ENVELHECER

ENVELHECER

EVILAZIO RIBEIRO - Consultor

O tempo, irreversível, vai se deslocando a cada segundo, minuto, hora, dia,semana e ano. É o grande rio da vida, que não tem chance de retornar à nascente.

O grande segredo é saber envelhecer. É saber se renovar, tendo os olhos voltados para o horizonte, com o sol iluminando nossas esperanças. Temos então sempre que sonhar, fazer planos, encarar o dia de hoje como o primeiro de nossas vidas,olhando o ontem com saudades, mas esperando sempre os amanhãs, planejando o nosso futuro. É certo que o tempo passa rápido como as águas dos rios,escorrendo pelas paisagens, arrastando com sua força memórias e recordações em direção ao grande mar desconhecido que é o futuro. Saber envelhecer é uma arte,é saber curtir todos os momentos, superar os desafios, saber que o sol passa, a noite chega, mas as esperanças retornam, a vida continua e o sol brilhará outra vez a cada dia. E nesse eterno passar da correnteza que não volta,é preciso saber sonhar e ter sempre projetos para o futuro, ver os anos passarem, chegarem outros

sempre renovados de sonhos e desejos, tendo consciência de que a longevidade é uma conquista e envelhecer,uma arte..Desde a infância, sempre ouvi minha mãe repetir: – “Ame a todas as pessoas, animais e coisas. E elas também amarão você”. Eu gostava dessa frase e adotei-a como lema de viver. Amo a água. Venha como chuva ou no mar! Ou, simplesmente, refresque e lave meu corpo escaldante no chuveiro. Amo o rio Parnaíba, apressado rumo ao seu destino,ronque ameaças ou sussurre carinhos nas ondas do mar.. Mas ela me assusta, quando enchentes, tornados e temporais arrastam e sepultam corpos em sua fúria de destruição. Amo os animais, respeitando sempre seus instintos selvagens, que se aquietam à nossa voz e ao gesto de carinho com que os recebemos. Amo o som, as cores, o sussurro do vento, as noites de lua... Amo o calor gostoso do sol. Amores nascidos da gratidão por me revelarem a sua luminosidade e a beleza, que me reconciliam com o meu próprio viver. Amo meus amigos e até os desconhecidos(leitores), meus semelhantes, com todas suas fraquezas e erros, nos quais reconheço minhas próprias fraquezas e erros. Amei e amo ainda meus pais, minha mulher, minha única filha. Assim, entre as delícias do amar e os sobressaltos do

medo, percorremos o curto ou longo caminho da existência terrestre.

Vejo hoje, que o mundo está dividido em inimigos – de um lado, interesses e ambições egoístas, do outro, revolta e ameaças de represálias violentas. O amor é relegado à posição humilhante de fraqueza! O medo cresce. Embrutece todos os sentimentos nobres. Medo perverso e pétreo, sem amaciamentos de ternuras. Medo que separa nossas ações impede entendimentos, aceitações ou piedades. Medo de

nossos semelhantes, de nossos irmãos e companheiros de jornada. Já não confiamos em ninguém. Nem em nós mesmos. E a moeda de troca, como pregava minha mãe sobre o amor, nos chega com a mesma intensidade de tudo e todos que nos cercam. É a transformação do próprio homem, substituindo seus valores reais por mesquinhas ambições de riqueza material, a responsável pela radical mudança. É a pretensão humana de dispensar a dulcificante emoção do amor pelo prazer de acumular ouro e poder de domínio sobre seus iguais.. Prisioneiros da mais árida

sensação do envelhecer, medo de ser taxado de “velho rabugento”.

Temos que assumir a nossa real condição de hóspedes temporários dos bens e dos descaminhos, que nos são impostos em nossa passagem pelo planeta Terra, que levam à desesperada pretensão de possuir o poder criador de seu destino. Quando essa loucura passará?

Para refletir: “A morte não é a maior perda da vida. A maior perda da vida é o que morre dentro de nós enquanto vivemos.” Norman Cuisins.

evilazioribeiro
Enviado por evilazioribeiro em 05/07/2009
Reeditado em 14/07/2009
Código do texto: T1683138
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