Rousseau além do movimento burguês
Jean-Jacques Rousseau foi um grande pensador iluminista do século XVIII, e suas idéias tiveram papel fundamental para a estrutura política e cultural da época. Não apenas defendendo a idéia do pensamento racional em detrimento da visão teocêntrica, mas pela expressão do sentimento. Para Rousseau, a comunicação verdadeira entre as pessoas só se daria pela inspiração dos sentimentos sem interesses, e não quando regida pela necessidade material. Em outras palavras, o homem é um produto meio, mas ele não precisa ser corrompido a ponto de sair do seu Estado de Natureza, (Homem Bom), ele deve ser o centro e buscar suas próprias respostas, buscando o ideal de justo coletivo, tentando não se contaminar pelo formalismo social.
Essa visão iluminista desmontava a idéia da autoridade divina (poder do Estado advindo de Deus), defendendo um Estado legitimidado pelo povo (Democracia). A contestação desse regime absolutista foi a porta inicial para as revoluções seguintes.
Os ideais de "liberdade, igualdade e fraternidade" pensados por Rousseau eram também os princípios que regiam essas revoluções, em particular a Revolução Francesa. Entretanto, esses ideais serviram mais para destruir o antigo regime (feudalismo, absolutismo e mercantilismo) do que propriamente estabelecer a igualdade social.
Esse movimento teve início com a revolta da aristocracia contra a monarquia absolutista. Foi este fato que criou as condições e a oportunidade para a burguesia tomar o poder. Segundo George Orwell, a partir do momento que a burguesia assumiu o poder, e o choque entre os sans cullots (populares), a alta burguesia (Gerondinos), e a baixa burguesia (Jacobinos) começaram, e a alta burguesia tornou-se a única privilegiada. Por outro lado, sem a revolta dos camponeses o regime feudal não teria se extinguido e sem a contra-revolução da aristocracia que apelou para uma intervenção estrangeira, não teria se desenvolvido a revolução do proletariado. E, sem este último, a burguesia não teria resistido à invasão estrangeira.
Desse modo, não podemos tratar a Revolução Francesa apenas como uma revolução burguesa, já que houve muitas conquistas populares, tais: fim das taxas feudais, divisão do poder em Legislativo, Executivo e Judiciário, estímulo à liberdade de expressão; Sem contar o governo de Napoleão pós Revolução Francesa, com o Código Civil, confirmando as conquistas burguesas e populares (mais empregos pra população, saúde, educação), representando um grande marco na história moderna da nossa civilização paralelamente com Rousseau, onde suas obras, até hoje, exercem grande influência nos caminhos dos direitos humanos, remetendo o leitor a pensar no futuro e no seu papel dentro da sociedade, despertando o real sentido de cidadania e democracia.