LEI Nº 9.610/98 DIREITOS AUTORAIS

LEI Nº 9.610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998

Altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos

autorais e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Título I

Disposições Preliminares

Art. 1º - Esta Lei regula os direitos autorais, entendendo-se sob esta denominação os direitos de

autor e os que lhes são conexos.

Art. 2º - Os estrangeiros domiciliados no exterior gozarão da proteção assegurada nos acordos,

convenções e tratados em vigor no Brasil.

Parágrafo único. Aplica-se o disposto nesta Lei aos nacionais ou pessoas domiciliadas em

país que assegure aos brasileiros ou pessoas domiciliadas no Brasil a reciprocidade na

proteção aos direitos autorais ou equivalentes.

Art. 3º - Os direitos autorais reputam-se, para os efeitos legais, bens móveis.

Art. 4º - Interpretam-se restritivamente os negócios jurídicos sobre os direitos autorais.

Art. 5º - Para os efeitos desta Lei, considera-se:

I - publicação - o oferecimento de obra literária, artística ou científica ao conhecimento do

público, com o consentimento do autor, ou de qualquer outro titular de direito de autor, por

qualquer forma ou processo;

II - transmissão ou emissão - a difusão de sons ou de sons e imagens, por meio de ondas

radioelétricas; sinais de satélite; fio, cabo, ou outro condutor; meios óticos ou qualquer

outro processo eletromagnético;

III - retransmissão - a emissão simultânea da transmissão de uma empresa por outra;

IV - distribuição - a colocação à disposição do público do original ou cópia de obras

literárias, artísticas ou científicas, interpretações ou execuções fixadas e fonogramas,

mediante a venda, locação ou qualquer outra forma de transferência de propriedade ou

posse;

V - comunicação ao público - ato mediante o qual a obra é colocada ao alcance do público,

por qualquer meio ou procedimento e que não consista na distribuição de exemplares;

VI - reprodução - a cópia de um ou vários exemplares de uma obra literária, artística ou

científica ou de um fonograma, de qualquer forma tangível, incluindo qualquer

armazenamento permanente ou temporário por meios eletrônicos ou qualquer outro meio

de fixação que venha a ser desenvolvido;

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VII - contrafação - a reprodução não autorizada;

VIII - obra:

a) em co-autoria - quando é criada em comum, por dois ou mais autores;

b) anônima - quando não se indica o nome do autor, por sua vontade ou por ser

desconhecido;

c) pseudônima - quando o autor se oculta sob nome suposto;

d) inédita - a que não haja sido objeto de publicação;

e) póstuma - a que se publique após a morte do autor;

f) originária - a criação primígena;

g) derivada - a que, constituindo criação intelectual nova, resulta da transformação

de obra originária;

h) coletiva - a criada por iniciativa, organização e responsabilidade de uma pessoa

física ou jurídica, que a publica sob seu nome ou marca e que é constituída pela

participação de diferentes autores, cujas contribuições se fundem numa criação

autônoma;

i) audiovisual - a que resulta da fixação de imagens com ou sem som, que tenha a

finalidade de criar, por meio de sua reprodução, a impressão de movimento,

independentemente dos processos de sua captação, do suporte usado inicial ou

posteriormente para fixá-lo, bem como dos meios utilizados para sua veiculação;

IX - fonograma - toda fixação de sons de uma execução ou interpretação ou de outros

sons, ou de uma representação de sons que não seja uma fixação incluída em uma obra

audiovisual;

X - editor - a pessoa física ou jurídica à qual se atribui o direito exclusivo de reprodução da

obra e o dever de divulgá-la, nos limites previstos no contrato de edição;

XI - produtor - a pessoa física ou jurídica que toma a iniciativa e tem a responsabilidade

econômica da primeira fixação do fonograma ou da obra audiovisual, qualquer que seja a

natureza do suporte utilizado;

XII - radiodifusão - a transmissão sem fio, inclusive por satélites, de sons ou imagens e

sons ou das representações desses, para recepção ao público e a transmissão de sinais

codificados, quando os meios de decodificação sejam oferecidos ao público pelo organismo

de radiodifusão ou com seu consentimento;

XIII - artistas intérpretes ou executantes - todos os atores, cantores, músicos, bailarinos ou

outras pessoas que representem um papel, cantem, recitem, declamem, interpretem ou

executem em qualquer forma obras literárias ou artísticas ou expressões do folclore.

Art. 6º - Não serão de domínio da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios as

obras por eles simplesmente subvencionadas.

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Título II

Das Obras Intelectuais

Capítulo I

Das Obras Protegidas

Art. 7º - São obras intelectuais protegidas as criações do espírito, expressas por qualquer meio ou

fixadas em qualquer suporte, tangível ou intangível, conhecido ou que se invente no futuro, tais

como:

I - os textos de obras literárias, artísticas ou científicas;

II - as conferências, alocuções, sermões e outras obras da mesma natureza;

III - as obras dramáticas e dramático - musicais;

IV - as obras coreográficas e pantomímicas, cuja execução cênica se fixe por escrito ou por

outra qualquer forma;

V - as composições musicais, tenham ou não letra;

VI - as obras audiovisuais, sonorizadas ou não, inclusive as cinematográficas;

VII - as obras fotográficas e as produzidas por qualquer processo análogo ao da fotografia;

VIII - as obras de desenho, pintura, gravura, escultura, litografia e arte cinética;

IX - as ilustrações, cartas geográficas e outras obras da mesma natureza;

X - os projetos, esboços e obras plásticas concernentes à geografia, engenharia,

topografia, arquitetura, paisagismo, cenografia e ciência;

XI - as adaptações, traduções e outras transformações de obras originais, apresentadas

como criação intelectual nova;

XII - os programas de computador;

XIII - as coletâneas ou compilações, antologias, enciclopédias, dicionários, bases de dados

e outras obras, que, por sua seleção, organização ou disposição de seu conteúdo,

constituam uma criação intelectual.

§ 1º Os programas de computador são objeto de legislação específica, observadas

as disposições desta Lei que lhes sejam aplicáveis.

§ 2º A proteção concedida no inciso XIII não abarca os dados ou materiais em si

mesmos e se entende sem prejuízo de quaisquer direitos autorais que subsistam a

respeito dos dados ou materiais contidos nas obras.

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§ 3º No domínio das ciências, a proteção recairá sobre a forma literária ou artística,

não abrangendo o seu conteúdo científico ou técnico, sem prejuízo dos direitos que

protegem os demais campos da propriedade imaterial.

