OS ESCÂNDALOS E AS ELEIÇÕES
OS ESCÂNDALOS E AS ELEIÇÕES
Evilazio Ribeiro - Graduando em Direito
O ano que se encaminha para o fim foi marcado por tantos escândalos na política e na administração pública, que os brasileiros têm motivos de sobra para preocupação com a próxima campanha eleitoral. Antes mesmo do aparecimento de vídeos que mostram governantes e parlamentares de Brasília embolsando pacotes de dinheiro de origem suspeita, vários outros casos despertaram a indignação nacional. O País parece assustado com a corrupção. Mesmo com décadas de arrepiar, nas quais os escândalos políticos tiveram dimensões épicas, como a “organização criminosa” liderada por Collor de Mello, o espetáculo teve continuidade com a não menos ousada participação de gente graúda do PT, igualmente classificada como “organização criminosa”. Quando caíram ministros, “aloprados” flagrados com dólares na cueca, e todos, literalmente, como agora, obtiveram o afago e a compreensão do presidente da República. “As imagens não falam por si”, contemporizou Lula, na defesa de Arruda governador do Distrito Federal. O escândalo, contudo, por suas ramificações com o poder, deve alterar a corrida eleitoral de 2010. Democratas e tucanos, demolidos por respectivos e recentes “mensalões”, perderam o discurso depois da implosão do DEM. O Presidente Lula não mais teria medo da chapa Serra versus Dilma-Michel Temer. O que temos é o velho retrato do País. A maioria do eleitor vota mesmo em corruptos, safados e cínicos. É só conferir, por todos os lados, eles reinam na hipocrisia. Fazem farra com as passagens aéreas. Empregam fantasmas, parentes, amigos e cabos eleitorais. Praticam o consórcio da rapinagem, inclusive com os demais poderes. Nos governos, nunca o País esteve em situação tão desconfortável, com o não-funcionamento das prefeituras até o muito lento Programa de Aceleração do Crescimento da Ministra preferida do intocável contemporizador de escândalos o presidente Lula.
O mundo político está se lixando para a opinião pública. Ano que vem, eles virão, os mesmos. Na “organização política”, muitos serão os pretendentes, poucos os escolhidos, esperamos. O eleitor terá que optar por qualquer um na lista de mediocridades que os partidos oferecerão. A maioria, obviamente, com “ficha suja” e cara limpa.
Cabe destaque pesquisa do Datafolha (“Folha” 4/10) que 79% dos “brasileiros vendem o voto” e que 33% afirmam que “não é possível fazer política sem um pouco de corrupção”. Na mesma pesquisa, 92% dos entrevistados dizem que há corrupção no Congresso e idêntico percentual nos partidos políticos. Na Presidência e ministérios, a corrupção é de 88%; nos governos estaduais, de 87%. Os “sobreviventes” da política, coronéis urbanos como Sarney, Collor, e muitos outros, cada um estarão presentes nas próximas eleições em suas siglas partidárias, dominando a cena e os cofres. Somos, enfim, um país de podres poderes!
Diante de tudo isso, ainda é possível acreditar num futuro digno ao Brasil? Os brasileiros só estão tomando conhecimento desses desmandos porque, felizmente, estamos vivendo num regime de liberdade. A divulgação constrange e causa indignação, que mobiliza as pessoas a rejeitar os desonestos. Então, não há dúvidas de que ainda se pode crer no Brasil. Pais que tem a maioria de cidadãos comprometidos com a decência, com o desenvolvimento e com a correção das deformações históricas.