"O Verdadeiro Filósofo" e a Sociedade Civil do século XVIII
O presente trabalho busca analisar o modo como César Chesneau Du Marsais defende a inserção do filósofo na Sociedade civil e a filosofia escondida entre as lacunas da história e da repressão político-religiosa, mas que depois de muito esquecida vem sendo resgatada por diferentes pesquisadores. Clandestina é assim a filosofia que autores consagrados como Voltaire e Du Marsais desenvolveram em um contexto histórico tão marcante como o Iluminismo, onde as luzes ressurgem acendendo o pensamento racional do filósofo, deixando-o mais preocupado com as questões atinentes a sua realidade social e política.
A Europa do século XVIII foi muito influenciada pelas idéias dos pensadores iluministas. Eles atacavam o absolutismo, o mercantilismo e os privilégios da nobreza. Propunham uma sociedade baseada na igualdade de direitos dos cidadãos e na liberdade individual. Os iluministas acreditavam que a principal força de transformação era a razão, e essa luz deveria triunfar as trevas da ignorância, do fanatismo religioso e das superstições. O século das luzes, Ilustração ou simplesmente Iluminismo: foi nesse contexto em que a filosofia clandestina surgiu, onde a censura política e religiosa limitavam o pensamento e a divulgação de vários autores e de suas obras, foi ai que filósofos driblaram os limites impostos e começaram a mostrar sua obra por meio da clandestinidade.
Um dos principais filósofos desse período foi César Chesneau Du Marsais. Filósofo Francês e um dos contribuidores da Enciclopédia de Diderot, nasceu em Marselha, escreveu panfletos clandestinos em favor do livre-pensamento, atacou a igreja francesa e, nas palavras de um elogio escrito para Enciclopédia de D’Alembert, “viveu pobre e ignorado pela pátria”. “O verdadeiro filósofo” é um dos seus principais textos, sendo este um verdadeiro manifesto em defesa do novo papel desempenhado pela filosofia no século das luzes.