O SHOW NÃO PODE PARAR

O SHOW NÃO PODE PARAR

Evilazio Ribeiro- Estudante

O Jorge Ben Jor já bem dizia em uma de suas músicas “o circo é a alegria de viver”. O Brasil é um verdadeiro circo, um espetáculo digno de aplausos.

O mês de novembro o circo Brasil foi armado: Xingada, acusada de “provocar”, defendida, expulsa e readmitida na Universidade Bandeirante (Uniban), a estudante Geisy Arruda virou Madalena e pairou solene e gordinha, por uma semana no centro de todas as mídias, ferida em seus “direitos humanos”, o que fica de inquietante é outro paradoxo: quanto à mídia anda desocupada de assuntos sérios. Não fosse o apagão, Geisy continuaria surfando na mídia.

Presenciamos um dos maiores apagões, e o que mais chama atenção no é a falta de investimentos em estrutura e tecnologia para gerir seus recursos energéticos.

Irônico é ver a base do governo num duelo de gladiadores à la Roma antiga: de um lado, o PT acobertando Dilma a “menina dos olhos” de Lula; e de outro, o PMDB de Sarney protegendo o afilhado ministro de Minas e Energia.

Continuamos vivendo a verdadeira política do pão e circo. A desigualdade social é crônica e o pior são as políticas econômicas baseadas na velha balança comercial quebrada, onde pesa apenas para o lado mais fraco, produzindo um cenário de dependência nas relações de troca deterioradas somos escravos do capitalismo!

Voltando à questão da musa da mídia de novembro, constata- se o cansaço geral da mídia, incapaz de tratar de assuntos sérios. Assim, multiplicam-se pesquisas sobre isso e aquilo e ouvem-se profissionais de todas as áreas, todos a exarar sentenças sobre ética, comportamento e direitos humanos, como se o vestido curto da moça pudesse se transformar num envolvente debate sobre a libido e ascensão das classes “oprimidas”.

Cabe a mídia para pedir ética em Brasília e colocar “fichas sujas” fora da política, (ninguém se mobiliza). Nem a mídia parece interessada. O que explica, também, o contraponto de a mocinha de vestido curto ter subido ao pódio da celebridade em dias. É o vazio da Nação, eletrizada por outras bolsas e hipnotizada por outros discursos. O que vale, agora, é o Brasil grande, o milagre econômico, o pré-sal, a Copa de 2014, as Olimpíadas de 2016. E, claro, o show do ano que vem, com a procissão em torno de “Lula, o filho do Brasil”, ofertando em celebração única a companheira Dilma, mãe do PAC e “senhora do destino”. Até lá, Geisy terá arrumado a vida sem diploma universitário, dando razão a Lula de que ensino não é exigência para se dar bem na vida.

evilazioribeiro
Enviado por evilazioribeiro em 06/12/2009
Código do texto: T1963021
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