Art. 8º - Não são objeto de proteção como direitos autorais de que trata esta Lei:

I - as idéias, procedimentos normativos, sistemas, métodos, projetos ou conceitos

matemáticos como tais;

II - os esquemas, planos ou regras para realizar atos mentais, jogos ou negócios;

III - os formulários em branco para serem preenchidos por qualquer tipo de informação,

científica ou não, e suas instruções;

IV - os textos de tratados ou convenções, leis, decretos, regulamentos, decisões judiciais e

demais atos oficiais;

V - as informações de uso comum tais como calendários, agendas, cadastros ou legendas;

VI - os nomes e títulos isolados;

VII - o aproveitamento industrial ou comercial das idéias contidas nas obras.

Art. 9º - À cópia de obra de arte plástica feita pelo próprio autor é assegurada a mesma proteção

de que goza o original.

Art. 10 - A proteção à obra intelectual abrange o seu título, se original e inconfundível com o de

obra do mesmo gênero, divulgada anteriormente por outro autor.

Parágrafo único. O título de publicações periódicas, inclusive jornais, é protegido até um

ano após a saída do seu último número, salvo se forem anuais, caso em que esse prazo se

elevará a dois anos.

Capítulo II

Da Autoria das Obras Intelectuais

Art. 11 - Autor é a pessoa física criadora de obra literária, artística ou científica.

Parágrafo único. A proteção concedida ao autor poderá aplicar-se às pessoas jurídicas

nos casos previstos nesta Lei.

Art. 12 - Para se identificar como autor, poderá o criador da obra literária, artística ou científica

usar de seu nome civil, completo ou abreviado até por suas iniciais, de pseudônimo ou qualquer

outro sinal convencional.

Art. 13 - Considera-se autor da obra intelectual, não havendo prova em contrário, aquele que, por

uma das modalidades de identificação referidas no artigo anterior, tiver, em conformidade com o

uso, indicada ou anunciada essa qualidade na sua utilização.

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Art. 14 - É titular de direitos de autor quem adapta, traduz, arranja ou orquestra obra caída no

domínio público, não podendo opor-se a outra adaptação, arranjo, orquestração ou tradução, salvo

se for cópia da sua.

Art. 15 - A co-autoria da obra é atribuída àqueles em cujo nome, pseudônimo ou sinal

convencional for utilizada.

§ 1º Não se considera co-autor quem simplesmente auxiliou o autor na produção da obra

literária, artística ou científica, revendo-a, atualizando-a, bem como fiscalizando ou dirigindo

sua edição ou apresentação por qualquer meio.

§ 2º Ao co-autor, cuja contribuição possa ser utilizada separadamente, são asseguradas

todas as faculdades inerentes à sua criação como obra individual, vedada, porém, a

utilização que possa acarretar prejuízo à exploração da obra comum.

Art. 16 - São co-autores da obra audiovisual o autor do assunto ou argumento literário, musical ou

lítero-musical e o diretor.

Parágrafo único. Consideram-se co-autores de desenhos animados os que criam os

desenhos utilizados na obra audiovisual.

Art. 17 - É assegurada a proteção às participações individuais em obras coletivas.

§ 1º Qualquer dos participantes, no exercício de seus direitos morais, poderá proibir que se

indique ou anuncie seu nome na obra coletiva, sem prejuízo do direito de haver a

remuneração contratada.

§ 2º Cabe ao organizador a titularidade dos direitos patrimoniais sobre o conjunto da obra

coletiva.

§ 3º O contrato com o organizador especificará a contribuição do participante, o prazo para

entrega ou realização, a remuneração e demais condições para sua execução.

Capítulo III

Do Registro das Obras Intelectuais *(1)

Art. 18 - A proteção aos direitos de que trata esta Lei independe de registro.

Art. 19 - É facultado ao autor registrar a sua obra no órgão público definido no caput e no § 1º do

art. 17 da Lei nº 5.988, de 14 de dezembro de 1973.

Art. 20 - Para os serviços de registro previstos nesta Lei será cobrada retribuição, cujo valor e

processo de recolhimento serão estabelecidos por ato do titular do órgão da administração pública

federal a que estiver vinculado o registro das obras intelectuais.

Art. 21 - Os serviços de registro de que trata esta Lei serão organizados conforme preceitua o § 2º

do art. 17 da Lei nº 5.988, de 14 de dezembro de 1973.

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*(ˇ).Nota: art. 17 da Lei 5.988/73 )

Art. 17 – Para segurança de seus direitos, o autor da obra intelectual poderá registrá-la,

conforme sua natureza, na Biblioteca Nacional, na Escola de Música, na Escola de Belas

Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro, no Instituto Nacional do Cinema ou no

Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia.

§ 1º – Se a obra for de natureza que comporte registro em mais de um desses

órgãos, deverá ser registrada naquele com que tiver maior afinidade.

§ 2º – O Poder Executivo, mediante Decreto, poderá a qualquer tempo, reorganizar

os serviços de registro, conferindo a outros Órgãos as atribuições a que se refere

este artigo.

Título III

Dos Direitos do Autor

Capítulo I

Disposições Preliminares

Art. 22 - Pertencem ao autor os direitos morais e patrimoniais sobre a obra que criou.

Art. 23 - Os co-autores da obra intelectual exercerão, de comum acordo, os seus direitos, salvo

convenção em contrário.

Capítulo II

Dos Direitos Morais do Autor

Art. 24 - São direitos morais do autor:

I - o de reivindicar, a qualquer tempo, a autoria da obra;

II - o de ter seu nome, pseudônimo ou sinal convencional indicado ou anunciado, como

sendo o do autor, na utilização de sua obra;

III - o de conservar a obra inédita;

IV - o de assegurar a integridade da obra, opondo-se a quaisquer modificações ou à prática

de atos que, de qualquer forma, possam prejudicá-la ou atingi-lo, como autor, em sua

reputação ou honra;

V - o de modificar a obra, antes ou depois de utilizada;

VI - o de retirar de circulação a obra ou de suspender qualquer forma de utilização já

autorizada, quando a circulação ou utilização implicarem afronta à sua reputação e

imagem;

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VII - o de ter acesso a exemplar único e raro da obra, quando se encontre legitimamente

em poder de outrem, para o fim de, por meio de processo fotográfico ou assemelhado, ou

audiovisual, preservar sua memória, de forma que cause o menor inconveniente possível a

seu detentor, que, em todo caso, será indenizado de qualquer dano ou prejuízo que lhe

seja causado.

