A internet nos trouxe tantos confortos e tantas preocupações que nem eu mesmo sei quem é quem e quais destes predicados são os mais comuns e os mais preocupantes; se encontra desde reza braba virtual para trazer de volta o homem amado até jatinhos de altíssimo luxo pra se vender; você pode colocar seu pedido virtual no Muro das Lamentações em Israel ou enviar um pedido de Graça ao Papa no Vaticano; pode bater papo com um agente a serviço da salvação da vida, da mesma forma que também pode contratar uma turma de travestis para satisfazer sua libido; tudo isso pode ser encontrado gratuito ou pago em suaves parcelas com seu cartão de crédito.
Há bastante coisa gratuita na grande rede, de pesquisa até brindes materiais, mas o que ninguém pode negar é que tudo que é gratuito tem veracidade contestada e tudo que é pago gera desconfiança, mas o mais inacreditável é que mesmo com tantos alertas, mesmo com tanta publicidade negativa, mesmo com tanta veiculação insistentemente na mídia, com tudo isso, milhares de otários (perdoe-me pelo adjetivo enfadonho) caem nas mesmas armadilhas medíocres e passam a engrossar a fila dos desesperados que faliram por causa de sua própria ganância, cobiça, por causa de sua própria estupidez.
No mercado não há milagres; lugar de milagres é na igreja Universal ou no terreiro de macumba; quem pensa que pode ser esperto (vale para as duas partes) a ponto de enganar na internet só porque existem falhas de identificação pode estar redondamente enganado; você que compra coisas bem mais barato do que o convencional pode inclusive ser indiciado por crime de receptação e aqueles que vendem, estes podem ser facilmente rastreados, desde que o comprador seja um pouco menos estúpido e menos ganancioso; o que geral a facilitação ao crime é justamente a sede da vítima em sair ganhando; esta possibilidade de ganho fácil é quem fecha os olhos, boca e ouvidos destes trouxas medíocres, tão idiotas quanto os próprios criminosos estelionatários.
Um dos canais mais fáceis de ser enganado é o Mercado Livre, site da internet que foi concebido inicialmente para ser um leiloeiro de bugigangas; você se cadastrava e apenas aparecia seu apelido; dados de contato só eram revelados após a concretização da compra. Depois eles compraram uns dois outros sites similares e ganharam a preferência notória de quem quer comprar e vender, nem sempre barato como se imagina.
Num primeiro plano a coisa até parece engraçada, divertida e infantil, mas após uma boa pesquisa se observa que os mentores do mega site já perderam completamente a noção de todos os perigos que ele representa perante qualquer pessoa séria. No Mercado Livre se pode vender de tudo (em tese); eles publicam regras rígidas, mas estas são como nossas leis, existem, mas não funcionam em nada; o resultado é que podemos negociar diplomas de graduação por R$ 1.500 ou fardas da polícia militar de qualquer Estado por menos de R$ 300,00; distintivos de polícia é uma febre entre os artigos mais procurados e DVD pirata é tão comum quanto relógio Rolex por R$ 100,00; os produtos chineses que são proibidos no Brasil possuem lugar de destaque e desta forma o Mercado Livre é um dos maiores palcos do descaminho e da falsificação do Brasil; tudo isso com o aval de todas as operadoras de cartões de crédito e até da Caixa Econômica Federal, que é um banco oficial, daí vem à pergunta: o que é mesmo sério neste Brasil?
Observem este exemplo de veículo: um FIAT PALIO EX ANO/MODELO 2000, com ar condicionado, comprado nas mãos de terceiros (não em lojas), pode ser visto por no mínimo R$ 10 mil, se o carro não estiver tão miserável; a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE) que é uma espécie de regulador de preços médios dos veículos no Brasil, servindo inclusive de referência para seguradoras e bancos, diz que o preço médio deste mesmo Palio EX hoje é R$ 14.161,00. Há naturalmente uma variação para mais ou para menos, isso dependendo do estado do veículo, da região onde ele se encontra e de outros fatores que agregam ou subtraem valores a um veículo, mas nada tão gritante.
