TESES SOBRE O DIREITO DO TRABALHO

1

Diz-se que o trabalho dignifica o homem. Em verdade, vos digo que neste mundo, dignifica aquele que o explora. Olhai e vede o quão a mentira soa gloriosa aos vossos ouvidos condicionados. “É um processo ascendente, fragmentado, uma concatenação de fatos históricos que desembocaram no surgimento de um regramento legal garantidor de benesses àquele que vende a sua força de trabalho”. As coisas melhoraram! As coisas melhoraram?

2

Eles transformam a mentira numa melodia agradável, o engodo é uma canção efusiva de festa. Dançais a cantiga de ninar da dissimulação disciplinados como crianças de orfanato. Um velho de barba alva pregou uma revolução quase inevitável, digo quase, pois, a manobra dos imperadores do mundo para suprimir o milagre revolucionário, deu-se por força de lei. A lei que transformou o espírito em processo de libertação do trabalhador numa força copiadora e anti-inventiva, presa da sociedade que consome, lei assassina da revolução, lei que bombardeou o ímpeto libertário.

A tua lei têm belas palavras, a tua lei é uma poesia, uma poesia que APARENTA um princípio de entendimento entre os homens, a tua lei incita ilusoriamente ao princípio da humanidade. A tua lei é mentira mal contada, melodia agradável para quem foi disciplinado à apatia.

3

Houve um tempo em que principiei o meu estudo sobre TUDO, uma investigação que nunca irei concluir. Conhecer e diferenciar a APARÊNCIA e a ESSÊNCIA daquilo que desperta minha atenção, e, não há temática proibida nesse tipo de TRABALHO: dissertar sobre a origem da vida, sobre o sentido da morte, sobre o fim do medo, sobre a necessidade do Direito, sobre os fundamentos do Trabalho, sobre o Direito do Trabalho. “Direito e Trabalho”, duas palavras que soam discrepantes quando figuram numa mesma oração.

4

A felicidade! Ah... a felicidade... Não sei se os homens a buscam, mas, sei que ela muito lhes apetece. A voz de Calvino grita na ideologia... Escravo! Realmente nunca te libertastes.

A felicidade do duro labor que nutre a prole, a felicidade da prole que futuramente terá o seu labor vilipendiado. A “caixinha de fazer bobos” é astuta como nunca.

Dizes: Eu me sustento! Digo: tu sustentas o carrasco da tua sentença capital. O demônio que me criou poderia ter me concebido uma forma de vida menos deplorável: uma mula, um macaco, uma anta, um canguru, um guinu, uma onça, uma formiga (ah! As grandiosas formigas)! Fez-me um ser humano...

Ah... Felicidade! Aquela que tentam vender e que tu, inutilmente, se lança a comprar. Inutilmente...

5

“Meu filho, meu tão amado filho, o que queres fazer da tua vida, quando a tua vida tornar-se verdadeiramente tua?”

---Quero ser operário!

---Operário?

---Sim, meu prezado progenitor. Quero vender a minha força de trabalho a qualquer perverso que se disponha a me reificar, para ser peça da engrenagem do lucro onde humano e máquina se confundem, ambos descartáveis.

---Meu filho...

---Meu pai.

---Minha cria, sei que não pecas por ignorância, pois me é claro que te revelei as mentiras contadas desde sempre, pareces caçoar de seu velho...

---Meu pai, sei de tudo o que me dissestes, minha intenção não é te faltar com respeito. Quero ser operário, somente.

---Diz-me a razão do teu desejo, ó veneno que saiu de minhas entranhas?

---Com efeito, apesar de saber de toda a violência vela ínsita no que se denomina “agir trabalhista”, saber do esforço do suor e do espírito convertidos em meios de dominação, saber de tudo o que o senhor me ensinou, sei também que os pequenos homenzinhos que contaminam esta Terra com suas imposições desprezíveis e suas concepções deturpadas não estão prontos para saber a verdade, duvido muito da sua vontade de sabê-la. E, sinceramente, me assusta essa vida que o senhor leva!

---Meu filho...

6

Oferta e demanda?

Não! (isso é outro assunto)

OFERTA E PROCURA,

Disso é que me falaram...

Disse-me um pretensioso

Que aquém das leis “divinas”

E das leis da Natureza,

A lei da OFERTA E PROCURA

É a única que vigora.

A lei que tudo rege,

“Uma lei que explica as leis”.

Universal...

Universal?

Universal!

(um sussurro do túmulo de Kant)

Uma lei que explica TUDO,

Uma simplificação notória.

A OFERTA e a PROCURA

Também têm amos,

Porque sempre há os que decidem:

Quem deve procurar,

O que se deve procurar,

Como se deve procurar.

O que se oferta,

A quem se oferta,

Como se deve ofertar.

O mercado do ludíbrio

Segue com a economia em alta!

Eu oferto um raciocínio

Que poucos procuram

E que a todos interessa.

Falo da minha voz,

Da voz de todos nós.

Falo do silêncio gritante,

A bagunça que há na ordem.

Eu penso uma desordem,

Onde os homens confusos

Possam saber mais de si mesmos.

Um lugar que pode ser aqui!

Um lugar onde Justiça não é apenas uma palavra,

É uma prática.

Uma OFERTA de esperança...

A PROCURA pelo caminho...

Jefferson Flauzino
Enviado por Jefferson Flauzino em 01/01/2011
Código do texto: T2703253
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.