§ 1º Por morte do autor, transmitem -se a seus sucessores os direitos a que se

referem os incisos I a IV.

§ 2º Compete ao Estado a defesa da integridade e autoria da obra caída em

domínio público.

§ 3º Nos casos dos incisos V e VI, ressalvam-se as prévias indenizações a

terceiros, quando couberem.

Art. 25 - Cabe exclusivamente ao diretor o exercício dos direitos morais sobre a obra audiovisual.

Art. 26 - O autor poderá repudiar a autoria de projeto arquitetônico alterado sem o seu

consentimento durante a execução ou após a conclusão da construção.

Parágrafo único. O proprietário da construção responde pelos danos que causar ao autor

sempre que, após o repúdio, der como sendo daquele a autoria do projeto repudiado.

Art. 27 - Os direitos morais do autor são inalienáveis e irrenunciáveis.

Capítulo III

Dos Direitos Patrimoniais do Autor e de sua Duração

Art. 28 - Cabe ao autor o direito exclusivo de utilizar, fruir e dispor da obra literária, artística ou

científica.

Art. 29 - Depende de autorização prévia e expressa do autor a utilização da obra, por quaisquer

modalidades, tais como:

I - a reprodução parcial ou integral;

II - a edição;

III - a adaptação, o arranjo musical e quaisquer outras transformações;

IV - a tradução para qualquer idioma;

V - a inclusão em fonograma ou produção audiovisual;

VI - a distribuição, quando não intrínseca ao contrato firmado pelo autor com terceiros para

uso ou exploração da obra;

VII - a distribuição para oferta de obras ou produções mediante cabo, fibra ótica, satélite,

ondas ou qualquer outro sistema que permita ao usuário realizar a seleção da obra ou

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produção para percebê-la em um tempo e lugar previamente determinados por quem

formula a demanda, e nos casos em que o acesso às obras ou produções se faça por

qualquer sistema que importe em pagamento pelo usuário;

VIII - a utilização, direta ou indireta, da obra literária, artística ou científica, mediante:

a) representação, recitação ou declamação;

b) execução musical;

c) emprego de alto-falante ou de sistemas análogos;

d) radiodifusão sonora ou televisiva;

e) captação de transmissão de radiodifusão em locais de freqüência coletiva;

f) sonorização ambiental;

g) a exibição audiovisual, cinematográfica ou por processo assemelhado;

h) emprego de satélites artificiais;

i) emprego de sistemas óticos, fios telefônicos ou não, cabos de qualquer tipo e

meios de comunicação similares que venham a ser adotados;

j) exposição de obras de artes plásticas e figurativas;

IX - a inclusão em base de dados, o armazenamento em computador, a microfilmagem e as

demais formas de arquivamento do gênero;

X - quaisquer outras modalidades de utilização existentes ou que venham a ser inventadas.

Art. 30 - No exercício do direito de reprodução, o titular dos direitos autorais poderá colocar à

disposição do público a obra, na forma, local e pelo tempo que desejar, a título oneroso ou

gratuito.

§ 1º O direito de exclusividade de reprodução não será aplicável quando ela for temporária

e apenas tiver o propósito de tornar a obra, fonograma ou interpretação perceptível em

meio eletrônico ou quando for de natureza transitória e incidental, desde que ocorra no

curso do uso devidamente autorizado da obra, pelo titular.

§ 2º Em qualquer modalidade de reprodução, a quantidade de exemplares será informada

e controlada, cabendo a quem reproduzir a obra a responsabilidade de manter os

registros que permitam, ao autor, a fiscalização do aproveitamento econômico da

exploração.

Art. 31 - As diversas modalidades de utilização de obras literárias, artísticas ou científicas ou de

fonogramas são independentes entre si, e a autorização concedida pelo autor, ou pelo produtor,

respectivamente, não se es tende a quaisquer das demais.

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Art. 32 - Quando uma obra feita em regime de co-autoria não for divisível, nenhum dos co-autores,

sob pena de responder por perdas e danos, poderá, sem consentimento dos demais, publicá-la ou

autorizar-lhe a publicação, salvo na coleção de suas obras completas.

§ 1º Havendo divergência, os co-autores decidirão por maioria.

§ 2º Ao co-autor dissidente é assegurado o direito de não contribuir para as despesas de

publicação, renunciando a sua parte nos lucros, e o de vedar que se inscreva seu nome na

obra.

§ 3º Cada co-autor pode, individualmente, sem aquiescência dos outros, registrar a obra e

defender os próprios direitos contra terceiros.

Art. 33 - Ninguém pode reproduzir obra que não pertença ao domínio público, a pretexto de anotála,

comentá-la ou melhorá-la, sem permissão do autor.

Parágrafo único. Os comentários ou anotações poderão ser publicados separadamente.

Art. 34 - As cartas missivas, cuja publicação está condicionada à permissão do autor, poderão ser

juntadas como documento de prova em processos administrativos e judiciais.

Art. 35 - Quando o autor, em virtude de revisão, tiver dado à obra versão definitiva, não poderão

seus sucessores reproduzir versões anteriores.

Art. 36 - O direito de utilização econômica dos escritos publicados pela imprensa, diária ou

periódica, com exceção dos assinados ou que apresentem sinal de reserva, pertence ao editor,

salvo convenção em contrário.

Parágrafo único. A autorização para utilização econômica de artigos assinados, para

publicação em diários e periódicos, não produz efeito além do prazo da periodicidade

acrescido de vinte dias, a contar de sua publicação, findo o qual recobra o autor o seu

direito.

Art. 37 - A aquisição do original de uma obra, ou de exemplar, não confere ao adquirente qualquer

dos direitos patrimoniais do autor, salvo convenção em contrário entre as partes e os casos

previstos nesta Lei.

Art. 38 - O autor tem o direito, irrenunciável e inalienável, de perceber, no mínimo, cinco por cento

sobre o aumento do preço eventualmente verificável em cada revenda de obra de arte ou

manuscrito, sendo originais, que houver alienado.

Parágrafo único. Caso o autor não perceba o seu direito de seqüência no ato da revenda,

o vendedor é considerado depositário da quantia a ele devida, salvo se a operação for

realizada por leiloeiro, quando será este o depositário.