Vendo uma reportagem na televisão hoje, assisti uma vítima que comprou este mesmo carro através da internet (já é um estado de sandice), cujo valor era de R$ 6.500,00; ele mandou R$ 2.000,00 para os golpistas de adiantamento e acreditem, ficou esperando que os estelionatários lhe enviassem o carro para receberem o restante; isso já passa do estado de saúde mental em razoáveis condições; é seguramente um caso de internação em hospital psiquiátrico, mas aconteceu. A vítima tomou um belo calote e quando ligou novamente para os golpistas para cobrar-lhes explicações, com a conversa gravada, ouviu motejos e zombarias do outro lado da linha, inclusive, ouviu uma parte onde um dos golpistas riu e disse que ele, o trouxa, seria mais um a reclamar na polícia sem dar em nada!
Como esta vítima insana enviou o dinheiro aos golpistas? Com certeza através de depósito bancário! Alguém, seja pessoa física ou jurídica, figurou como favorecido pelo depósito e por conseguinte, há uma identificação de CNPJ ou CPF o que já dá para saber quem é e quem está movimentando aquela conta ou poupança. Mas alguém pode dizer que se trate de conta fantasma, tão comum desde que descobriram as facilidades do cheque sem fundos; neste caso o banco é co-responsável uma vez que em tese, facilita a vida deste tipo de gente, a escória!
Em geral, os gerentes dos bancos não são muito generosos na hora de conceder crédito, ou seja, para fornecer talões de cheques, cartões de crédito ou créditos avulsos, os clientes honestos sofrem horrores e até torturas psicológicas na hora de pedir este tipo de regalia, mas para abrir uma conta fácil ou uma poupança, poucos bancos checam informações mais sucintas destes clientes; os bancos mais populares são os mais gananciosos e os que mais facilitam a abertura de contas simples para qualquer pessoa; eles deveriam ser responsabilizados (em alguns casos) para que houvesse mais rigor na abertura e manutenção destas contas.
Um golpe comum, que está relacionado à ganância, é o do consórcio contemplado; como podemos acreditar que uma pessoa em sã consciência vai acreditar que um caminhão zero quilômetro que custa R$ 200 mil vai ser vendido através de uma quota de consórcio contemplada que ao final irá ficar em menos de R$ 150 mil? Quotas de consórcio contempladas por sorteio, apenas por sorteio, quando estão no início, os donos costumam cobrar ágio, isso porque, em tese, trata-se de crédito facilitado; jamais eles cobram abaixo do valor já pago.
Milhares de anúncios de classificados de jornais e anúncios de internet insistem em oferecer o mesmo produto fraudulento; centenas de reportagens insistem em divulgar os tantos casos de golpe e cada dia mais outras pessoas insistem em rotularem-se como acéfalos, insanos ou inocentes em demasia; quem busca este tipo de facilidade gosta de ver a desgraça alheia ou é tão criminoso quanto os próprios golpistas e deveriam responder no mínimo por incentivo ao crime.
Tem coisas que não se explicam por si somente, é o caso específico dos preços de mercado de um determinado produto. Qualquer coisa que passe pela cadeia produtiva, que utilize uma matéria prima e tenha por início de produção uma unidade fabril necessita ter um preço de partida para sua venda.
Aplica-se naturalmente ao preço de venda deste produto o custo de produção, que engloba vários fatores, desde os insumos, publicidade até chegar-se nos impostos; passado por esta etapa dolorosa aplica-se um fato de lucro; resumidamente, encontramos o preço mínimo de venda daquele produto.
Alguns produtos possuem preços diferenciados de acordo com a quantidade comprada, condição de pagamento e até mesmo o tipo do cliente a quem ele se destina. Algumas fábricas vendem primariamente seus produtos e distribuidores e estes, por sua vez, se encarregam de vendê-los diretamente para as lojas ou ainda para distribuidores menores que fazem a parte mais pesada; os distribuidores menores se encarregam de vender aquele produto para lojistas e entregá-lo, atendendo as orientações do fabricante.
