CRIANÇAS COM CABELOS PINTADOS?

Nadir Silveira Dias

Crianças com cabelos pintados?

Mas o que é isso? E não falo de mulheres muito jovens, muitas das quais, apesar de seus nove anos, já são mães.

Falo mesmo de crianças, dessas que ainda sequer poderiam saber pintar os próprios cabelos.

Para quê?

De muitas mulheres, inclusive dessas bem jovens, já ouvi respostas do tipo “É para ficar mais bonita, diferente”.

E uma que bem conheci escondia numa esdrúxula tintura preta um belíssimo e brilhante cabelo castanho escuro levemente ondulado de fazer qualquer pessoa de bom gosto voltar-se para olhá-lo melhor.

Fico embasbacado diante da pergunta para a qual ninguém tem resposta satisfatória: Há mulher mais bonita do que mulher não-artificial? Há mulher mais bonita do que a mulher que é ela mesma, sem precisar ser diferente? Qual a vantagem de ser diferente do que se é realmente? Anatomicamente? Ou psicologicamente?

(Apenas de passagem, acrescento que bons e direitos é a única obrigação que temos de ser, e bem assim como somos, não como gostaríamos ou poderíamos ser, anatomicamente).

Há cabelo mais bonito – por mais feio que a sua dona o considere – do que o cabelo lavado e penteado? Com leve água de cheiro, se houver!

Ah! Também já vi “hominhos” com cabelo pintado, bem menos, mas já vi. E com relação a estes, sei lá, eles que se desentendam como quiserem.

Mas a mulher? A mulher que terá toda a oportunidade de pintar o cabelo na época própria e certamente vai ficar muito linda. Linda como tantas que tenho visto, por exemplo, aquelas que usam a cor azul claro ou levemente acinzentado, dentre todos os outros matizes de loiros, ruivos, pretos e castanhos, tantos que são.

Belíssimas! E assim porque apropriadas ao seu tempo respectivo. Um tempo em que é bom que queiramos corrigir uns brancos e mantermos-nos bem conosco mesmo e com quem nos veja.

Para que antecipar o próprio tempo a ser vivido, sem qualquer benefício?

Ao contrário, com prejuízo certo pela antecipada desmineralização dos fios? Isso desde quando criança?

As tinturas não geram o pagamento de insalubridade a todos aqueles que lidam com elas profissionalmente nos salões de beleza? E essa eu sei responder: geram sim!

E para quem pinta por si mesma, estará adotando a proteção necessária para mãos, rosto e pele? Vale a pena todo esse esforço, esse risco, para desmineralizar antecipadamente a própria moldura do rosto?

No caso das crianças, isso não atentará contra os interesses tutelados pelo Estatuto da Criança e do Adolescente?

Escritor e Jurista – nadirsdias@yahoo.com.br

Nadir Silveira Dias
Enviado por Nadir Silveira Dias em 31/05/2006
Reeditado em 01/06/2006
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