Art. 39 - Os direitos patrimoniais do autor, excetuados os rendimentos resultantes de sua

exploração, não se comunicam, salvo pacto antenupcial em contrário.

Art. 40 - Tratando-se de obra anônima ou pseudônima, caberá a quem publicá-la o exercício dos

direitos patrimoniais do autor.

Parágrafo único. O autor que se der a conhecer assumirá o exercício dos direitos

patrimoniais, ressalvados os direitos adquiridos por terceiros.

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Art. 41 - Os direitos patrimoniais do autor perduram por setenta anos contados de 1º de janeiro do

ano subseqüente ao de seu falecimento, obedecida a ordem sucessória da lei civil.

Parágrafo único. Aplica-se às obras póstumas o prazo de proteção a que alude o caput

deste artigo.

Art. 42 - Quando a obra literária, artística ou científica, realizada em co-autoria for indivisível, o

prazo previsto no artigo anterior será contado da morte do último dos co-autores sobreviventes.

Parágrafo único. Acrescer-se-ão aos dos sobreviventes os direitos do co-autor que falecer

sem sucessores.

Art. 43 - Será de setenta anos o prazo de proteção aos direitos patrimoniais sobre as obras

anônimas ou pseudônimas, contado de 1º de janeiro do ano imediatamente posterior ao da

primeira publicação.

Parágrafo único. Aplicar-se-á o disposto no art. 41 e seu parágrafo único, sempre que o

autor se der a conhecer antes do termo do prazo previsto no caput deste artigo.

Art. 44 - O prazo de proteção aos direitos patrimoniais sobre obras audiovisuais e fotográficas será

de setenta anos, a contar de 1º de janeiro do ano subseqüente ao de sua divulgação.

Art. 45 - Além das obras em relação às quais decorreu o prazo de proteção aos direitos

patrimoniais, pertencem ao domínio público:

I - as de autores falecidos que não tenham deixado sucessores;

II - as de autor desconhecido, ressalvada a proteção legal aos conhecimentos étnicos e

tradicionais.

Capítulo IV

Das Limitações aos Direitos Autorais

Art. 46 - Não constitui ofensa aos direitos autorais:

I - a reprodução:

a) na imprensa diária ou periódica, de notícia ou de artigo informativo, publicado em

diários ou periódicos, com a menção do nome do autor, se assinados, e da

publicação de onde foram transcritos;

b) em diários ou periódicos, de discursos pronunciados em reuniões públicas de

qualquer natureza;

c) de retratos, ou de outra forma de representação da imagem, feitos sob

encomenda, quando realizada pelo proprietário do objeto encomendado, não

havendo a oposição da pessoa neles representada ou de seus herdeiros;

d) de obras literárias, artísticas ou científicas, para uso exclusivo de deficientes

visuais, sempre que a reprodução, sem fins comerciais, seja feita mediante o

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sistema Braille ou outro procedimento em qualquer suporte para esses

destinatários;

II - a reprodução, em um só exemplar de pequenos trechos, para uso privado do copista,

desde que feita por este, sem intuito de lucro;

III - a citação em livros, jornais, revistas ou qualquer outro meio de comunicação, de

passagens de qualquer obra, para fins de estudo, crítica ou polêmica, na medida justificada

para o fim a atingir, indicando-se o nome do autor e a origem da obra;

IV - o apanhado de lições em estabelecimentos de ensino por aqueles a quem elas se

dirigem, vedada sua publicação, integral ou parcial, sem autorização prévia e expressa de

quem as ministrou;

V - a utilização de obras literárias, artísticas ou científicas, fonogramas e transmissão de

rádio e televisão em estabelecimentos comerciais, exclusivamente para demonstração à

clientela, desde que esses estabelecimentos comercializem os suportes ou equipamentos

que permitam a sua utilização;

VI - a representação teatral e a execução musical, quando realizadas no recesso familiar

ou, para fins exclusivamente didáticos, nos estabelecimentos de ensino, não havendo em

qualquer caso intuito de lucro;

VII - a utilização de obras literárias, artísticas ou científicas para produzir prova judiciária ou

administrativa;

VIII - a reprodução, em quaisquer obras, de pequenos trechos de obras preexistentes, de

qualquer natureza, ou de obra integral, quando de artes plásticas, sempre que a

reprodução em si não seja o objetivo principal da obra nova e que não prejudique a

exploração normal da obra reproduzida nem cause um prejuízo injustificado aos legítimos

interesses dos autores.

Art. 47 - São livres as paráfrases e paródias que não forem verdadeiras reproduções da obra

originária nem lhe implicarem descrédito.

Art. 48 - As obras situadas permanentemente em logradouros públicos podem ser representadas

livremente, por meio de pinturas, desenhos, fotografias e procedimentos audiovisuais.

Capítulo V

Da Transferência dos Direitos de Autor

Art. 49 - Os direitos de autor poderão ser total ou parcialmente transferidos a terceiros, por ele ou

por seus sucessores, a título universal ou singular, pessoalmente ou por meio de representantes

com poderes especiais, por meio de licenciamento, concessão, cessão ou por outros meios

admitidos em Direito, obedecidas as seguintes limitações:

I - a transmissão total compreende todos os direitos de autor, salvo os de natureza moral e

os expressamente excluídos por lei;

II - somente se admitirá transmissão total e definitiva dos direitos mediante estipulação

contratual escrita;

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III - na hipótese de não haver estipulação contratual escrita, o prazo máximo será de cinco

anos;

IV - a cessão será válida unicamente para o país em que se firmou o contrato, salvo

estipulação em contrário;

V - a cessão só se operará para modalidades de utilização já existente à data do contrato;

VI - não havendo especificações quanto à modalidade de utilização, o contrato será

interpretado restritivamente, entendendo-se como limitada apenas a uma que seja aquela

indispensável ao cumprimento da finalidade do contrato.

Art. 50 - A cessão total ou parcial dos direitos de autor, que se fará sempre por escrito, presumese

onerosa.

§ 1º Poderá a cessão ser averbada à margem do registro a que se refere o art. 19 desta

Lei, ou, não estando a obra registrada, poderá o instrumento ser registrado em Cartório de

Títulos e Documentos.

§ 2º Constarão do instrumento de cessão como elementos essenciais seu objeto e as

condições de exercício do direito quanto a tempo, lugar e preço.

Art. 51 - A cessão dos direitos de autor sobre obras futuras abrangerá, no máximo, o período de

cinco anos.