Entendam que um produto foi produzido pela fábrica, vendido a poucos distribuidores de grande porte, que vendem a pequenos e médios distribuidores, que por sua vez os vendem a lojas e magazines. São os pequenos e médios distribuidores quem contratam vendedores ou representantes; são estes distribuidores também que se encarregam da publicidade e logística de transporte, fazendo com que aquele produto caminhe da fábrica para as mãos dos consumidores finais e finalmente sejam esgotados das prateleiras, começando finalmente por mais uma etapa de fabricação, distribuição e consumo; repetindo esta mesma etapa por quantas vezes mais ele fizer sucesso com o consumidor final.
Cada produto tem um grau especifico de dificuldade na cadeia comercial entre o produtor e o consumidor; frutas, verduras e peixes fazem um caminho muito similar; é raro podermos ver uma fábrica vender direto para lojas e mais raro ainda a fábrica desempenhar o papel de comerciante, salvo ser um produto em início de produção ou a fábrica pertença ao grupo de pequenos produtores.
A base de meu artigo será um produto importado, largamente consumido no mercado que antes era de luxo, mas que hoje, com o fortalecimento de compra das classes intermediárias, passou a ser desejado e consumido por pessoas das classes A à D; eu cito diretamente o PERFUME AZZARO POUR HOMME e para ser ainda mais específico, escolhi a versão de 100 ml.
Quem conhece sabe que o Azzaro Pour Homme (tradicional) é uma das fragrâncias mais conhecidas do mundo; muito embora seja essencialmente masculino, homens, mulheres, jovens e idosos usam este perfume e o aprova como sendo algo de raro luxo.
Em sua composição verde ambarino, é indicado para o homem sedutor, viril e clássico. Suas notas combinam gerânio de Bourbon, âmbar, sândalo, vetiver e musgo de carvalho, ou seja, é um luxo que dantes era acessível somente aos ricos que podiam pagar algo em torno de R$ 470,00 no passado; é justamente o preço deste produto tão desejado, que apontaremos como base de uma pesquisa feita ao redor do globo; o fator para a utilização do dólar (moeda de produção) será U$ 1,00 = R$ 2,00 para facilitar as comparações.
Na fábrica da Azzaro Paris em Neuilly – França, para os grandes distribuidores exclusivos que compram milhares e milhares de frascos de uma só vez, cada unidade sai em média por U$ 17,00; entram então os custos do grande distribuidor com tudo que já foi citado, então, este Azzaro de 100 ml recebe outro preço para a venda, desta vez U$ 22,00.
Agora os milhares de frascos de Azzaro de 100 ml serão encaminhados para os quatro cantos do mundo para outros distribuidores menores, mas não ainda os que distribuem aos lojistas espalhados por shoppings Center. Os representantes destes distribuidores ou compram o mesmo produto ou os representam perante os lojistas; o preço do mesmo Azzaro que é vendido pela fábrica a U$ 17,00 já está em torno de U$ 30,00.
Os representantes ou distribuidores colocam pessoas nas ruas para oferecerem o produto aos lojistas; estes lojistas pagam antecipadamente os impostos e o frete; negociam o preço do produto em quatro vezes igual no máximo e os coloca nas prateleiras ao preço final de no mínimo R$ 200,00 ou U$ 100,00. Alguns vendem este mesmo produto em até 12 vezes iguais no cartão de crédito; da fábrica ao consumidor final o Azzaro passou legalmente por no mínimo três mãos diferentes e sofreu um reajuste de quase 500%.
O mais interessante nesta teia comercial é que podemos encontrar pessoas vendendo o mesmo Azzaro Pour Homme de 100 ml em locais como o Mercado Livre por R$ 90,00; sabe-se que tais pessoas não conseguem comprá-lo do fabricante, que não pagam impostos e que não tem as mesmas responsabilidades legais que uma loja ou distribuidor tem; sabe-se também que estas pessoas compram este produto de grandes atravessadores que os colocam no Brasil por caminhos ilegais; ainda assim o preço está abaixo do plausível.
