- é só ler-,
diz a ré noutro ramal:
- Quem tem que pagar o dano,
é a operadora local!
7
Mas o autor é do arraial!
Nunca saiu rumo norte,
nunca foi para São Paulo,
nem pra tentar sua sorte!
8
Como explicar pra consorte,
que é senhora de respeito,
que nunca vendeu seguro,
em São José do Rio Preto?
9
A ré quer tudo desfeito,
fala em rito especial.
Dita normas e mistura
o civil e o criminal!
10
Pra ela tudo está mal...
Dois mil?! Difícil pagar!
Será que o Juízo não vê
que assim vão nos “quebrar”?
11
Por causa do mesmo erro,
em Brasília, certa vez,
o Juiz da Nona Vara
deu na ré um vinte e três!
12
Mas o réu foi enquadrado
na pena pelo que fez!
Valor do dano causado:
Duzentos “vez” vinte e três!
13
Se foi gozando o freguês,
por favor, alguém me ligue,
pois eu sei que o “vinte e três”,
é prefixo da Intelig!
14
E mesmo que eu pouco abrigue,
das doze laudas expostas,
certamente vou deixar,
o Colégio sem respostas!
15
Mas como não sou de apostas,
No mérito vou sem insânia:
-Veja bem Senhor Juiz,
Que enorme miscelânea!
16
- A sentença é temporânea -
Diz a ré inconformada!
-Tudo mais se pedirá,
- se a mesma for confirmada!
17
-Minh!água não foi usada,
-Esta luz eu desliguei!
-O telefone né meu!
Nem cartão desbloqueei!
18
Eu até que vislumbrei,
lendo tal premonição,
um cara muito engraçado,
que vi na televisão!
19
Não se fala em “mensalão”,
Mas o filme é divertido.
Veja bem senhor Juiz
Se não é bem parecido|:
20
Faz tipo de candidato,
que pretende ter mandato
pra descolar a “verdinha”!
Mas pego com a mão na massa,
diz sem pejo e muita graça:
“-Esta grana não é minha!”
PROCESSO 011040022573- (4899/04)
CONTRA- RAZÕES RECURSAIS