Parágrafo único. O prazo será reduzido a cinco anos sempre que indeterminado ou

superior, diminuindo-se, na devida proporção, o preço estipulado.

Art. 52 - A omissão do nome do autor, ou de co-autor, na divulgação da obra não presume o

anonimato ou a cessão de seus direitos.

Título IV

Da Utilização de Obras Intelectuais e dos Fonogramas

Capítulo I

Da Edição

Art. 53 - Mediante contrato de edição, o editor, obrigando-se a reproduzir e a divulgar a obra

literária, artística ou científica, fica autorizado, em caráter de exclusividade, a publicá-la e a

explorá-la pelo prazo e nas condições pactuadas com o autor.

Parágrafo único. Em cada exemplar da obra o editor mencionará:

I - o título da obra e seu autor;

II - no caso de tradução, o título original e o nome do tradutor;

III - o ano de publicação;

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IV - o seu nome ou marca que o identifique.

Art. 54 - Pelo mesmo contrato pode o autor obrigar-se à feitura de obra literária, artística ou

científica em cuja publicação e divulgação se empenha o editor.

Art. 55 - Em caso de falecimento ou de impedimento do autor para concluir a obra, o editor

poderá:

I - considerar resolvido o contrato, mesmo que tenha sido entregue parte considerável da

obra;

II - editar a obra, sendo autônoma, mediante pagamento proporcional do preço;

III - mandar que outro a termine, desde que consintam os sucessores e seja o fato indicado

na edição.

Parágrafo único. É vedada a publicação parcial, se o autor manifestou a vontade

de só publicá-la por inteiro ou se assim o decidirem seus sucessores.

Art. 56 - Entende-se que o contrato versa apenas sobre uma edição, se não houver cláusula

expressa em contrário.

Parágrafo único. No silêncio do contrato, considera-se que cada edição se constitui de

três mil exemplares.

Art. 57 - O preço da retribuição será arbitrado, com base nos usos e costumes, sempre que no

contrato não a tiver estipulado expressamente o autor.

Art. 58 - Se os originais forem entregues em desacordo com o ajustado e o editor não os recusar

nos trinta dias seguintes ao do recebimento, ter-se-ão por aceitas as alterações introduzidas pelo

autor.

Art. 59 - Quaisquer que sejam as condições do contrato, o editor é obrigado a facultar ao autor o

exame da escrituração na parte que lhe corresponde, bem como a informá-lo sobre o estado da

edição.

Art. 60 - Ao editor compete fixar o preço da venda, sem, todavia, poder elevá-lo a ponto de

embaraçar a circulação da obra.

Art. 61 - O editor será obrigado a prestar contas mensais ao autor sempre que a retribuição deste

estiver condicionada à venda da obra, salvo se prazo diferente houver sido convencionado.

Art. 62 - A obra deverá ser editada em dois anos da celebração do contrato, salvo prazo diverso

estipulado em convenção.

Parágrafo único. Não havendo edição da obra no prazo legal ou contratual, poderá ser

rescindido o contrato, respondendo o editor por danos causados.

Art. 63 - Enquanto não se esgotarem as edições a que tiver direito o editor, não poderá o autor

dispor de sua obra, cabendo ao editor o ônus da prova.

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§ 1º Na vigência do contrato de edição, assiste ao editor o direito de exigir que se retire de

circulação edição da mesma obra feita por outrem.

§ 2º Considera-se esgotada a edição quando restarem em estoque, em poder do editor,

exemplares em número inferior a dez por cento do total da edição.

Art. 64 - Somente decorrido um ano de lançamento da edição, o editor poderá vender, como

saldo, os exemplares restantes, desde que o autor seja notificado de que, no prazo de trinta dias,

terá prioridade na aquisição dos referidos exemplares pelo preço de saldo.

Art. 65 - Esgotada a edição, e o editor, com direito a outra, não a publicar, poderá o autor notificálo

a que o faça em certo prazo, sob pena de perder aquele direito, além de responder por danos.

Art. 66 - O autor tem o direito de fazer, nas edições sucessivas de suas obras, as emendas e

alterações que bem lhe aprouver.

Parágrafo único. O editor poderá opor-se às alterações que lhe prejudiquem os interesses,

ofendam sua reputação ou aumentem sua responsabilidade.

Art. 67 - Se, em virtude de sua natureza, for imprescindível a atualização da obra em novas

edições, o editor, negando-se o autor a fazê-la, dela poderá encarregar outrem, mencionando o

fato na edição.

Capítulo II

Da Comunicação ao Público

Art. 68 - Sem prévia e expressa autorização do autor ou titular, não poderão ser utilizadas obras

teatrais, composições musicais ou lítero-musicais e fonogramas, em representações e execuções

públicas.

§ 1º Considera-se representação pública a utilização de obras teatrais no gênero drama,

tragédia, comédia, ópera, opereta, balé, pantomimas e assemelhadas, musicadas ou não,

mediante a participação de artistas, remunerados ou não, em locais de freqüência coletiva

ou pela radiodifusão, transmissão e exibição cinematográfica.

§ 2º Considera-se execução pública a utilização de composições musicais ou líteromusicais,

mediante a participação de artistas, remunerados ou não, ou a utilização de

fonogramas e obras audiovisuais, em locais de freqüência coletiva, por quaisquer

processos, inclusive a radiodifusão ou transmissão por qualquer modalidade, e a exibição

cinematográfica.

§ 3º Consideram-se locais de freqüência coletiva os teatros, cinemas, salões de baile ou

concertos, boates, bares, clubes ou associações de qualquer natureza, lojas,

estabelecimentos comerciais e industriais, estádios, circos, feiras, restaurantes, hotéis,

motéis, clínicas, hospitais, órgãos públicos da administração direta ou indireta, fundacionais

e estatais, meios de transporte de passageiros terrestre, marítimo, fluvial ou aéreo, ou onde

quer que se representem, executem ou transmitam obras literárias, artísticas ou científicas.

§ 4º Previamente à realização da execução pública, o empresário deverá apresentar ao

escritório central, previsto no art. 99, a comprovação dos recolhimentos relativos aos

direitos autorais.

15

§ 5º Quando a remuneração depender da freqüência do público, poderá o empresário, por

convênio com o escritório central, pagar o preço após a realização da execução pública.

§ 6º O empresário entregará ao escritório central, imediatamente após a execução pública

ou transmissão, relação completa das obras e fonogramas utilizados, indicando os nomes

dos respectivos autores, artistas e produtores.