Da França onde ele é produzido até os grandes distribuidores exclusivos nos Estados Unidos, além dos impostos, paga-se caríssimo pelo transporte marítimo; se este transporte for aéreo, o preço por quilo transportado quadriplica. Apenas para se ter uma idéia, o preço de um quilo em container de navio, com os custos de locação do container e custos do navio chega a U$ 17,00; três frascos de Azzaro Pour Homme de 100 ml perfazem um quilo.
Traduz-se naturalmente que ele sofra de plano, pelo menos 30% a mais em seu custo somente no frete; se colocarmos os impostos de produção da Europa que é em média 15%, o mesmo Azzaro que custa U$ 17,00 na fábrica, já sai para o distribuidor exclusivo por U$ 24,65 ou quase R$ 50,00; se eles viessem diretamente para o Brasil sofreria ainda o reajuste de importação e mais uma vez o transporte entre o porto de chegada e o destino de estocagem; com certeza esta operação dobraria de valor sem muito esforço; como em Deus Pai alguém poderia então vendê-lo por menos do custo e ainda pagar pelo anúncio dos leilões virtuais?
Eu conheço algumas lojas que vendem perfumes e eletrônicos pela internet que até entregam estes produtos, mas está claro que SOMENTE APÓS 20 DIAS ÚTEIS depois da confirmação do pagamento e o Azzaro, que me serviu de índice, também está lá por R$ 98,00 um frasco de 100 ml; imaginem onde eles vão buscar esta mercadoria?
Não se pode afirmar que quem vende um determinado produto mais barato do que o custo real seja um infrator, afinal de contas, podemos sim comprar algo por R$ 1,00 e vendê-lo por R$ 0,80, mas que vibra estranho, no mínimo ecoa. A polícia diz que são mercadorias furtadas, a receita diz que é descaminho, já alguns céticos batem pé firme que se trata de falsificação; certo mesmo é que DE QUALQUER PREÇO MUITO ABAIXO DO NORMAL, se não for sua mãe que esteja oferecendo, tome muito cuidado; são vários os perigos que rondam este tipo de oferta que pode lhe deixa desde falido até morto, dependendo do grau de aplicação.
De agora em diante, você que está lendo este artigo, olho vivo ao notar um preço tão convidativo; tenha certeza que o vendedor é sério e que se trata mesmo de uma promoção, caso contrário, você poderá ser o próximo entrevistado do telejornal que dará a seguinte notícia de abertura: Mais otários caem no mesmo conto do vigário!
Seguem algumas dicas seguras para a concretização de um negócio razoável pela internet:
1) Primeiro de tudo é ter senso na hora de decidir; por pouca diferença e na dúvida, prefira pagar mais caro da loja ou pessoa que você já conhece. Lembre-se que para estes conhecidos fica mais fácil a aplicação da lei.
2) Por regra de mercado os preços variam em no máximo 20%; abaixo disso há uma chance grande de ser golpe.
3) Se alguém ou loja vender via SEDEX A COBRAR (retirou, pagou), cuidado redobrado! Se o vendedor for maldoso lhe manda qualquer coisa dentro da caixa e os correios não permitem que ela seja aberta antes do pagamento; se isso ocorrer, chame a polícia e denuncie!
4) Se for fazer depósito antecipado, comum no Mercado Livre, peça o CPF ou CNPJ do vendedor e peça informações sobre ele à algum amigo que consiga acessar os cadastros restritivos.
5) Pessoas da mesma cidade que NÃO PERMITEM ENTREGA EM MÃOS costumam ser uma fria.
6) Lojas que não divulgam seus endereços presenciais não estão bem intencionadas.
7) Quando um site tiver PAG FÁCIL, saiba que as operações de cartões de crédito NÃO SÃO FEITAS EM NOME DO VENDEDOR E SIM DE UM INTERMEDIÁRIO e isso não é bom!
8) Lojas que não possuem telefone fixo para tirar dúvidas não são bem vistas.
9) Lembrem-se sempre que produtos importados sem nota fiscal não dá direito a garantia brasileira.
