CORRUPÇÃO ATÉ QUANDO?

CORRUPÇÃO ATÉ QUANDO?

EVILAZIO RIBEIRO

Quando se abre o jornal, no Brasil, é raro não nos defrontarmos com escândalos no mundo político. Casos de malversação de recursos públicos, uso indevido da máquina administrativa, redes de clientelas e tantas outras mazelas configuram uma sensação de mal-estar coletivo, em que sempre olhamos de modo muito cético os rumos que a política, no Brasil, tem tomado. Criam-se, dessa forma, um clamor moral e um clima de caça às bruxas que geram instabilidade e um muro de lamentações e barreiras a projetos de políticas públicas. Contudo, apesar dessa sucessão de escândalos no Brasil, existe uma sensação de impotência por parte da sociedade; a corrupção é tolerada e os cidadãos ficam apenas aguardando qual será o próximo escândalo que circulará nos jornais.

Essa sensação de mal-estar coletivo com a corrupção cria concepções de senso comum acerca de uma natural desonestidade do brasileiro. Um dos traços característicos do senso comum no Brasil é que o brasileiro típico tem um caráter duvidoso e que, a princípio, não se nega a levar algum tipo de vantagem no âmbito das relações sociais ordinárias. Por isso, vários indicadores de confiança apontam o Brasil como um país onde a desconfiança impera.

Em razão do que podemos diagnosticar que o principal mal da administração pública brasileira é a corrupção generalizada, esse mal da política exerce papel semelhante ao da “ferrugem em relação ao ferro ou ao dos cupins em relação à madeira”, caracterizando-se por ser um agente de decomposição das instituições públicas. Embora prolifere também por toda sociedade, tem um efeito mais devastador quando se instalada no poder, pois se transforma em redutor da confiança nos políticos e nas instituições governamentais.

Porém, a corrupção política é mais corrosiva, porque tem como agentes os detentores do poder, os representantes do povo, aqueles que deveriam ser os primeiros a dar o exemplo de obediência às normas jurídicas contratadas por todos num regime democrático. No que diz respeito à corrupção, constata-se que não basta uma mudança do aparato formal ou da máquina administrativa do Estado, mas reforçar os elementos de uma cultura política democrática que tenha no cidadão comum, feito de interesses, sentimentos e razão.

As leis são elaboradas sempre na presunção do interesse público, mas não, são incomuns que os próprios legisladores sejam os primeiros a ignorá-las para auferir vantagens pessoais. Se quisermos combater o cupim e a ferrugem da corrupção, temos que começar pelo respeito à Constituição – esse atestado de liberdade que custou tão caro a população brasileira.

Contudo, ainda falta, à nossa democracia, um senso maior de publicidade, pelo qual a transparência esteja referida na uma ativação da cidadania, e à participação, afim de que os controles da corrupção fiquem emperrados em meio a uma cultura política tolerante às delinqüências do homem público!

evilazioribeiro
Enviado por evilazioribeiro em 15/08/2011
Código do texto: T3161491
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