§ 7º As empresas cinematográficas e de radiodifusão manterão à imediata disposição dos

interessados, cópia autêntica dos contratos, ajustes ou acordos, individuais ou coletivos,

autorizando e disciplinando a remuneração por execução pública das obras musicais e

fonogramas contidas em seus programas ou obras audiovisuais.

Art. 69 - O autor, observados os usos locais, notificará o empresário do prazo para a

representação ou execução, salvo prévia estipulação convencional.

Art. 70 - Ao autor assiste o direito de opor-se à representação ou execução que não seja

suficientemente ensaiada, bem como fiscalizá-la, tendo, para isso, livre acesso durante as

representações ou execuções, no local onde se realizam.

Art. 71 - O autor da obra não pode alterar-lhe a substância, sem acordo com o empresário que a

faz representar.

Art. 72 - O empresário, sem licença do autor, não pode entregar a obra a pessoa estranha à

representação ou à execução.

Art. 73 - Os principais intérpretes e os diretores de orquestras ou coro, escolhidos de comum

acordo pelo autor e pelo produtor, não podem ser substituídos por ordem deste, sem que aquele

consinta.

Art. 74 - O autor de obra teatral, ao autorizar a sua tradução ou adaptação, poderá fixar prazo para

utilização dela em representações públicas.

Parágrafo único. Após o decurso do prazo a que se refere este artigo, não poderá opor-se

o tradutor ou adaptador à utilização de outra tradução ou adaptação autorizada, salvo se for

cópia da sua.

Art. 75 - Autorizada a representação de obra teatral feita em co-autoria, não poderá qualquer dos

co-autores revogar a autorização dada, provocando a suspensão da temporada contratualmente

ajustada.

Art. 76 - É impenhorável a parte do produto dos espetáculos reservada ao autor e aos artistas.

Capítulo III

Da Utilização da Obra de Arte Plástica

Art. 77 - Salvo convenção em contrário, o autor de obra de arte plástica, ao alienar o objeto em

que ela se materializa, transmite o direito de expô-la, mas não transmite ao adquirente o direito de

reproduzi-la.

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Art. 78 - A autorização para reproduzir obra de arte plástica, por qualquer processo, deve se fazer

por escrito e se presume onerosa.

Capítulo IV

Da Utilização da Obra Fotográfica

Art. 79 - O autor de obra fotográfica tem direito a reproduzi-la e colocá-la à venda, observadas as

restrições à exposição, reprodução e venda de retratos, e sem prejuízo dos direitos de autor sobre

a obra fotografada, se de artes plásticas protegidas.

§ 1º A fotografia, quando utilizada por terceiros, indicará de forma legível o nome do seu

autor.

§ 2º É vedada a reprodução de obra fotográfica que não esteja em absoluta consonância

com o original, salvo prévia autorização do autor.

Capítulo V

Da Utilização de Fonograma

Art. 80 - Ao publicar o fonograma, o produtor mencionará em cada exemplar:

I - o título da obra incluída e seu autor;

II - o nome ou pseudônimo do intérprete;

III - o ano de publicação;

IV - o seu nome ou marca que o identifique.

Capítulo VI

Da Utilização da Obra Audiovisual

Art. 81 - A autorização do autor e do intérprete de obra literária, artística ou científica para

produção audiovisual implica, salvo disposição em contrário, consentimento para sua utilização

econômica.

§ 1º A exclusividade da autorização depende de cláusula expressa e cessa dez anos após

a celebração do contrato.

§ 2º Em cada cópia da obra audiovisual, mencionará o produtor:

I - o título da obra audiovisual;

II - os nomes ou pseudônimos do diretor e dos demais co-autores;

III - o título da obra adaptada e seu autor, se for o caso;

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IV - os artistas intérpretes;

V - o ano de publicação;

VI - o seu nome ou marca que o identifique.

Art. 82 - O contrato de produção audiovisual deve estabelecer:

I - a remuneração devida pelo produtor aos co-autores da obra e aos artistas intérpretes e

executantes, bem como o tempo, lugar e forma de pagamento;

II - o prazo de conclusão da obra;

III - a responsabilidade do produtor para com os co-autores, artistas intérpretes ou

executantes, no caso de co-produção.

Art. 83 - O participante da produção da obra audiovisual que interromper, temporária ou

definitivamente, sua atuação, não poderá opor-se a que esta seja utilizada na obra nem a que

terceiro o substitua, resguardados os direitos que adquiriu quanto à parte já executada.

Art. 84 - Caso a remuneração dos co-autores da obra audiovisual dependa dos rendimentos de

sua utilização econômica, o produtor lhes prestará contas semestralmente, se outro prazo não

houver sido pactuado.

Art. 85 - Não havendo disposição em contrário, poderão os co-autores da obra audiovisual utilizarse,

em gênero diverso, da parte que constitua sua contribuição pessoal.

Parágrafo único. Se o produtor não concluir a obra audiovisual no prazo ajustado ou não

iniciar sua exploração dentro de dois anos, a contar de sua conclusão, a utilização a que se

refere este artigo será livre.

Art. 86 - Os direitos autorais de execução musical relativos a obras musicais, lítero-musicais e

fonogramas incluídos em obras audiovisuais serão devidos aos seus titulares pelos responsáveis

dos locais ou estabelecimentos a que alude o § 3º do art. 68 desta Lei, que as exibirem, ou pelas

emissoras de televisão que as transmitirem.

Capítulo VII

Da Utilização de Bases de Dados

Art. 87 - O titular do direito patrimonial sobre uma base de dados terá o direito exclusivo, a

respeito da forma de expressão da estrutura da referida base, de autorizar ou proibir:

I - sua reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo;

II - sua tradução, adaptação, reordenação ou qualquer outra modificação;

III - a distribuição do original ou cópias da base de dados ou a sua comunicação ao público;

IV - a reprodução, distribuição ou comunicação ao público dos resultados das operações

mencionadas no inciso II deste artigo.

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Capítulo VIII

Da Utilização da Obra Coletiva

Art. 88 - Ao publicar a obra coletiva, o organizador mencionará em cada exemplar:

I - o título da obra;

II - a relação de todos os participantes, em ordem alfabética, se outra não houver sido

convencionada;

III - o ano de publicação;

IV - o seu nome ou marca que o identifique.