10) Se ainda assim quiser muito o produto e tiver que depositar antecipado, procure auxílio de um advogado ou da Polícia Civil; ouça atentamente o que estas pessoas podem lhe dizer e decida se irá correr o risco; depois, por favor, NÃO LAMENTE!
Carlos Henrique Mascarenhas Pires
www.irregular.com.br
Há bastante coisa gratuita na grande rede, de pesquisa até brindes materiais, mas o que ninguém pode negar é que tudo que é gratuito tem veracidade contestada e tudo que é pago gera desconfiança, mas o mais inacreditável é que mesmo com tantos alertas, mesmo com tanta publicidade negativa, mesmo com tanta veiculação insistentemente na mídia, com tudo isso, milhares de otários (perdoe-me pelo adjetivo enfadonho) caem nas mesmas armadilhas medíocres e passam a engrossar a fila dos desesperados que faliram por causa de sua própria ganância, cobiça, por causa de sua própria estupidez.
No mercado não há milagres; lugar de milagres é na igreja Universal ou no terreiro de macumba; quem pensa que pode ser esperto (vale para as duas partes) a ponto de enganar na internet só porque existem falhas de identificação pode estar redondamente enganado; você que compra coisas bem mais barato do que o convencional pode inclusive ser indiciado por crime de receptação e aqueles que vendem, estes podem ser facilmente rastreados, desde que o comprador seja um pouco menos estúpido e menos ganancioso; o que geral a facilitação ao crime é justamente a sede da vítima em sair ganhando; esta possibilidade de ganho fácil é quem fecha os olhos, boca e ouvidos destes trouxas medíocres, tão idiotas quanto os próprios criminosos estelionatários.
Um dos canais mais fáceis de ser enganado é o Mercado Livre, site da internet que foi concebido inicialmente para ser um leiloeiro de bugigangas; você se cadastrava e apenas aparecia seu apelido; dados de contato só eram revelados após a concretização da compra. Depois eles compraram uns dois outros sites similares e ganharam a preferência notória de quem quer comprar e vender, nem sempre barato como se imagina.
Num primeiro plano a coisa até parece engraçada, divertida e infantil, mas após uma boa pesquisa se observa que os mentores do mega site já perderam completamente a noção de todos os perigos que ele representa perante qualquer pessoa séria. No Mercado Livre se pode vender de tudo (em tese); eles publicam regras rígidas, mas estas são como nossas leis, existem, mas não funcionam em nada; o resultado é que podemos negociar diplomas de graduação por R$ 1.500 ou fardas da polícia militar de qualquer Estado por menos de R$ 300,00; distintivos de polícia é uma febre entre os artigos mais procurados e DVD pirata é tão comum quanto relógio Rolex por R$ 100,00; os produtos chineses que são proibidos no Brasil possuem lugar de destaque e desta forma o Mercado Livre é um dos maiores palcos do descaminho e da falsificação do Brasil; tudo isso com o aval de todas as operadoras de cartões de crédito e até da Caixa Econômica Federal, que é um banco oficial, daí vem à pergunta: o que é mesmo sério neste Brasil?
Observem este exemplo de veículo: um FIAT PALIO EX ANO/MODELO 2000, com ar condicionado, comprado nas mãos de terceiros (não em lojas), pode ser visto por no mínimo R$ 10 mil, se o carro não estiver tão miserável; a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE) que é uma espécie de regulador de preços médios dos veículos no Brasil, servindo inclusive de referência para seguradoras e bancos, diz que o preço médio deste mesmo Palio EX hoje é R$ 14.161,00. Há naturalmente uma variação para mais ou para menos, isso dependendo do estado do veículo, da região onde ele se encontra e de outros fatores que agregam ou subtraem valores a um veículo, mas nada tão gritante.
