A estética na sociedade contemporânea
A autora analisa o conceito de estética no plano histórico, social e cultural, traçando a evolução filosófica sobre o belo, a percepção e o sentimento.O feio perde tal conceito se possui expressividade e atende a sua proposta original.
Estética advém aisthetikós, derivado do verbo asthanesthal: perceber, sentir, sem dúvida, é um dos ramos tradicionais da filosofia.
Sábias palavras proferiu Flammanarion”tudo passa, diz Gautier, só a arte conhece a eternidade; tudo passou no Egito, salvo a grandeza dos seus colossos erguidos da areia; tudo passou na Grécia salvo a sabedoria e a Arte.”
Em todas as partes e sempre os homens sempre impressionaram com o Belo. Mas por que as consciências são sensíveis ao apelo da beleza?
A arte já era conhecida do espírito humano há uns 80 mil anos, pois é desta época que datam as mais antigas pinturas das cavernas. Somente a religião é anterior ao aparecimento da Arte.
O termo estética foi criado por Baumgarten no século XVIII para designar “a ciência do belo” referindo àquilo que agrada ao sentidos, mas elaborando uma ontologia do belo.
A ligação da estética com a arte ainda é mais estreita se considerada que o objeto artístico é aquele que se oferece ao sentimento e à percepção.
“A arte é uma série de objetos que provocam emoções poéticas “ Corbusier
Desde de Platão ao classicismo, os filósofos tentaram fundamentar a objetividade de arte e da beleza.
Platão definiu a beleza como a única idéia que resplandece no mundo. Se reconhece o caráter sensível do belo, por outro lado, continua a afirmar a sua essência ideal. Mas o “belo em si” existe inerente à tudo.
O classicismo redunda um fazer artístico a partir do belo ideal, inaugurando uma estética normativa.
Os filósofos empiristas que relativizam a beleza do gosto e da opinião pessoal não pode ser discutido racionalmente.O belo não está no objeto, e, sim no sujeito.
O belo não está no objeto, e, sim no sujeito. A estética é o estudo do Belo e da Arte em geral do ponto de vista histórico, científico e filosófico.
É campo de pesquisa que abrange os grandes métodos, o histórico, o científico e o filosófico.
Primeiramente, a beleza é uma percepção sensório-emocional. A sensibilidade estética é a capacidade de perceber as coisas como belas.
Kant emprega a palavra estética num sentido diferente.Para ele, a estética transcendental é a ciência de todos os princípios da sensibilidade a priori.
Para Kant, é Belo tudo aquilo que, sem nenhuma intelectualização é objeto de uma satisfação do espírito.
A sensibilidade estética, como todo sentimento intenso, tendo a se exteriorizar. Kant, numa tentativa de superação dessa dualidade objetividade-subjetiva. Para ele enfim, o belo é uma ocasião de prazer, cuja causa reside no sujeito.
O princípio do juízo estético, portanto, é o sentimento do sujeito e não o conceito do objeto.
No entanto , há a possibilidade de uma universalização desse juízo subjetivo porque as condições subjetivas da capacidade de julgar são as mesmas em todos os homens.
Belo é a qualidade atribuída ao objeto para exprimir um certo estado da nossa subjetividade. Não há uma idéia de belo submetida à regras para sua produção.
Hegel anos mais tarde, introduz o conceito histórico de belo. A beleza muda de face e de aspecto através dos tempos. Essa mudança(devir) que se reflete mais perceptivelmente na arte, depende mais da cultura e da visão de mundo vigentes do que uma exigência interna do belo.
Pela perspectiva fenomenológica, consideramos o belo como qualidade de certos objetos singulares que nos são dados à percepção.
Beleza é, outrossim, a imanência total de um sentido ao sensível.
Belo é objeto que realiza o seu destino e é autêntico, é seu particular modo de ser.
O significado do belo só pode ser percebido pela sensibilidade estética e para experiência estética.Cada objeto singular estabelece seu próprio tipo de beleza.
Há dois modos de representação do feio(a representação do assunto feio e a forma de representação feia). O feio foi banido do território artístico durante séculos mas ultimamente no século XIX ele vem a ser reabilitado. E o que diga a moda pós-moderna, underground, dark e a maioria dos street style.
A arte rompe com a idéia de ser cópia do real, é uma criação autônoma que possui a função de revelar as possibilidades do real.
A arte é avaliada pela autenticidade de sua proposta, e com a sua capacidade de se exprimir ao sensível. Só haverá obras feias se forem malfeitas e não correspondem plenamente à sua proposta.
Não há, pois, obra de arte feia. A arte, diz Hegel, senão o mais subjetivo desenvolvimento do espírito a partir do real, e as suas formas históricas representam cada uma a seu modo, momentos desta evolução.
Contemporaneamente, a estética, tendo renunciado em princípio a todo cânone, é caracterizada por uma abundância de correntes, cada uma constituindo suas teorias particulares.
A sensibilidade estética pode enquadrar-se em várias categorias sendo as principais belo, sublime, bonito, poético, gracioso, etc.