Parágrafo único. Para valer-se do disposto no § 1º do art. 17, deverá o participante

notificar o organizador, por escrito, até a entrega de sua participação.

Título V

Dos Direitos Conexos

Capítulo I

Disposições Preliminares

Art. 89 - As normas relativas aos direitos de autor aplicam-se, no que couber, aos direitos dos

artistas intérpretes ou executantes, dos produtores fonográficos e das empresas de radiodifusão.

Parágrafo único. A proteção desta Lei aos direitos previstos neste artigo deixa intactas e

não afeta as garantias asseguradas aos autores das obras literárias, artísticas ou

científicas.

Capítulo II

Dos Direitos dos Artistas Intérpretes ou Executantes

Art. 90 - Tem o artista intérprete ou executante o direito exclusivo de, a título oneroso ou gratuito,

autorizar ou proibir:

I - a fixação de suas interpretações ou execuções;

II - a reprodução, a execução pública e a locação das suas interpretações ou execuções

fixadas;

III - a radiodifusão das suas interpretações ou execuções, fixadas ou não;

IV - a colocação à disposição do público de suas interpretações ou execuções, de maneira

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que qualquer pessoa a elas possa ter acesso, no tempo e no lugar que individualmente

escolherem;

V - qualquer outra modalidade de utilização de suas interpretações ou execuções.

§ 1º Quando na interpretação ou na execução participarem vários artistas, seus direitos

serão exercidos pelo diretor do conjunto.

§ 2º A proteção aos artistas intérpretes ou executantes estende-se à reprodução da voz e

imagem, quando associadas às suas atuações.

Art. 91 - As empresas de radiodifusão poderão realizar fixações de interpretação ou execução de

artistas que as tenham permitido para utilização em determinado número de emissões, facultada

sua conservação em arquivo público.

Parágrafo único. A reutilização subseqüente da fixação, no País ou no exterior, somente

será lícita mediante autorização escrita dos titulares de bens intelectuais incluídos no

programa, devida uma remuneração adicional aos titulares para cada nova utilização.

Art. 92 - Aos intérpretes cabem os direitos morais de integridade e paternidade de suas

interpretações, inclusive depois da cessão dos direitos patrimoniais, sem prejuízo da redução,

compactação, edição ou dublagem da obra de que tenham participado, sob a responsabilidade do

produtor, que não poderá desfigurar a interpretação do artista.

Parágrafo único. O falecimento de qualquer participante de obra audiovisual, concluída ou

não, não obsta sua exibição e aproveitamento econômico, nem exige autorização adicional,

sendo a remuneração prevista para o falecido, nos termos do contrato e da lei, efetuada a

favor do espólio ou dos sucessores.

Capítulo III

Dos Direitos dos Produtores Fonográficos

Art. 93 - O produtor de fonogramas tem o direito exclusivo de, a título oneroso ou gratuito,

autorizar-lhes ou proibir-lhes:

I - a reprodução direta ou indireta, total ou parcial;

II - a distribuição por meio da venda ou locação de exemplares da reprodução;

III - a comunicação ao público por meio da execução pública, inclusive pela radiodifusão;

IV - (VETADO)

V - quaisquer outras modalidades de utilização, existentes ou que venham a ser

inventadas.

Art. 94 - Cabe ao produtor fonográfico perceber dos usuários a que se refere o art. 68, e

parágrafos, desta Lei os proventos pecuniários resultantes da execução pública dos fonogramas e

reparti-los com os artistas, na forma convencionada entre eles ou suas associações.

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Capítulo IV

Dos Direitos das Empresas de Radiodifusão

Art. 95 - Cabe às empresas de radiodifusão o direito exclusivo de autorizar ou proibir a

retransmissão, fixação e reprodução de suas emissões, bem como a comunicação ao público, pela

televisão, em locais de freqüência coletiva, sem prejuízo dos direitos dos titulares de bens

intelectuais incluídos na programação.

Capítulo V

Da Duração dos Direitos Conexos

Art. 96 - É de setenta anos o prazo de proteção aos direitos conexos, contados a partir de 1º de

janeiro do ano subseqüente à fixação, para os fonogramas; à transmissão, para as emissões das

empresas de radiodifusão; e à execução e representação pública, para os demais casos.

Título VI

Das Associações de Titulares de Direitos de Autor

e dos que lhes são Conexos

Art. 97 - Para o exercício e defesa de seus direitos, podem os autores e os titulares de direitos

conexos associar-se sem intuito de lucro.

§ 1º É vedado pertencer a mais de uma associação para a gestão coletiva de direitos da

mesma natureza.

§ 2º Pode o titular transferir-se, a qualquer momento, para outra associação, devendo

comunicar o fato, por escrito, à associação de origem.

§ 3º As associações com sede no exterior far-se-ão representar, no País, por associações

nacionais constituídas na forma prevista nesta Lei.

Art. 98 - Com o ato de filiação, as associações tornam -se mandatárias de seus associados para a

prática de todos os atos necessários à defesa judicial ou extrajudicial de seus direitos autorais,

bem como para sua cobrança.

Parágrafo único. Os titulares de direitos autorais poderão praticar, pessoalmente, os atos

referidos neste artigo, mediante comunicação prévia à associação a que estiverem filiados.

Art. 99 - As associações manterão um único escritório central para a arrecadação e distribuição,

em comum, dos direitos relativos à execução pública das obras musicais e lítero-musicais e de

fonogramas, inclusive por meio da radiodifusão e transmissão por qualquer modalidade, e da

exibição de obras audiovisuais.

§ 1º O escritório central organizado na forma prevista neste artigo não terá finalidade de

lucro e será dirigido e administrado pelas associações que o integrem.

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§ 2º O escritório central e as associações a que se refere este Título atuarão em juízo e

fora dele em seus próprios nomes como substitutos processuais dos titulares a eles

vinculados.

§ 3º O recolhimento de quaisquer valores pelo escritório central somente se fará por

depósito bancário.

§ 4º O escritório central poderá manter fiscais, aos quais é vedado receber do empresário

numerário a qualquer título.

§ 5º A inobservância da norma do parágrafo anterior tornará o faltoso inabilitado à função

de fiscal, sem prejuízo das sanções civis e penais cabíveis.

Art. 100 - O sindicato ou associação profissional que congregue não menos de um terço dos

filiados de uma associação autoral poderá, uma vez por ano, após notificação, com oito dias de

antecedência, fiscalizar, por intermédio de auditor, a exatidão das contas prestadas a seus

representados.

