Voto: um instrumento da democracia
A Constituição Federal diz em seu artigo 1º que o Brasil é um Estado Democrático de Direito. Assim, posto que este país seja uma democracia, entende-se que o Estado funda-se no princípio da soberania popular, o que significa que todo poder emana do povo. No entanto, segundo Montesquieu, “o homem comum é incapaz de discutir e gerir a coisa pública, mas tem plena aptidão de escolher, participando do governo, quem melhor possa representá-lo para a tomada de decisões fundamentais”.
Devido a esse fato, periodicamente, são realizadas eleições para que, através do voto, os cidadãos possam escolher seus representantes, os quais devem governar visando sempre o bem coletivo. É por isso que se diz que o voto é instrumento de democracia, pois ele é o modo pelo qual o povo manifesta sua opinião e participa da vontade do governo e do processo político.
Contudo, no Brasil, toda essa teoria não vem funcionando. A corrupção e a impunidade presentes em praticamente todos os governos fazem com que os brasileiros deixem de acreditar na legitimidade do sistema. Porque, neste país, o povo (demos) e o seu governo (cracia) estão cada vez mais distantes. E a sociedade não é mais a base nem a finalidade da administração pública, já que a maioria dos que chegam ao poder estão preocupados em defender seus próprios interesses.
Esse descaso dos governantes para com as necessidades da sociedade faz aumentar a insatisfação dos brasileiros e leva muitos à descrença em reais possibilidades de mudanças. Conseqüentemente, muitas pessoas deixam de dar ao seu voto a importância necessária.
Porém, não se pode esquecer que votar é exercer a cidadania, é expressar opinião, é o meio mais democrático de fazer valer a vontade da maioria, já que o sufrágio é universal e igual para todos, não fazendo distinção de cor, sexo ou classe social.
Portanto, é exatamente nesses momentos de insatisfação que se deve dar mais valor ao voto, pois é através dele que o povo manifesta-se contrário aos atos do governo, e mostra também que não está alheio à vida política. Dessa forma, o voto deve ser encarado não como um simples dever cívico, mas como um direito, direito de fazer prevalecer os interesses sociais sobre os individuais, de tirar do poder aqueles que não governam pelo povo e para o povo, direito de exigir mudanças.
Logo, o sufrágio é a principal arma que o cidadão possui nessa luta por mudanças. Entretanto, para que elas realmente ocorram, é mister não só votar, mas votar bem, o que significa ter discernimento mental para compreender os problemas sociais e preocupar-se com o bem comum. Assim, será possível dar os primeiros passos em direção a uma verdadeira democracia.