A inferência cultural na educação e a premissa que nenhuma conduta humana é puramante racional ou irracional
Segundo Renarde Freire Nobre:
“Nietzsche suplantou o dualismo racionalidade/irracionalidade interpretando-o como um preconceito humano e apostado no governo dos impulsos naturais de cuja efetivação todas as manifestações da vida cultural se originam e se desenvolvem. Ele se aferrou aos poderes extraculturais ou às raízes naturais da cultura, ou seja, ao nível das forcas imponderáveis, embora não as considerasse simplesmente irracionais, como se viu, ao não igualar razão e consciência. Em Weber, a suplantação do dualismo terá um sentido bem distinto ou mesmo oposto. Se é verdade que nenhuma conduta humana é puramente racional ou irracional, que as escolhas carregam tanto intenções subjetivas quanto estão envoltas em condições e decorrências objetivas, a única maneira de compreender as condutas é partindo da premissa da sua relevância cultural, o que implica em “valorá-las” conforme os parâmetros da consciência e da objetividade.
Precisamente há dois motivos que subsidiam a opção weberiana pela prática de um racionalismo depurado de influências irracionais. Um, de natureza cognitiva: a demarcação de um método racionalista é mais adequada ao conhecimento correto da vida cultural, porque depura inconsistências, perscruta causas e aponta conseqüências, esclarecendo, de quebra, sobre o caráter último irracional e trágico das escolhas (antagonismo dos valores). Outro, de natureza histórica: a trajetória cultural do Ocidente especificamente, por formalizações racionais e interesses práticos, que operam, em boa medida, à revelia das ingerências irracionais.
Em comum, vale para o método racionalista e para a cultura racionalizada a seguinte diretriz contida na fórmula da ação racional referente a fins: “onde se perseguem fins, aplicam-se meios, onde reina a instrumentalidade, aí também impera a causalidade.” (nota Heidegger, 2002, p.13)
Weber procurou deixar bem claro que a opção pelo “racionalismo” era eminentemente metodológica, e que ela – bem como a efetiva forca histórica das racionalizações ocidentais – não implicava na crença do predomínio ou superioridade da racionalidade sobre a irracionalidade nem tão pouco na idéia de um decurso racional da vida.
Para William James, o racionalista, finalmente, será de temperamento dogmático em suas afirmações, ao passo que o empírico pode ser mais cético e aberto às discussões.
Abaixo em duas colunas, se reconhecerá praticamente os dois tipos de construção mental , as colunas pelos títulos “espírito terno”e “espírito duro”, respectivamente.
Espírito terno (segue “princípios) Empírico(segue fatos)
Intelectualista Sensacionalista
Idealista Materialista
Otimista Irreligioso
Religioso Irreligioso
Livre Arbitrista fatalista
Monista Pluralista
Dogmático Cético