'CAUSOS' QUE ARREPIAM OS CABELOS DO CARECA

Como tristezas não pagam dívidas e a atualidade está repleta de notícias negativas, principalmente no cenário político, então, em nosso espaço, atendendo a inúmeros pedidos, enfocaremos, nesta semana, mais um capítulo hilário das famosas “histórias que todo mundo conta, mas ninguém acredita”. Desta vez, daremos destaque para os “causos” curiosos que envolvem mortos, além de relatar a desastrosa relação entre vizinhos quando, no convívio, há animais domésticos, seus donos e os demais moradores dos condomínios.

Despejada depois de morta

Uma narrativa curiosa que chegou até nós, na última semana, da conta de que oficiais de Justiça determinam que um cadáver cumpra, à risca, o mandado de despejo.

O fato, que ganhou repercussão na mídia, aconteceu na “cidade maravilhosa”. Segundo os relados, os oficiais de justiça encontram um cadáver de uma mulher, que “assistia” à televisão de forma confortável em seu apartamento, na zona Sul do Rio de Janeiro.

Isso aconteceu exatamente no momento que as autoridades, por determinação da Justiça, foram até o local para fazer cumprir mandado de despejo.

Na verdade, aquilo seria mais uma diligência corriqueira, de rotina, na qual, a pessoa intimada em questão, seria convidada a desocupar o referido imóvel. No entanto, ao chegarem ao residencial, a “missão” teve que ser cancelada, na manhã de segunda-feira, devido a uma situação inesperada: ao entrarem no apartamento onde deveria ser cumprido o mandado, na Rua Gustavo Sampaio, no bairro do Leme, Zona Sul do Rio de Janeiro, duas oficiais encontraram o cadáver de uma mulher que estava enrolado em lençóis e sacos plásticos e com as mãos e os pés enrolados.

Imediatamente, peritos foram chamados até o local para investigar o caso, que se tornou alvo até mesmo de piadinhas, como: “daqui não saio nem morta!”.

Pessoas de peso

Um outro fato dá conta de um coquetel que uma construtora resolveu realizar para divulgar o lançamento de um residencial 5 estrelas na cidade de Fortaleza. Reza a lenda que a empresa contratou uma agência especializada em eventos e deu a seguinte ordem: queremos promover um mega-evento e, para isso, queremos contar com pessoas de peso no lançamento de nosso empreendimento.

Ocorre que o responsável pela referida agência, segundo comentam as más línguas, era um simpático português que interpretou o recado ao pé da letra. Resultado: o evento chamou a atenção da cidade, não pelo coquetel ou pela qualidade do residencial, mas pelos convidados, pois a agência convidou um grupo de clientes de um Spa para acompanhar o mega-evento.

Quando o dono da construtora chegou até o local e deparou com um público ligeiramente gordinho, não entendeu o fato. Foi tirar satisfações com o português que disse ter seguido a recomendação à risca: pessoas de peso, ou seja, obesas.

Sobre cachorros, gatos e pessoas

Acredito que o problema entre vizinhos deve ficar mais acirrado quando entra animais de estimação no meio da história. Ocorre que em um condomínio de luxo da cidade, uma senhora não tinha muito apreço por sua vizinha, uma jovem que fazia o estilo amante dos animais e que morava no apartamento da frente, principalmente porque a mesma tinha um dobermann como animalzinho de estimação que botava medo em todo mundo, até na sombra dos moradores do residencial.

Ocorre que o problema não era só o tamanho do bicho, mas o xixi e o cocô que o mesmo fazia que incomodava a velha senhora, que não suportava a idéia de ter de conviver com os frenéticos latidos do cão.

Assim, quando ambas se cruzavam no elevador, o tal cachorro parece que não podia nem sentir o cheiro da vizinha e latia mais do que vira-lata em dia de mudança.

Para piorar as coisas, a mocinha era um pouco descuidada e seu cãozinho, sempre que voltava de uma caminhada pelo jardim do condomínio e ruas adjacentes, para fazer suas necessidades, fazia xixi bem na porta do apartamento da pobre senhora. Não tinha jeito, o bicho não fazia suas necessidades onde devia para depositar na porta da velha o indesejável líquido de forte odor.

A moradora, inconformada com o dilema e, cansada de reclamar ao síndico, que fazia vistas grossas ao problema, resolveu arrumar ir à forra e arrumou um gatinho, que passou a fazer suas necessidades na porta da mocinha amante da natureza. Como dizem no coloquial, a história deu pano pra manga na reunião dos moradores, muita discussão e reclamações. Resumo da ópera, as duas foram intimadas, ou dispensavam os animais de estimação ou teriam que procurar uma nova moradia. E foi o que aconteceu. A dona do imenso cão e a velha do gatinho tiveram que desocupar o residencial para evitar maiores confusões.

Tal situação ilustra bem os conflitos que existem entre os moradores de condomínio quando não há o bom senso e diálogo entre as partes. Entendemos que viver coletivamente é uma opção que passa pelo entendimento e, principalmente, um respeitar o espaço do outro; do contrário, a vida vira um inferno e isso eu não desejo para ninguém. Sejam pacientes, transformem sua raiva em ironia e sigam em frente!

Até a próxima semana.

*Douglas Lara, organizador da coletânea Roda Mundo 2006 e anteriores; idealizador da semana do escritor de Sorocaba.

Douglas Lara
Enviado por Douglas Lara em 01/11/2006
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