GAZA E SEUS CONFLITOS

* Nadir Silveira Dias

Antes mesmo de ser poeta eu já compreendia que os extremos não levam a qualquer construção duradoura. Ao contrário, somente levam à destruição. É só uma questão de tempo, caso não ocorra logo após terem sido assumidas as posições extremadas.

É muito triste ter que erguer a palavra para gritar aquilo que homens bem mais antigos – homens do oriente – já deveriam saber como verdade sabida geneticamente.

Note-se que o conflito em pauta se situa na Terra Santa para árabes, muçulmanos e judeus. Ou seja, todos convergem na questão nuclear, cada qual em sua crença. E apesar disso, vivem em conflito.

Aliás, mais triste ainda é saber que usar da palavra e gritar que a paz é imperativa não conduz a lugar nenhum quando não exista ninguém para ouvir. E ouvir não depende apenas de ter ouvidos. É preciso querer! Como qualquer outra coisa na vida, é preciso não apenas ouvir, mas compreender, assimilar e aplicar o que a palavra diz.

Eu custo muito a compreender o conflito entre esses irmãos. Parecem crer que existem apenas para brigar. Para viver e estar em conflito. E se disso efetivamente se trata, estão demonstrando absoluta competência, desde que me conheço por gente. E não adianta aduzir que a culpa é deste ou daquele, pois ambos contribuem, necessariamente, para o resultado que apequena o mundo, para o resultado que apequena o homem, judeu ou palestino.

Fica ainda mais difícil compreender porque os irmãos palestinos ainda lutam por um Estado Palestino, quando ele existe juridicamente desde a mesma data em que foi criado o Estado de Israel. E isso ocorreu através da partilha da Palestina aprovada em 29 de novembro de 1947, na 49ª Sessão da 2ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, então presidida por Oswaldo Aranha, embaixador brasileiro na ONU. Isso deu fim à luta por uma pátria para os judeus, evento que ganhou aprovação internacional e deu causa à criação do Estado de Israel no ano seguinte.

Em suma, por este ato reconhecido juridicamente no plano internacional, a Palestina que era dos palestinos cedeu parte para os judeus e permaneceu com todo o território restante não cedido para a criação do Estado de Israel.

Então porque não existe o Estado Palestino se ele é pré-existente ao Estado de Israel?

Essa resposta caberia ser respondida pelos irmãos palestinos. No entanto, há verdades que são notórias. São públicas. E apesar disso muitos não a querem ver. E não veem.

A diferença que eu vejo há meio século é uma só: A união de uns e a desunião de outros.

E todos sabem que a união cria elos e gera sedimentação de ideais, de propósitos, em prol de algo comum. Aí reside e vive a força.

Ao contrário, na desunião cada qual busca o seu ponto de vista, o seu pedaço, a sua visualização, sem pensar no que é comum. Aí nunca se faz algo em prol do comum, do que é do interesse de todos.

Eu vou ter cento e tantos anos e isso vai estar exatamente assim, se os homens em conflito não mudarem o jeito de ver as coisas, o jeito de ver os seus próprios irmãos e os seus irmãos vizinhos.

O resultado? As mortes que não queremos. A morte que ninguém quer!

12.01.2009 - 03h06min

* Jurista, Escritor e Poeta – nadirsdias@yahoo.com.br

Nadir Silveira Dias
Enviado por Nadir Silveira Dias em 13/01/2009
Reeditado em 13/01/2009
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