Título VII

Das Sanções às Violações dos Direitos Autorais

Capítulo I

Disposição Preliminar

Art. 101 - As sanções civis de que trata este Capítulo aplicam-se sem prejuízo das penas cabíveis.

Capítulo II

Das Sanções Civis

Art. 102 - O titular cuja obra seja fraudulentamente reproduzida, divulgada ou de qualquer forma

utilizada, poderá requerer a apreensão dos exemplares reproduzidos ou a suspensão da

divulgação, sem prejuízo da indenização cabível.

Art. 103 - Quem editar obra literária, artística ou científica, sem autorização do titular, perderá para

este os exemplares que se apreenderem e pagar-lhe-á o preço dos que tiver vendido.

Parágrafo único. Não se conhecendo o número de exemplares que constituem a edição

fraudulenta, pagará o transgressor o valor de três mil exemplares, além dos apreendidos.

Art. 104 - Quem vender, expuser a venda, ocultar, adquirir, distribuir, tiver em depósito ou utilizar

obra ou fonograma reproduzidos com fraude, com a finalidade de vender, obter ganho, vantagem,

proveito, lucro direto ou indireto, para si ou para outrem, será solidariamente responsável com o

contrafator, nos termos dos artigos precedentes, respondendo como contrafatores o importador e o

distribuidor em caso de reprodução no exterior.

Art. 105 - A transmissão e a retransmissão, por qualquer meio ou processo, e a comunicação ao

público de obras artísticas, literárias e científicas, de interpretações e de fonogramas, realizadas

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mediante violação aos direitos de seus titulares, deverão ser imediatamente suspensas ou

interrompidas pela autoridade judicial competente, sem prejuízo da multa diária pelo

descumprimento e das demais indenizações cabíveis, independentemente das sanções penais

aplicáveis; caso se comprove que o infrator é reincidente na violação aos direitos dos titulares de

direitos de autor e conexos, o valor da multa poderá ser aumentado até o dobro.

Art. 106 - A sentença condenatória poderá determinar a destruição de todos os exemplares ilícitos,

bem como as matrizes, moldes, negativos e demais elementos utilizados para praticar o ilícito civil,

assim como a perda de máquinas, equipamentos e insumos destinados a tal fim ou, servindo eles

unicamente para o fim ilícito, sua destruição.

Art. 107 - Independentemente da perda dos equipamentos utilizados, responderá por perdas e

danos, nunca inferiores ao valor que resultaria da aplicação do disposto no art. 103 e seu

parágrafo único, quem:

I - alterar, suprimir, modificar ou inutilizar, de qualquer maneira, dispositivos técnicos

introduzidos nos exemplares das obras e produções protegidas para evitar ou restringir sua

cópia;

II - alterar, suprimir ou inutilizar, de qualquer maneira, os sinais codificados destinados a

restringir a comunicação ao público de obras, produções ou emissões protegidas ou a

evitar a sua cópia;

III - suprimir ou alterar, sem autorização, qualquer informação sobre a gestão de direitos;

IV - distribuir, importar para distribuição, emitir, comunicar ou puser à disposição do público,

sem autorização, obras, interpretações ou execuções, exemplares de interpretações

fixadas em fonogramas e emissões, sabendo que a informação sobre a gestão de direitos,

sinais codificados e dispositivos técnicos foram suprimidos ou alterados sem autorização.

Art. 108 - Quem, na utilização, por qualquer modalidade, de obra intelectual, deixar de indicar ou

de anunciar, como tal, o nome, pseudônimo ou sinal convencional do autor e do intérprete, além

de responder por danos morais, está obrigado a divulgar-lhes a identidade da seguinte forma:

I - tratando-se de empresa de radiodifusão, no mesmo horário em que tiver ocorrido a

infração, por três dias consecutivos;

II - tratando-se de publicação gráfica ou fonográfica, mediante inclusão de errata nos

exemplares ainda não distribuídos, sem prejuízo de comunicaç ão, com destaque, por três

vezes consecutivas em jornal de grande circulação, dos domicílios do autor, do intérprete e

do editor ou produtor;

III - tratando-se de outra forma de utilização, por intermédio da imprensa, na forma a que se

refere o inciso anterior.

Art. 109 - A execução pública feita em desacordo com os art. 68, 97, 98 e 99 desta Lei sujeitará os

responsáveis a multa de vinte vezes o valor que deveria ser originariamente pago.

Art. 110 - Pelo violação de direitos autorais nos espetáculos e audições públicas, realizados nos

locais ou estabelecimentos a que alude o art. 68, seus proprietários, diretores, gerentes,

empresários e arrendatários respondem solidariamente com os organizadores dos espetáculos.

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Capítulo III

Da Prescrição da Ação

Art. 111 - (VETADO)

Título VIII

Disposições Finais e Transitórias

Art. 112 - Se uma obra, em conseqüência de ter expirado o prazo de proteção que lhe era

anteriormente reconhecido pelo § 2º do art. 42 da Lei nº 5.988, de 14 de dezembro de 1973, caiu

no domínio público, não terá o prazo de proteção dos direitos patrimoniais ampliado por força do

art. 41 desta Lei.

Art. 113 - Os fonogramas, os livros e as obras audiovisuais sujeitar-se-ão a selos ou sinais de

identificação sob a responsabilidade do produtor, distribuidor ou importador, sem ônus para o

consumidor, com o fim de atestar o cumprimento das normas legais vigentes, conforme dispuser o

regulamento.

Art. 114 - Esta Lei entra em vigor cento e vinte dias após sua publicação.

Art. 115 - Ficam revogados as arts. 649 a 673 e 1.346 a 1.362 do Código Civil e as Leis nºs 4.944,

de 6 de abril de 1966; 5.988, de 14 de dezembro de 1973, excetuando-se o art. 17 e seus §§ 1º e

2º; 6.800, de 25 de junho de 1980; 7.123, de 12 de setembro de 1983; 9.045, de 18 de maio de

1995, e demais disposições em contrário, mantidos em vigor as Lei nºs 6.533, de 24 de maio de

1978 e 6.615, de 16 de dezembro de 1978.

Brasília, 19 de fevereiro de 1998; 177º da Independência e 110º da República.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

Francisco Weffort

(D.O.U. de 20.02.98, Seção I)

Izabel Bento
Enviado por Izabel Bento em 15/08/2008
Reeditado em 19/05/2009
Código do texto: T1130278
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