Analfabetismo Político

Analfabetismo todos sabem o significado. Significa aquele que não sabe ler nem escrever, conforme consta no dicionário Aurélio. E existe também o analfabetismo funcional que mesmo sabendo ler e escrever um algo simples, ou mesmo entender o significado das letras, ainda falta as habilidades de leitura, de compreender o que está escrito.

Mas o que é analfabetismo político? Analfabetismo político, por analogia, é a ausência de conhecimento, de entendimento, de discernimento acerca dos critérios políticos, da importância da participação na vida, das regras que norteiam a política e, por consequência, da sociedade. Geralmente o analfabetismo político surge pela falta de entendimento ou mesmo pela descrença naqueles que se propõem a exercer cargos públicos.

Ora, mas não é só nesse sentido que devemos analisar o que é o analfabetismo político. Recentemente tivemos eleições municipais e foi possível observar o que os candidatos se propunham a fazer, caso fossem eleitos. Sem fazer análise ou crítica aos candidatos e bem como à forma como se pronunciavam, o que devemos analisar são as propostas deles.

Para quem prestou atenção aos projetos políticos, observou-se que muitos candidatos não tinham a mínima noção de qual é a função de vereador, já que defendiam propostas que não estão no rol de atribuições da vereança. Crimes, por exemplo, é competência do legislativo federal, ou seja, da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Nunca à Câmara de Vereadores. E isso ocorre por falta de conhecimento do que é ser vereador.

E mais, se não sabem qual é a função do vereador, é possível que não saibam qual a fonte que determina as atribuições inerentes ao cargo. Em outras palavras, é possível que, por ignorância ou ausência de conhecimento, não saibam que a é Constituição Federal a fonte primeira que determina a atribuição de cada órgão.

Esquecem, por exemplo, que a censura é proibida no Brasil, bem como que há liberdade de expressão, ou que vivemos num país democrático, onde todos podem opinar com responsabilidade, ou que o direito emana do povo que o exerce indiretamente, por meio de políticos eleitos, ou diretamente, ou que vivemos em um Estado laico, sem religião oficial.

Esquecem também que o exercício da cidadania passa pela fiscalização da coisa pública, pois é, ou deveria ser, voltada à sociedade todos os atos políticos. Em outras palavras, as decisões políticas são públicas e assim devem ser mantidas. Não é com censura às manifestações que se faz um país democrático.

Nessa linha de raciocínio, é até provável que esqueçam da responsabilidade perante seus eleitores.

Não venho fazer apologia, repito, a essa ou aquela ideologia política. Apenas quero deixar registrado o descrédito em relação à atitude dos vereadores de Piracicaba no dia 29/10/2012, ao demonstrarem desconhecimento do disposto na Constituição Federal. No citado dia, alguns se mostraram desrespeitos e ofensivos perante cidadãos no exercício de seus direitos individuais, e outros se mostraram omissos perante tamanha inconstitucionalidade e ilegalidade. Em nenhum momento defenderam o exercício da cidadania.

Senhores vereadores, o exercício da cidadania em um país democrático permite a participação popular de forma respeitosa e não só a participação nas urnas.

Piracicaba, 31 de outubro de 2.012.