Quando era para tirar o DEZ!!!!!!
A sessão de júri fervilhava...
Defesa e acusação se degladiavam utilizando os mais convincentes argumentos no sentido de resgatar dos jurados votos para suas partes.
Ao réu, acusado de perfurar várias vezes a vítima de forma letal com arma branca, só restava torcer para que sua defesa lograsse uma melhor atuação e conseguisse minimizar a pena que certamente lhe seria impingida.
O 'doutor das leis' que o defendia, nas vezes em que havia atuado, expôs suas teses de forma brilhante, causando admiração por sua desenvoltura e conhecimento jurídico, entremeando palavras rebuscadas, citações em inglês, latim e exemplos compatíveis. Os que assistiam ao julgamento, que era um público mesclado por outros profissionais da área, estudantes de Direito e alguns poucos leigos, bem como o próprio 'staff' de apoio no tribunal, ouviam atentos as suas explanações!
Já na tréplica que lhe foi concedida pelo juiz, o defensor brilhante levantou-se de sua posição ao lado do réu e, com a mesma forma cadenciada e firme como fizera em todas as suas intervenções, com a convicção de que certamente conseguiria minimizar a sanção que seria imposta ao seu cliente, postou-se frente ao meretíssimo e vociferou:
--- Vossa excelência há de convir que meu cliente supostamente
praticou o ato pelo qual está sendo acusado em um momento de
total desespero, assolado de forma irreversível por um
'indefectível' desejo de perfurar, num 'rampant terrível' de
'animus furandi'...
P.S.:
Do jurídico:
Animus furandi = disposição para furtar, praticar roubo