CADE O DIA DA VERGONHA?
PUBLICADO NO JORNAL oestado fortaleza
CADE O DIA DA VERGONHA?
Existe Dia, do vendedor, dia do circo, da ecologia, do sacerdote e do Natal... Dia do advogado, dos estudantes, do folclore, tem dia do jornalismo, do pároco e do motorista. Dia do corretor e do pescador, da imprensa e do feirante, etc., Tem dia curioso e estranho como o “Dia da mentira” e... dia “universal do palhaço”, e muito outros...Não sei quem criou estes dias, mas com certeza esqueceu uma Dia muito importante o “Dia da Verdade”, talvez por isso nossos políticos homenageiem muito o “Dia da Mentira” fato que me parece muito curioso é exercitado todo dia...
Os cidadãos têm o direito de esperar que seus representantes e lideranças políticas mantenham a coerência, associem-se a agremiações e pessoas que possuam pontos em comum. Por isso se clama tanto no País por uma reforma política e partidária, de modo a devolver ao eleitor a identidade solapada pela cultura da barganha relatada pela mídia nacional.
È com perplexidade e indignação é o que devem estar sentindo todos os eleitores brasileiros diante do caos que se instalou no Senado da República. O arquivamento de todos os processos instaurados contra o presidente da casa, José Sarney, assim como outros acontecimentos que vêm se registrando, colocou a classe política na vala do total descrédito. Em razão frase habitual que se diz que tudo acabou em pizza, mas desta vez foi em pizzaria.
Os poucos senadores que mantêm desfraldada a bandeira da moralização foram unânimes em afirmar que se sentiam envergonhados com o que ocorreu. É preciso dizer mais? Somente isto: eticamente, estamos perdidos!
Respaldado por sua popularidade, o presidente Lula não hesita em adotar o autoritarismo sem limites, no caso de Mercadante, onde a negociata de interesses alcançou níveis aviltantes. A bancada petista no Senado era favorável à submissão de Sarney ao julgamento do Conselho de Ética. Mas Lula interferiu, desautorizou a liderança do partido e orientou os parlamentares a livrar José Sarney de um exame que a Nação inteira estava exigindo. Conseguiu constranger petistas históricos com o elemento de desvalorização da ética. È um fenômeno que não se restringe a um governante ou a um partido, mas que domina a própria estratégia de governabilidade.
Neste sentido, a sociedade precisa discutir à luz do interesse nacional a busca de uma democracia verdadeira, e confiável. Ir buscar no sentido prático das ações, para acabar com o significado pejorativo de justificar o vale-tudo em matéria de alianças eleitorais ou de coalizões governamentais. A ética, ou a falta dela, se vê utilizada como um elemento mutável no balanço político das alianças em que as convicções se transformaram em busca de poder. Sempre que estas situações ocorrem, há uma tendência dos que as patrocinam verem nos que as contestam atitude de falso moralismo.
O líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante, teve que pedir desculpas aos colegas de partido, aos amigos e à própria família, mas voltou atrás na decisão de renúncia já anunciada e atendeu ao pedido do presidente Lula para permanecer no cargo. Tem todo o direito de assim proceder. O lamentável no episódio é que a permanência na liderança do PT, depois de ter sido desautorizado pela orientação do Planalto para que a bancada livrasse o presidente José Sarney de um julgamento ético, representa também uma rendição à política de barganha sem limites, adotada pelo governo federal. Embora tenha recebido mensagens de apoio e compreensão de seus colegas parlamentares, o petista teve que passar pelo constrangimento de ouvir o senador Pedro Simon dizer que estava nascendo um novo PT: “O PT do Lula, do Collor e do Sarney”.
Esta decepcionante realidade não se limita ao PT. Mas isso não é o pior. O que choca é a constatação e que as legendas vivem de conveniências e raramente selecionam seus filiados por critérios
“éticos” aceitando alianças com inimigos em troca de vantagens como mais espaço no horário eleitoral ou cargos públicos para seus apadrinhados.
PARA PENSAR: “Acreditar é monótono, duvidar é apaixonante, manter-se alerta: eis a vida” Oscar Wilde.