INTOCÁVEIS CORRUPTOS
INTOCÁVEIS CORRUPTOS
Evilazio Ribeiro – Estudante de Direito
Não tenho mais nenhuma ilusão de um dia ver algum desses criminosos travestidos de parlamentares atrás das grades. É comum sob fogo cruzado de denúncias, juntam-se para se defender, como fizeram PT e PMDB no Senado, embora digam sempre que é pela instituição, a mesma que eles aviltam e apequenam com seus atos. Eles são políticos intocáveis e corruptos. Recentemente os documentos anexados aos autos do “mensalão do Arruda,” podemos afirmar que não tem a mesma sofisticação do mensalão do PT e do PSDB de Minas, mas se mostrou extremamente eficiente para surrupiar o dinheiro do contribuinte brasileiro. O clima no meio político de Brasília é o pior possível, principalmente entre aquelas pessoas que circularam no entorno dos governos de Joaquim Roriz e José Roberto Arruda.
O governador Arruda não sabe como tratar a questão, pois foram em torno de 30 os vídeos entregues à Polícia Federal, em decorrência da delação feita pelo desclassificado Durval Barbosa, que responde a 33 processos por corrupção. Ele se sentiu ameaçado de ir para a cadeia por não contar com a proteção da quadrilha montada no Distrito Federal, pois se assim não fosse estaria até hoje usufruindo das fraudes em licitações e das propinas fornecidas por empresários corruptores, com interesses no governo.
Usando da alegação desvirtuada do princípio da presunção de inocência por parte de advogados dos acusados da prática de atos de corrupção, parece alimentar com vigor o vício da impunidade.
Por mais que se comprove e se visualize a prática corrupta, sem quaisquer constrangimentos, os acusados negam com veemência as práticas ilícitas. Apesar da oportuna interferência do Judiciário, o escabroso episódio dos políticos embolsando dinheiro de propina em Brasília continua longe de um desfecho satisfatório. Pelo contrário, a cada dia os cidadãos ficam mais desesperançados de que os responsáveis pela indecência serão devidamente punidos. Pior: o desenrolar do caso só tem revelado mais irregularidades, mais gente envolvida nas falcatruas e mais prejuízos para os contribuintes.
A recomposição da Câmara Legislativa do Distrito Federal, com a convocação dos suplentes dos parlamentares afastados pela Justiça, oito convocados para assumir o lugar dos deputados afastados, sete têm algum tipo de comprometimento com o esquema do Governador por serem apoiadores do governo ou mesmo por também responderem a processos judiciais.
Fica evidente, portanto, que o afastamento dos parlamentares que receberam dinheiro diretamente não será suficiente para garantir a isenção da Câmara no exame da proposta de impeachment.
Apesar deste quadro pouco animador, a pressão da opinião pública e o interesse do Judiciário indicam que os envolvidos no escândalo não ficarão totalmente impunes como imaginavam. As explicações debochadas e ironias chegam a ser ofensivas como a do deputado flagrado escondendo dinheiro espúrio nas meias tentando reassumir e permanecer no seu cargo como se nada tivesse acontecido.
O dinheiro roubado de nossos impostos, teoricamente, pode até ser recuperado, mas o crime de desmoralizar uma instituição legislativa não tem preço.
O que nos resta? Confiar na Justiça? Na Polícia? No ladrão? Ou em nós eleitores!
A proposta é: lutar pelo exercício efetivo da Cidadania, auxiliando o cidadão a identificar o seu direito, esclarecendo-o a respeito de seus deveres inclusive, lembrando que é o cumprimento do dever que gera o direito e induzindo elite e o Estado a serem mais zelosos de suas obrigações. Cidadania, hoje, para o grosso da população, é apenas uma palavra, desprovida de sentido. Precisamos resgatá-la e torná-la efetiva no sofrido cotidiano do povo brasileiro.