Sobre aplausos e vaias

O artigo “Aplausos à Sentença” de minha autoria, veiculado inicialmente no Espaço Vital e depois reproduzido em diversos outros sítios da internet abordou a aprovação de Decisão proferida por Magistrada da Comarca de Sant´Ana do Livramento/RS , por aqueles que defendem o cumprimento da Lei , sobretudo , porque o comércio ilícito vem sendo “tolerado” pelas autoridades em detrimento daqueles que perseveram na atividade atendendo a todos os mandamentos legais.

E por isso o aplauso foi plasmado naquele artigo e, de certa forma, ratificado por inúmeros outros que o reproduziram em seus sítios, emprestando com a ampla divulgação do mesmo a mais clara demonstração de que há entre a maioria dos operadores do direito um clamor pela atuação firme de nossas autoridades e dos poderes constituídos.

Pode parecer um tanto quanto esdrúxula a comparação, mas no decorrer desta semana um agente da Brigada Militar (Policial-militar) , durante uma ocorrência de assalto à mão armada em importante bairro da cidade de Porto Alegre, abateu a tiros um dos criminosos. Em ato contínuo, com espontaneidade, o policial foi ovacionado pela população aos gritos de “herói” e aplausos generalizados.

Entrevistado pela imprensa o agente da Lei disse que entendia os aplausos como uma manifestação do povo que “não agüenta mais tanta violência” e que lamentava a morte do indivíduo, contudo, ressaltava que não se tratava da morte de um inocente.

Correto o policial !

O marginal que foi abatido estava armado e respondeu à abordagem policial com tiros, legitimando a ação do agente público que agindo em defesa da sociedade funcionou no estrito cumprimento de seu dever legal . Menos mal que morreu o bandido e não o policial ou qualquer cidadão honesto ou vítimas do assaltante.

O que se espera é que os titulares dos poderes públicos, muitos dos quais estão sendo alvo das vaias, das correntes depreciativas que circulam pela internet e de manifestações de protesto entendam que esses aplausos a anônimos agentes da lei é o sinal claro de uma sociedade civil que , como muito bem disse o policial , “não agüenta mais” tanta incompetência e descaso.

A postura de um estado mais enérgico e menos corrupto constitui um clamor popular que se agiganta e só mesmo os titulares de poder parecem não escutar o eco dos aplausos e das vaias. A internet, poderoso meio de comunicação dos anônimos, faz circular as vozes da cidadania com velocidade antes nunca imaginada .

Pode ser que episódios como esses citados nesta crônica façam os poderes refletir sobre medidas questionáveis e caras como a inútil política de desarmamento dos bons , enquanto os maus ostentam cada vez mais renovado e poderoso arsenal voltado à caça impiedosa dos ordeiros e honestos. Vaias para os poderes e aplausos para os anônimos !