Vendo uma reportagem na televisão hoje, assisti uma vítima que comprou este mesmo carro através da internet (já é um estado de sandice), cujo valor era de R$ 6.500,00; ele mandou R$ 2.000,00 para os golpistas de adiantamento e acreditem, ficou esperando que os estelionatários lhe enviassem o carro para receberem o restante; isso já passa do estado de saúde mental em razoáveis condições; é seguramente um caso de internação em hospital psiquiátrico, mas aconteceu. A vítima tomou um belo calote e quando ligou novamente para os golpistas para cobrar-lhes explicações, com a conversa gravada, ouviu motejos e zombarias do outro lado da linha, inclusive, ouviu uma parte onde um dos golpistas riu e disse que ele, o trouxa, seria mais um a reclamar na polícia sem dar em nada!
Como esta vítima insana enviou o dinheiro aos golpistas? Com certeza através de depósito bancário! Alguém, seja pessoa física ou jurídica, figurou como favorecido pelo depósito e por conseguinte, há uma identificação de CNPJ ou CPF o que já dá para saber quem é e quem está movimentando aquela conta ou poupança. Mas alguém pode dizer que se trate de conta fantasma, tão comum desde que descobriram as facilidades do cheque sem fundos; neste caso o banco é co-responsável uma vez que em tese, facilita a vida deste tipo de gente, a escória!
Em geral, os gerentes dos bancos não são muito generosos na hora de conceder crédito, ou seja, para fornecer talões de cheques, cartões de crédito ou créditos avulsos, os clientes honestos sofrem horrores e até torturas psicológicas na hora de pedir este tipo de regalia, mas para abrir uma conta fácil ou uma poupança, poucos bancos checam informações mais sucintas destes clientes; os bancos mais populares são os mais gananciosos e os que mais facilitam a abertura de contas simples para qualquer pessoa; eles deveriam ser responsabilizados (em alguns casos) para que houvesse mais rigor na abertura e manutenção destas contas.
Um golpe comum, que está relacionado à ganância, é o do consórcio contemplado; como podemos acreditar que uma pessoa em sã consciência vai acreditar que um caminhão zero quilômetro que custa R$ 200 mil vai ser vendido através de uma quota de consórcio contemplada que ao final irá ficar em menos de R$ 150 mil? Quotas de consórcio contempladas por sorteio, apenas por sorteio, quando estão no início, os donos costumam cobrar ágio, isso porque, em tese, trata-se de crédito facilitado; jamais eles cobram abaixo do valor já pago.
Milhares de anúncios de classificados de jornais e anúncios de internet insistem em oferecer o mesmo produto fraudulento; centenas de reportagens insistem em divulgar os tantos casos de golpe e cada dia mais outras pessoas insistem em rotularem-se como acéfalos, insanos ou inocentes em demasia; quem busca este tipo de facilidade gosta de ver a desgraça alheia ou é tão criminoso quanto os próprios golpistas e deveriam responder no mínimo por incentivo ao crime.
Tem coisas que não se explicam por si somente, é o caso específico dos preços de mercado de um determinado produto. Qualquer coisa que passe pela cadeia produtiva, que utilize uma matéria prima e tenha por início de produção uma unidade fabril necessita ter um preço de partida para sua venda.
Aplica-se naturalmente ao preço de venda deste produto o custo de produção, que engloba vários fatores, desde os insumos, publicidade até chegar-se nos impostos; passado por esta etapa dolorosa aplica-se um fato de lucro; resumidamente, encontramos o preço mínimo de venda daquele produto.
Alguns produtos possuem preços diferenciados de acordo com a quantidade comprada, condição de pagamento e até mesmo o tipo do cliente a quem ele se destina. Algumas fábricas vendem primariamente seus produtos e distribuidores e estes, por sua vez, se encarregam de vendê-los diretamente para as lojas ou ainda para distribuidores menores que fazem a parte mais pesada; os distribuidores menores se encarregam de vender aquele produto para lojistas e entregá-lo, atendendo as orientações do fabricante.
Entendam que um produto foi produzido pela fábrica, vendido a poucos distribuidores de grande porte, que vendem a pequenos e médios distribuidores, que por sua vez os vendem a lojas e magazines. São os pequenos e médios distribuidores quem contratam vendedores ou representantes; são estes distribuidores também que se encarregam da publicidade e logística de transporte, fazendo com que aquele produto caminhe da fábrica para as mãos dos consumidores finais e finalmente sejam esgotados das prateleiras, começando finalmente por mais uma etapa de fabricação, distribuição e consumo; repetindo esta mesma etapa por quantas vezes mais ele fizer sucesso com o consumidor final.
