O ABSURDO DE OBEDECER
Ao nascermos somos sujeitados à educação dos nossos pais, que tentam a todo custo nos proporcionar o que jamais tiveram. Isso é o que em regra ocorre. No entanto como preparar uma criança para que, quando cresça, tenha discernimento para seguir uma regra. Mais do que isso, como fazer com que esta criança entenda o porquê da elaboração de tal regra, sua eficiência.
Propiciar uma educação que não condiz com a conduta dos pais faz com que os filhos não entendam a importância de respeitar uma lei. No próprio meio familiar a contradição predomina quando, por exemplo, se ensina que não se deve mentir e, no entanto os pais prometem coisas e posteriormente acabam não cumprindo. Com isso a criança conclui que para atingir determinado objetivo ela “pode” ou deve mentir.
Ao passo que o indivíduo, que era até então uma criança confusa quanto ao que é certo e errado, é regulado não mais pela autoridade do pai, mas do Estado, é causado um choque tal intenso que pode fazer com que este indivíduo não consiga se adaptar a esse novo meio. Pois tendo em vista o princípio da isonomia, no qual todos são iguais perante a lei, não existe a figura paterna para dar uma segunda chance, visto que o Estado não trata com tanta benevolência que infringe uma norma.
A pergunta que deve ser feita é; como então um indivíduo irá obedecer uma lei, se desde criança tem como exemplo os pais que se contradizem a todo momento? Este indivíduo percebe à lei como algo que pode ser aplicado apenas em alguns momentos. No entanto quando se depara com um Estado que não tolera meio termo, ocorre o choque. Seria incompreensível dizer que a obediência não ocorre por pura e simples escolha do indivíduo, se durante toda sua vida foi moldado deste modo.
Pode ser considerado um absurdo por tanto exigir que um jovem que não teve o mínimo de esclarecimento por parte do pais do que é certo e o que é errado, responda por seus atos de forma consciência. É difícil jogar quando se aprende as regras de forma errada. Quando então se age de forma relativamente natural, é fortemente repreendido. O Estado se faz presente apenas no momento de punir, enquanto deveria preencher o vácuo deixado pelos pais. Como então exigir obediência de alguém que só apanha?
O funcionamento do Estado se dá desta forma, mas peca quando ao realizar apenas o aspecto punitivo, se omite no restante do processo de reeducação. Como se o simples fato de castigar fizesse com que a mentalidade de um agente passasse a ser mais correta.