O belo decorre do equilíbrio oriundo da perfeita combinação de todos os elementos esteticamente relevantes. O sublime nasce exatamente da exacerbação do belo.
Segundo Kant, quando o belo aliam-se elementos que trazem à consciência certa idéia de infinitivo. Há em tal categoria uma grandiosidade que ultrapassa a dimensão humana.
A teoria dos princípios a priori da sensibilidade, se insere no conjunto da teoria do conhecimento da filosofia transcendental. Na “Crítica do juízo”, ele fornece outro sentido, a estética. O sujeito pode distinguir o belo na natureza e no espírito.
O juízo do gosto não é o do conhecimento não é lógico. Atende ao princípio determinantemente estético, ou seja, subjetivo.
A visão nítida do céu totalmente estrelado, ou a visão do azul do planeta Terra. O bonito é a forma diminuída do belo(é apoucamento do belo) e, não alcança a harmonia e a realização cabal deste.
O poético já a dispõe dos elementos estéticos de tal forma que redunda em leveza e encanto e, produz a harmonia do todo. O lírico é uma sentimentalização do poético e o épico é sua racionalização ou engrandecimento. O gracioso é mais dinâmico, é característico de formas em movimento, espontâneo, sem esforço e elegante.
Dentro da escola estética, o belo se divide em beleza primária(pessoas), secundária(natureza) e beleza terciária: a arte. A arte é a criação do belo pelo homem, é o resultado de um artesanato estético.
A questão da modernidade é controvertida e eminentemente contemporânea e que envolve questões filosóficas da interpretação da verdade, as sociedade, da arte e da cultura.
De um lado, temos o francês Lyortard e, por outro lado, o alemão Habemas. O primeiro introduz a questão da “condição pós-moderna” como uma necessidade de superação da modernidade sobretudo na crença na ciência e na razão emancipadora, considerando, do contrário, responsáveis pela subjugação do indivíduo.
De acordo com Lyotard seguindo orientação romântica a emancipação deve ser conquistada através da valorização do sentimento e da arte onde o humano é mais livre e criativo.
Habemas defende o chamado projeto da modernidade considerando-o inacabado mas precisa ser levado adiante, e só através dele, pela valorização da razão crítica, será possível obter a emancipação do homem da ideológica e da dominação político-econômica.
Depois de tantas apologias do belo, tal conceito sofreu uma releitura a redundou em expressões artísticas como a do streetstyle, underground, dark, over, pós-moderno e, ainda por último, o modesto estilo clean.
O belo afinal sucumbiu a harmonia e, se efetivou muito mais, como uma percepção absorvida pelo sujeito cognoscente.
A arte é expressão do belo, é uma maneira de descarregar as intensas emoções estéticas. Todo estado afetivo( ira, dor, prazer, alegria ou amor) tende a terminar em movimentos exteriores e resumir-se ao mesmo tempo, neles.
Sempre o homem está lotado de emoções que deságuam sua alma sob forma de dança,na música, canto, língua lírica, e nas cores da pintura.
Historicamente a pintura foi a primeira das artes do homem que começou a pintar o interior da caverna. Mesmo as tribos mas selvagens e primitivas sempre manifestaram o belo.
A natureza é princípio da coisa mesma; a arte é princípio em outra coisa(Aristóteles).
O problema do feio está inserido nas colocações que são feitas pelo belo. Por princípio, o feio não pode ser objeto de arte.
Duas formas de representação do feio, a do assunto feio e da forma de representação feia. O feio no século XIX veio a ser reabilitado ao território artístico.Até porque o feio é extremamente expressivo.
Com a ruptura com a idéia da arte ser cópia do real para ser considerada criação autônoma que pode revelar as possibilidades do real.
O entendimento do mundo pode se dar através da intuição, do conhecimento imediato da forma concreta e individual, que não fala à razão, mas do sentimento à imaginação.
Intuição pode ser empírica, e tem caráter de descoberta, seja de um objeto, de uma nova idéia ou um sentimento. O sentimento, por outro lado, é uma reação cognitiva, de reconhecimento de certas estruturas do mundo cujos critérios não podem ser explicitados.
O sentimento esclarece e motiva a emoção. A emoção é uma resposta, é uma maneira de lidarmos com o sentimento.
A arte não pode jamais ser conceitualização abstrata do mundo, é, pois, percepção do real e que cria e recria as formas sensíveis que interpretam o mundo proporcionando o conhecimento por familiaridade com experiência afetiva.
A captação do real alcança arestas profundas e imediatas o que justifica a assertiva de Suzanne Langer: “Entender a idéia de uma obra de arte é mais como ter uma nova experiência do que como admitir uma proposição.”
A arte ela própria, é uma realidade social. A sociedade precisa do artista e tem o direito de pedir-lhe que seja, consciente da função social da arte.
No fundo, o significado da arte é mais um processo crescente e avassalador de humanização seja pela interpretação dos sentimentos ou do pensar.
Gisele Leite