Cada produto tem um grau especifico de dificuldade na cadeia comercial entre o produtor e o consumidor; frutas, verduras e peixes fazem um caminho muito similar; é raro podermos ver uma fábrica vender direto para lojas e mais raro ainda a fábrica desempenhar o papel de comerciante, salvo ser um produto em início de produção ou a fábrica pertença ao grupo de pequenos produtores.
A base de meu artigo será um produto importado, largamente consumido no mercado que antes era de luxo, mas que hoje, com o fortalecimento de compra das classes intermediárias, passou a ser desejado e consumido por pessoas das classes A à D; eu cito diretamente o PERFUME AZZARO POUR HOMME e para ser ainda mais específico, escolhi a versão de 100 ml.
Quem conhece sabe que o Azzaro Pour Homme (tradicional) é uma das fragrâncias mais conhecidas do mundo; muito embora seja essencialmente masculino, homens, mulheres, jovens e idosos usam este perfume e o aprova como sendo algo de raro luxo.
Em sua composição verde ambarino, é indicado para o homem sedutor, viril e clássico. Suas notas combinam gerânio de Bourbon, âmbar, sândalo, vetiver e musgo de carvalho, ou seja, é um luxo que dantes era acessível somente aos ricos que podiam pagar algo em torno de R$ 470,00 no passado; é justamente o preço deste produto tão desejado, que apontaremos como base de uma pesquisa feita ao redor do globo; o fator para a utilização do dólar (moeda de produção) será U$ 1,00 = R$ 2,00 para facilitar as comparações.
Na fábrica da Azzaro Paris em Neuilly – França, para os grandes distribuidores exclusivos que compram milhares e milhares de frascos de uma só vez, cada unidade sai em média por U$ 17,00; entram então os custos do grande distribuidor com tudo que já foi citado, então, este Azzaro de 100 ml recebe outro preço para a venda, desta vez U$ 22,00.
Agora os milhares de frascos de Azzaro de 100 ml serão encaminhados para os quatro cantos do mundo para outros distribuidores menores, mas não ainda os que distribuem aos lojistas espalhados por shoppings Center. Os representantes destes distribuidores ou compram o mesmo produto ou os representam perante os lojistas; o preço do mesmo Azzaro que é vendido pela fábrica a U$ 17,00 já está em torno de U$ 30,00.
Os representantes ou distribuidores colocam pessoas nas ruas para oferecerem o produto aos lojistas; estes lojistas pagam antecipadamente os impostos e o frete; negociam o preço do produto em quatro vezes igual no máximo e os coloca nas prateleiras ao preço final de no mínimo R$ 200,00 ou U$ 100,00. Alguns vendem este mesmo produto em até 12 vezes iguais no cartão de crédito; da fábrica ao consumidor final o Azzaro passou legalmente por no mínimo três mãos diferentes e sofreu um reajuste de quase 500%.
O mais interessante nesta teia comercial é que podemos encontrar pessoas vendendo o mesmo Azzaro Pour Homme de 100 ml em locais como o Mercado Livre por R$ 90,00; sabe-se que tais pessoas não conseguem comprá-lo do fabricante, que não pagam impostos e que não tem as mesmas responsabilidades legais que uma loja ou distribuidor tem; sabe-se também que estas pessoas compram este produto de grandes atravessadores que os colocam no Brasil por caminhos ilegais; ainda assim o preço está abaixo do plausível.
Da França onde ele é produzido até os grandes distribuidores exclusivos nos Estados Unidos, além dos impostos, paga-se caríssimo pelo transporte marítimo; se este transporte for aéreo, o preço por quilo transportado quadriplica. Apenas para se ter uma idéia, o preço de um quilo em container de navio, com os custos de locação do container e custos do navio chega a U$ 17,00; três frascos de Azzaro Pour Homme de 100 ml perfazem um quilo.
