PRECONCEITO “RELIGIOSOCIAL”
 
Durante certo período de minha vida, até os 18 anos, fui educada por meus pais. Educação severa, à moda antiga, com muitos nãos e obrigações.
Muitos de minha época, que obedeceram à risca seus pais, sabem do que estou falando.
Sofri desde cedo preconceito religioso e social. A vida na roça tornava-me alvo de muitas chacotas entre os coleguinhas da “escola” e a religiosa igualmente por ser filha de católicos não praticantes.
Era uma turbulência.
Minha mãe era filha de evangélicos e papai, como a grande maioria de católicos que conheci na infância, vivia o sincretismo religioso. Rezas, misturadas a passes em centros de mesa branca, ladainhas e terreiros de religiões africanas. A identidade religiosa era incerta para mim e para todos em minha casa. Líamos a Bíblia e livros de outras religiões.
Às vezes dava nó em minha cabeça. Seguir a vontade de quem não está convicto é bem complicado... Meus pais eram assim. Meus tios e tias também. Se o catolicismo não resolvia, buscavam ajuda em outras religiões. Sincretismo religioso avidamente praticado.
Então para o padre nós não éramos católicos, para os kardecistas não éramos espíritas e para os terreiros não éramos nada...
Aos dezessete anos após uma oração silenciosa em minha cama, converti-me ao protestantismo e passei por um duro processo de fanatismo religioso.
No fundo eu não sentia vontade de usar as roupas que era obrigada a usar e nem achava que outros religiosos estariam fadados à perdição. Aprendi realmente o significado do cristianismo e abracei os princípios bíblicos como lema principal em minha vida.
Aí foi um deus-nos-acuda. Muitos católicos me odiavam e outros religiosos da mesma maneira me olhavam como se eu fosse uma criminosa.
Aos 30 anos, saí da denominação a qual pertencia, devido à discordância com os costumes rigorosos e fui discriminada também por evangélicos.
Vejo muita gente dizendo que evangélicos dizem que outros religiosos estão errados, ouço muitos católicos dizendo que não sou evangélica.
Cristãos acreditam que Cristo nasceu, morreu e ressuscitou e é mediador entre Deus e os homens. Professam os princípios bíblicos de que o juízo pertence a Deus.
Então porque o preconceito?
Preconceito religioso é um ato que é visto em qualquer seguimento social.
Há muito preconceito social em qualquer seguimento religioso.
A negação dessa realidade é insanidade.
Se quisermos viver em paz nossa fé em qualquer lugar do Brasil e ser aceitos na sociedade é necessário aprender a arte do silêncio.
Ouvir chacotas por estar vestido com simplicidade é normal em qualquer lugar que até hoje conheci. Ouvir piadinhas de mau gosto por sua opção religiosa da mesma maneira.
Poderemos ensinar respeito ao próximo se na realidade não nos respeitamos?
Há que se criar uma lei que puna severamente tornando inafiançável esse preconceito?
INEZTEVES
Enviado por INEZTEVES em 11/06/2012
Reeditado em 11/06/2012
Código do texto: T3717157
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