Traduz-se naturalmente que ele sofra de plano, pelo menos 30% a mais em seu custo somente no frete; se colocarmos os impostos de produção da Europa que é em média 15%, o mesmo Azzaro que custa U$ 17,00 na fábrica, já sai para o distribuidor exclusivo por U$ 24,65 ou quase R$ 50,00; se eles viessem diretamente para o Brasil sofreria ainda o reajuste de importação e mais uma vez o transporte entre o porto de chegada e o destino de estocagem; com certeza esta operação dobraria de valor sem muito esforço; como em Deus Pai alguém poderia então vendê-lo por menos do custo e ainda pagar pelo anúncio dos leilões virtuais?
Eu conheço algumas lojas que vendem perfumes e eletrônicos pela internet que até entregam estes produtos, mas está claro que SOMENTE APÓS 20 DIAS ÚTEIS depois da confirmação do pagamento e o Azzaro, que me serviu de índice, também está lá por R$ 98,00 um frasco de 100 ml; imaginem onde eles vão buscar esta mercadoria?
Não se pode afirmar que quem vende um determinado produto mais barato do que o custo real seja um infrator, afinal de contas, podemos sim comprar algo por R$ 1,00 e vendê-lo por R$ 0,80, mas que vibra estranho, no mínimo ecoa. A polícia diz que são mercadorias furtadas, a receita diz que é descaminho, já alguns céticos batem pé firme que se trata de falsificação; certo mesmo é que DE QUALQUER PREÇO MUITO ABAIXO DO NORMAL, se não for sua mãe que esteja oferecendo, tome muito cuidado; são vários os perigos que rondam este tipo de oferta que pode lhe deixa desde falido até morto, dependendo do grau de aplicação.
De agora em diante, você que está lendo este artigo, olho vivo ao notar um preço tão convidativo; tenha certeza que o vendedor é sério e que se trata mesmo de uma promoção, caso contrário, você poderá ser o próximo entrevistado do telejornal que dará a seguinte notícia de abertura: Mais otários caem no mesmo conto do vigário!
Seguem algumas dicas seguras para a concretização de um negócio razoável pela internet:
1) Primeiro de tudo é ter senso na hora de decidir; por pouca diferença e na dúvida, prefira pagar mais caro da loja ou pessoa que você já conhece. Lembre-se que para estes conhecidos fica mais fácil a aplicação da lei.
2) Por regra de mercado os preços variam em no máximo 20%; abaixo disso há uma chance grande de ser golpe.
3) Se alguém ou loja vender via SEDEX A COBRAR (retirou, pagou), cuidado redobrado! Se o vendedor for maldoso lhe manda qualquer coisa dentro da caixa e os correios não permitem que ela seja aberta antes do pagamento; se isso ocorrer, chame a polícia e denuncie!
4) Se for fazer depósito antecipado, comum no Mercado Livre, peça o CPF ou CNPJ do vendedor e peça informações sobre ele à algum amigo que consiga acessar os cadastros restritivos.
5) Pessoas da mesma cidade que NÃO PERMITEM ENTREGA EM MÃOS costumam ser uma fria.
6) Lojas que não divulgam seus endereços presenciais não estão bem intencionadas.
7) Quando um site tiver PAG FÁCIL, saiba que as operações de cartões de crédito NÃO SÃO FEITAS EM NOME DO VENDEDOR E SIM DE UM INTERMEDIÁRIO e isso não é bom!
8) Lojas que não possuem telefone fixo para tirar dúvidas não são bem vistas.
9) Lembrem-se sempre que produtos importados sem nota fiscal não dá direito a garantia brasileira.
10) Se ainda assim quiser muito o produto e tiver que depositar antecipado, procure auxílio de um advogado ou da Polícia Civil; ouça atentamente o que estas pessoas podem lhe dizer e decida se irá correr o risco; depois, por favor, NÃO LAMENTE!
Carlos Henrique Mascarenhas Pires
www.irregular.com.br